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O crédito privado brasileiro vive seu ano de ouro em 2024. As emissões de debêntures somaram R$ 206,7 bilhões no primeiro semestre e atingiram o maior patamar da série histórica para esse intervalo. Após mudanças nos CRIs, CRAs, LCIs e LCAs, os investidores passaram a procurar ainda mais as debêntures incentivadas, o que contribuiu para a queda dos prêmios na comparação com os títulos públicos. Mesmo assim, gestores defendem a atratividade da classe.
Na Expert XP, Pierre Jadoul, diretor de crédito privado da ARX Investimentos, disse ter dúvidas se os spreads caíram mais do que deveriam, mas deixa claro que, agora, “o ponto de equilíbrio é diferente, será mais baixo e NTN-B + 0,8 ponto percentual ficou no passado” – ou seja, títulos de empresas que pagam IPCA + 5,80% ao ano enquanto o Tesouro IPCA+ tem juro real de 5% serão cada vez mais raros.
Para ele, “as mudanças sempre geram exageros” e o movimento acontece enquanto os investidores buscam alternativas às LCIs e LCAs.
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Com as empresas buscando o mercado de crédito privado para financiar suas operações e a demanda forte, o mercado vem se desenvolvendo rapidamente, o que justifica o otimismo com gestores para o longo prazo. “O mercado secundário (que possibilita negociações de compra e venda com outros investidores) cresceu demais, são mais de R$ 1 bilhão de debêntures negociadas diariamente”, pontua Daniela Gamboa, head de crédito privado e imobiliário da SulAmérica Investimentos. Ela ainda destaca o papel dos fundos de investimento: “temos mais gestores, mais casas e estilos distintos operando o mesmo mercado”, o que permite ao investidor acessar a estratégia que mais combina com seu objetivo.
Mas o otimismo não significa ausência de desafios. A XP Asset espera um ciclo de altas que eleve a Selic para 12,50% ao ano, o que “vai pesar na dívida das empresas”, conclui Fábio de Oliveira, gestor de renda fixa e crédito privado da casa. O especialista recomenda “fugir das empresas mais endividadas”, por enquanto.
Na estratégia de crédito privado da XP Asset, os ativos bancários, como LCIs, LCAs e CDBs estão na primeira prateleira, quando o assunto é segurança. Depois, papéis emitidos por empresas de energia, saneamento e rodovias por serem reguladas e “muito seguras em crédito. Comprar papéis dessas áreas geralmente significa mais liquidez, o que permite ao investidor sair mais rapidamente da aplicação, se precisar.
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Para proteger ainda mais a carteira, os investidores ainda podem escolher ativos mais curtos e considerar o aumento da parcela de ativos indexados ao IPCA. “O brasileiro investe muito em CDI e pouco em IPCA, uma diversificação faz sentido, já que vamos entrar em um ciclo de aperto monetário, negativo para o crédito”, diz Oliveira.
Os gestores ainda concluem dizendo que a carteira do investidor brasileiro precisa ter sempre um espaço para o crédito privado (e outras classes), independentemente do ciclo econômico. “Estamos passando por um ótimo momento (no crédito privado), mas não classifico como modismo, temos produtos atrativos o suficiente para sempre ter espaço nos portfólios”, diz Gamboa.
Jadoul concorda criticando a postura de investidores que “querem achar a bola da vez ao invés de focar na construção de um portfólio aderente às suas necessidades e perfil de risco; é preciso ter sempre uma carteira diversificada”.