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Na contramão de muitos FIIs de recebíveis – que reduziram dividendos por causa do atual cenário de deflação – o Átrio Reit (ARRI11) manteve o patamar de rendimentos nos últimos meses e encerrará outubro com o maior dividend yield (taxa de retorno com dividendos) entre os principais fundos imobiliários da Bolsa. O percentual foi de 1,56% no mês.
Os dados são da Economatica, plataforma de informações financeiras, e tomam como base os fundos imobiliários que compõem o Ifix – índice que reúne os FIIs mais líquidos da B3.
Todas as carteiras já anunciaram as distribuições de dividendos previstas para este mês. A última foi o BTG Pactual Terras Agrícolas (BTRA11), que pagará R$ 0,80 por cota no dia 31 de outubro, acima dos R$ 0,70 de setembro. O repasse deste mês equivale a um dividend yield de 0,88%. Na semana passada, o fundo anunciou um novo inquilino para o terreno em Nova Maringá (MT) – antiga fazenda Vianmancel – e já havia sinalizado com a possibilidade de elevar os dividendos este mês.
Dos 108 fundos monitorados, 32 tiveram em outubro dividend yield acima de 1% no mês. O número é inferior aos 40 registrados em setembro e aos 47 de agosto – período em que ainda estava em vigor a antiga carteira teórica do Ifix, com 106 FIIs, dois a menos do que a atual.
No início do mês, o Átrio Reit Recebíveis (ARRI11) distribuiu R$ 0,14 por cota, equivalente a um retorno mensal de 1,56%. O percentual é o maior para o mês, de acordo com os dados da Economatica.
Confira a lista dos dez maiores pagadores de outubro:
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Ticker | Fundo | Setor | Retorno com dividendos – outubro (%)* |
ARRI11 | Átrio Reit Recebíveis | Títulos e Val. Mob. | 1,56 |
CACR11 | Cartesia Recebíveis Imobiliários | Títulos e Val. Mob. | 1,54 |
RZAK11 | Riza Akin | Títulos e Val. Mob. | 1,43 |
NCHB11 | NCH High Yield | Títulos e Val. Mob. | 1,42 |
VGIR11 | Valora RE | Títulos e Val. Mob. | 1,29 |
URPR11 | Urca Prime Renda | Títulos e Val. Mob. | 1,27 |
TGAR11 | TG Ativo Real | Desenvolvimento | 1,26 |
OUJP11 | Ourinvest JPP | Títulos e Val. Mob. | 1,24 |
PLCR11 | Plural Recebiveis Imobiliarios | Híbrido | 1,22 |
MCHF11 | Mauá Capital Hedge Fund | Títulos e Val. Mob. | 1,20 |
Fonte: Economatica
O Alianza Trust Renda Imobiliária (ALZR11) – que distribuiu superdividendo e foi destaque da lista dos maiores pagadores em setembro – depositou este mês R$ 0,79 por cota, equivalente a um retorno mensal com dividendos de 0,66%, contra 4,81% de setembro.
O Brazilian Graveyard And Death Care (CARE11) segue como único FII do Ifix que não têm distribuído dividendos. Primeiro fundo do segmento de cemitérios, a carteira chegou a ficar cinco anos sem pagar proventos, até julho de 2020, após a venda de um dos ativos do portfólio. O último repasse da carteira ocorreu em setembro de 2021.
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Átrio Reit Recebíveis, o maior dividend yield de outubro entre os FIIs
Destaque de outubro, o Átrio Reit Recebíveis é um FII de “papel”, que investe em títulos de renda fixa do setor imobiliário atrelados a índices de inflação e à taxa do CDI (certificado de depósito interbancário).
O patrimônio líquido atual do fundo totaliza R$ 108 milhões, sendo que os certificados recebíveis imobiliários (CRI) representam hoje 94,63% do portfólio. A carteira ainda tem uma parte alocada (4,29%) em cotas de outros FIIs.
Em relação aos CRI, grande parte (80%) está indexada ao Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). 12,52% dos títulos estão atrelados ao IGP-M (Índice Geral de Preços – Mercado) e o restante, à taxa do CDI.
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De acordo com a equipe de gestão, o ganho de capital auferido nas operações – venda de CRIs – tem ajudado a manter estável a distribuição de dividendos, mesmo com o IPCA negativo nos últimos meses – que afetaria a receita da carteira.
Além disso, o fundo diz contar com uma reserva equivalente a R$ 0,08 por cota – recurso referente a resultados passados e ainda não distribuídos aos cotistas. O montante também deve ajudar o FII a manter o mesmo patamar de distribuições nos próximos meses.
