Gestores estão de olho em novo superciclo de commodities, impulsionado por “agenda verde” e incentivos na crise

Preferências da Grimper e da ASA Investments recaem sobre empresas produtoras e investimentos diretos em commodities agrícolas, cobre e crédito de carbono

Bruna Furlani

(Arte: Leonardo Albertino/InfoMoney)
(Arte: Leonardo Albertino/InfoMoney)

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SÃO PAULO – Com o olhar atento ao aumento da demanda por commodities, em um movimento que deve ser impulsionado nos próximos anos por uma agenda mais verde e por políticas públicas de apoio financeiro implementadas na pandemia, gestores estão otimistas com um novo superciclo de commodities, que não seria pontual como o movimento visto neste momento.

De olho nas oportunidades, as preferências de gestores como Sylvio Castro, CIO da Grimper Capital, e Marcio Fontes, da ASA Investments, recaem sobre empresas produtoras e investimentos diretos em commodities agrícolas, cobre e crédito de carbono.

Os dois participaram na quinta-feira (26) de painel da Expert XP sobre commodities juntamente com Tony Volpon, estrategista-chefe da Wealth High Governance (WHG) e ex-diretor do Banco Central.

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“As empresas continuam representando uma boa oportunidade para carregar, assim como a própria compra de commodities, como cobre e petróleo”, afirmou Fontes.

O gestor recomendou, contudo, cautela e ressaltou que o investidor não pode ir “com muita fome” ao buscar o setor. “Há miniciclos que podem te jogar pra fora, caso o investidor vá com muita fome […]. Tem que ficar atento ao timing [momento certo] por causa das oscilações.”

Castro contou que estava com posições compradas (que apostam na alta de preços) em crédito de carbono, cobre e em empresas atreladas a commodities agrícolas, sem mencionar nomes. E também fez um alerta a quem deseja entrar no mercado.

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“Quando olhamos as empresas produtoras de commodities, temos a impressão que elas negociam a múltiplos baratos, mas é difícil ter certeza se o múltiplo vai mudar, porque a produção envolve poluir e o mundo deve pagar menos prêmio por isso”, afirmou.

Outro ponto de atenção, segundo o CIO da Grimper Capital, é que essas companhias são conhecidas como cíclicas e podem ter movimentos muito bruscos de acordo com o crescimento ou o recuo das economias. Por isso, ele recomenda ao investidor balancear adequadamente o tamanho da posição para enfrentar eventuais riscos.

Novo ciclo mais duradouro

No evento, os gestores indicaram que um novo superciclo de commodities deve começar em breve impulsionado por políticas fiscais de assistência a famílias mais pobres, assim como uma agenda focada na transição para uma economia mais verde e maior tendência de desglobalização.

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“É uma demanda global que vem da sociedade e que vai ser a grande agenda das próximas décadas. É um ciclo que tem maior sustentação. Essa é a grande diferença [do ciclo atual]”, destacou Volpon, da WGH.

Castro, da Grimper Capital, ressaltou que os programas de política fiscal adotados por governos na pandemia têm ajudado famílias desfavorecidas a terem uma renda mais alta, o que deve contribuir para um aumento da demanda por commodities agrícolas.

Além disso, para o CIO, as mudanças climáticas vão exigir um “enorme esforço” em termos de políticas públicas em todo o mundo para diminuir o preço das energias renováveis, o que deve levar a uma expansão da demanda por metais básicos.

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Também com uma agenda mais “verde” em mente, Volpon afirmou que a sociedade vai precisar investir em commodities para renovar toda a matriz energética e industrial disponível hoje. E indicou que a conjunção de uma demanda mais alta por commodities agrícolas, com a falta de oferta e uma agenda mais verde devem levar a um período de preços mais altos.

A visão foi compartilhada por Fontes, da ASA Investment, que citou ainda que uma tendência de desglobalização deve atuar juntamente com essa mudança de agenda e de práticas assistencialistas para impulsionar um novo ciclo de alta nos preços das commodities.

Ele afirmou que, diante da crise imposta pela Covid, empresas tiveram que investir para melhorar a infraestrutura das cadeias de produção em função do fechamento das fronteiras, e que esses investimentos podem ficar cada vez mais frequentes no pós-pandemia, com reflexo especialmente sobre commodities metálicas.

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“O mundo pós-pandêmico pode ter certa desglobalização. Empresas vão ter que ter mais produção local e flexibilidade de produção”, afirmou.

Com relação à posição do Brasil nesse cenário de alta de commodities, o estrategista-chefe da WHG disse ver no país uma vantagem comparativa natural em termos de produção de minério, por exemplo, e com capacidade para aumentar a oferta no setor agrícola.

Com isso, Volpon assinala que o país está em uma posição favorável para usufruir de um eventual superciclo de commodities, embora precise fazer sua parte. “O superciclo pode ajudar, mas precisamos fazer o dever de casa para ajudar.”

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