Dividendos em dólar em 2025? Essas empresas pagam proventos recorrentes há 50 anos

Há companhias do S&P 500 que distribuem lucro aos acionistas de forma regular há muitos anos; embora investir nelas seja uma espécie de hedge cambial, é bom observar a tributação

Lucas Gabriel Marins

(Foto: Karolina Grabowska/Pexels)
(Foto: Karolina Grabowska/Pexels)

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Difícil encontrar um investidor que não goste de dividendos. Afinal, os proventos geram renda passiva, mesmo quando os preços das ações caem, e ainda são isentos de imposto de renda (IR). Agora, já pensou ganhar também dividendos em dólar, pagos de forma consistente por empresas consolidadas nos Estados Unidos? É possível também.

Por lá, há um grupo de 66 companhias que distribuem lucro aos acionistas há pelo menos 25 anos, aumentando regularmente o valor pago. Essas companhias oferecem uma combinação de renda passiva em dólar e potencial de valorização de capital. Eles são chamadas de dividend aristocrats – ou dividendos aristocráticos, na tradução para o português.

“As empresas comprometidas com o crescimento de dividendos geralmente demonstram estabilidade financeira e fluxos de caixa robustos, o que tende a se traduzir em fornecer renda confiável. Além disso, seus dividendos crescentes historicamente muitas vezes ultrapassaram a inflação, ajudando a preservar o poder de compra”, escreveram Wenli Bill Hao e Rupert Watts, diretor e head do setor de dividendos e fatores S&P Dow Jones Indices, em relatório publicado neste mês.

De 2000 a 2023, o S&P 500 dividend aristocrats – índice que reúne essas “vacas leiteiras americanas” – registrou um crescimento anual composto de 5,18% nos pagamentos em moeda da Terra do Tio Sam. Esse desempenho superou a inflação média anual de 2,51% do país no mesmo período, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor (CPI), segundo o relatório.

Dentro desse grupo seleto, há tanto empresas desconhecidas como conhecidas dos brasileiros. Além disso, algumas delas ultrapassaram a marca de 25 anos de distribuição regular de dividendos em dólar e já depositam proventos regulares há mais de cinco décadas.

Veja abaixo 5 dessas companhias, o dividend yield (taxa de pagamento somente com proventos) de cada uma e a classificação dos analistas.

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Becton Dickinson & Co (B1DX34)

É uma das maiores empresas de tecnologia médica do mundo, atuando principalmente no desenvolvimento, na fabricação e na venda de dispositivos usados por profissionais de saúde. Paga dividendos de forma consistente há 53 anos. O dividend yield médio dos últimos 5 anos foi de 1,6%. Dos analistas consultados pela FactSet, 12 classificam a ação como buy (compra), 4 como overweight (acima do peso) e 3 como hold (manter).

Coca-Cola (COCA34)

É uma ação permanente na carteira do megainvestidor Warren Buffett. Paga proventos de forma regular há 62 anos, e tem uma taxa média de distribuição de proventos de 2,3% nos últimos cinco anos. A empresa teve um lucro líquido de US$ 2,85 bilhões no terceiro trimestre de 2024, abaixo dos US$ 3,09 bilhões do mesmo período de 2023. Dos 25 analistas que acompanham o papel, 16 classificam como compra, 2 como overweight e 7 como hold.

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Colgate Palmolive (COLG34)

A multinacional de cuidados pessoais, limpeza e nutrição animal distribui proventos de maneira regular há 63 anos, com um dividend yiel médio anual de 1,9%. Entre os analistas que acompanham a empresa, 12 classificam o papel como compra, 1 como acima do peso e 9 como hold. A companhia registrou US$ 5,03 bilhões de receita no terceiro trimestre, um crescimento anual de 2,4%.

Genuine Parts (G1PC34)

Não tão conhecida pelos brasileiros como as empresas anteriores, é uma companhia fornecedora de serviços de peças de reposição automotivas e industriais. Paga dividendos crescentes há 68 anos. Entre as firmas citadas nesta lista, é a com maior dividend yield médio nos últimos cinco anos: 2,8%. Seu último balanço não agradou muito o mercado – o lucro ajustado ficou em US$ 1,88, 30% abaixo do consenso de US$ 2,42. Entre analistas, 4 classificam a ação como buy, 2 overweight e 9 hold.

Dover Corp (D1OV34)

É um conglomerado norte-americano que fabrica produtos industriais. Neste ano, impulsionada pelo otimismo dos investidores, a ação da Dover atingiu sua máxima histórica, de US$ 204,93. A firma distribui lucro de forma consistente para os acionistas há 69 anos. Seu dividend yield médio anual é de 0,9%. Segundo analistas consultados pelo FactSet, 10 classificam o papel como buy, 2 como overweight e 7 como hold.

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Vantagens e desvantagens

Os especialistas destacam que investir em ações que pagam dividendos em dólar oferece alguns benefícios, como diversificação geográfica e geração de renda em uma moeda forte e valorizada frente ao real. “Pode servir como um hedge cambial, já que o valor das ações e dos dividendos está atrelado à performance da moeda estrangeira, e isso pode ser vantajoso em momentos de desvalorização do real”, disse Bruno Rocio, CFP, assessor de investimentos da Raro Investimentos.

Por outro lado, há algumas desvantagens, e a principal é a tributação, segundo Daniel Teles, especialista da Valor Investimentos. “Diferentemente do Brasil, onde os dividendos são isentos de IR, nos Estados Unidos eles são tributados, com uma alíquota de 30% (diretamente na fonte). Isso pode pesar para quem adota essa estratégia de investimento”, falou.

Além disso, vale lembrar que quando investidor investe em ações gringas, precisa pagar IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) e outras taxas para plataformas locais que oferecem acesso às bolsas americanas.

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Na hora de investir, o investidor também deve acompanhar de perto as empresas escolhidas, recomenda Rocio. “Isso porque a decisão de distribuir dividendos pode mudar ao longo do tempo. Em momentos de crise ou necessidade de retenção de caixa, as empresas podem reduzir ou suspender o pagamento de dividendos, impactando a expectativa de retorno”.