Dividendos dos FIIs de “papel” caem forte com deflação
Diferentemente do que ocorre com o Átrio Reit Recebíveis, boa parte dos FIIs de “papel” tem reduzido o volume de dividendos distribuídos aos cotistas neste atual cenário de deflação.
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Em setembro, o IPCA fechou com uma taxa negativa de 0,29%, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em outubro. Foi o terceiro mês consecutivo de deflação. Em agosto, o indicador ficou em -0,36% e, em julho, -0,68%. Os números não são nada bons para parte dos fundos imobiliários.
Quando indexadores como o IPCA sobem, a receita do fundo cresce e o dividendo distribuído aos cotistas pode ser elevado. A dinâmica explica os rendimentos turbinados dos FIIs de recebíveis nos últimos anos, em que houve forte elevação de juros e da inflação. Quando o indexador cai, porém, a receita do fundo encolhe – e a redução pode influenciar nos dividendos pagos aos investidores.
Levantamento do InfoMoney mostrou que nos três meses de deflação, entre julho e setembro, alguns FIIs reduziram o repasse de rendimentos em até 88%.
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Apesar do susto, analistas como Fernando Siqueira e Caio Ventura, da Guide Investimentos, afirmam que o pior para os FIIs de “papel” já passou.
“Após três meses de deflação, os impactos tornaram-se bastante evidentes, resultando em uma diminuição significativa do dividend yield [taxa de retorno com dividendos dos fundos]”, diz o relatório, assinado pelos analistas Fernando Siqueira e Caio Ventura. “Atualmente, baseado na expectativa de retorno do IPCA ao campo positivo nos próximos meses, acreditamos que o pior tenha passado para os fundos de papel”, avaliam os analistas em recente relatório da corretora.
Leia mais:
- FII de “papel” blindado da deflação? Como identificar os fundos com dividendos protegidos do IPCA negativo
- Tiago Reis vai às compras: “Meu interesse pelos FIIs de papel aumentou” mesmo com deflação, diz CEO da Suno
FIIs que mais pagaram dividendos nos últimos 12 meses
No acumulado dos últimos 12 meses, o Riza Akin (RZAK11) segue como dono do melhor dividend yield entre os fundos imobiliários do Ifix. No período, a carteira ostenta uma taxa de retorno com dividendos de 19,67%. Na sequência, aparecem o Riza Arctium Real Estate (ARCT11) e o NCH High Yield (NCHB11) com taxas de 17,30% e 17,03%, respectivamente. Confira a lista completa:
Ticker | Fundo | Setor | Retorno com dividendos – 12 meses (%)* |
RZAK11 | Riza Akin | Títulos e Val. Mob. | 19,67 |
ARCT11 | Riza Arctium Real Estate | Híbrido | 17,30 |
NCHB11 | NCH High Yield | Títulos e Val. Mob. | 17,03 |
VGHF11 | Valora Hedge Fund | Títulos e Val. Mob. | 16,90 |
CACR11 | Cartesia Recebíveis Imobiliários | Títulos e Val. Mob. | 16,80 |
ARRI11 | Átrio Reit Recebíveis | Títulos e Val. Mob. | 16,72 |
URPR11 | Urca Prime Renda | Títulos e Val. Mob. | 16,49 |
AFHI11 | AF Invest Cri | Títulos e Val. Mob. | 16,31 |
OUJP11 | Ourinvest JPP | Títulos e Val. Mob. | 16,10 |
PORD11 | Polo Recebiveis | Títulos e Val. Mob. | 15,83 |
Fonte: Economatica – 21/10/2022
Com patrimônio de R$ 318 milhões, o Riza Akin (RZAK11) investe predominantemente em certificados de recebíveis imobiliários (CRI), que respondem atualmente por 84,3% da carteira.
Atualmente, 60,2% dos títulos estão indexados à taxa do CDI (certificado de depósito interbancário) e 39,8% ao Índice de Preços ao Consumidor Amplo, o IPCA, conforme aponta relatório gerencial do fundo divulgado em setembro.
No relatório gerencial, a equipe de gestão do Riza Akin manifesta visão positiva para uma maior alocação em títulos indexados à taxa do CDI, que acompanha a taxa básica de juros da economia, a Selic, mantida em 13,75% ao ano na reunião de setembro do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, após 12 elevações consecutivas.
Em outubro, o fundo depositou R$ 1,45 por cota, equivalente a um retorno mensal de 1,40%, percentual abaixo apenas do apresentado pelo Cartesia Recebíveis Imobiliários (CACR11) e do destaque do mês, o Átrio Reit (ARRI11).
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