Debêntures livres de IR estancam “sangria” nos spreads após aperto em títulos isentos

Queda dos spreads teve pausa no mês de abril, em meio à sequência de alto volume de emissões, segundo levantamento do Bradesco BBI

Paulo Barros

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Após um período de queda na esteira do aperto do governo à emissão de títulos isentos de Imposto de Renda, os spreads (taxa paga além dos títulos públicos equivalentes) das debêntures incentivadas apresentou estabilidade no mercado secundário em abril.

Segundo levantamento do Bradesco BBI, o spread de crédito médio desse tipo de debênture, que é livre de IR pra o investidor pessoa física, sobre NTN-Bs de referência ficou estável em 0,26%, ao levar em conta uma cesta de 61 debêntures incentivadas com rating AAA indexadas ao IPCA. Spreads ficaram no zero a zero também em 179 títulos com remuneração atrelada ao CDI com vencimento a partir de 2026 e rating AAA.

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Por outro lado, a rentabilidade dos papéis de inflação segue em queda, mantendo fechada a janela para o investidor que deseja sair da aplicação antes do vencimento. Para um papel valorizar no secundário, vale lembrar, é preciso que sua taxa seja superior à oferecida por novos títulos.

Confira as 10 debêntures AAA atreladas ao IPCA com as melhores taxas de abril no mercado secundário:

CódigoEmissorTaxa Indicativa AtualTítulo público equivalenteSpread
AESLA5RGE Sul Distribuidora de EnergiaIPCA + 6,57NTN-B 320,27
ALGAB1Algar TelecomIPCA + 6,69NTN-B 300,45
ALGAC2Algar TelecomIPCA + 6,72NTN-B 300,48
ALGE16Aliança Geração de EnergiaIPCA + 6,60NTN-B 320,30
ALGTA4Algar TelecomIPCA + 6,84NTN-B 320,55
ALIG12Aliança Geração de EnergiaIPCA + 6,27NTN-B 270,01
ALIG13Aliança Geração de EnergiaIPCA + 6,50NTN-B 300,27
ALIG15Aliança Geração de EnergiaIPCA + 6,53NTN-B 300,30
APFD19Autopista Fernao DiasIPCA + 7,22NTN-B 290,94
APRB18Autopista Regis Bittencourt SAIPCA + 7,06NTN-B 290,79
Fonte: Bradesco BBI

O movimento de estabilidade nos spreads se deu apesar de uma alta substancial na curva de juros nos últimos 30 dias, ressalta o Bradesco BBI, diante nas mudanças de expectativas do mercado no último mês acerca do momento em que o Federal Reserve (Fed, banco central americano) irá começar o ciclo de cortes de juros nos Estados Unidos.

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A casa também destaca turbulência no lado fiscal brasileiro, com a mudança da meta de superavit primário para o ano de 2025, que gerou preocupações quanto a credibilidade do arcabouço fiscal e contribuiu para a alta dos juros futuros.

A acomodação dos spreads também veio acompanhada de um volume menor de emissões de debêntures em abril. Ainda assim, a quantidade se manteve alta, com 47 emissões que somaram R$ 37 bilhões, 11% a menos que em março, que registrou R$ 15 bilhões em captações incentivadas. Analistas do banco dizem que os números ajudam ilustrar “a resiliente demanda por esses papéis isentos”.

O prazo médio dentre todas as séries emitidas no mês foi de 8,3 anos, acima dos 7 anos das emissões de março. “O expressivo volume de emissão em abril indica que o segundo trimestre deverá continuar resiliente e que os fundos continuam com apetite para alongar carteira e alocar em crédito privado com a captação nos primeiros meses do ano”, afirma o Bradesco BBI em relatório.

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As debêntures, incentivadas ou não, registraram R$ 77,2 bilhões em emissões no primeiro trimestre deste ano, 75% a mais do que os R$ 44,3 bilhões vistos no mesmo período de 2023.

Paulo Barros

Jornalista pela Universidade da Amazônia, com especialização em Comunicação Digital pela ECA-USP. Tem trabalhos publicados em veículos brasileiros, como CNN Brasil, e internacionais, como CoinDesk. No InfoMoney, é editor com foco em investimentos e criptomoedas