Criptomoedas ainda têm futuro? Apesar de fragilidade, classe pode estar próxima de ponto de virada

Mesmo com desinteresse de investidores, projetos nascentes seguem crescendo e pintando cenário promissor para quem suporta as flutuações de preço

Paulo Barros

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As criptomoedas abriram o ano em alta após um 2022 que deu calafrios em quem tinha exposição ao setor, mas voltaram a arrefecer diante da expectativa renovada de que os juros americanos ficarão altos por mais tempo. Ainda assim, analistas que acompanham a classe de ativos alertam: o horizonte mostra pontos de virada à espreita, e o investidor precisa estar atento.

Do lado do Bitcoin (BTC), que acumula valorização de quase 60% em 2023, paira a expectativa por um novo evento de corte da inflação da moeda, chamado de halving, programado para o começo do ano que vem. Apesar da incerteza em torno do cenário macroeconômico e o efeito sobre ativos de risco até lá, há a esperança de que a moeda digital repetirá, ainda que em menor grau, as valorizações exponenciais vistas nas últimas quatro ocasiões.

As dúvidas maiores, no entanto, recaem sobre os ativos menores, chamados altcoins, que são ainda mais voláteis, mas costumam oferecer o maior potencial de ganhos para o investidor que tem estômago forte para suportar as flutuações.

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Segundo analistas, esse projetos nascentes vivem um momento de transição, com olhos no que se chama de interoperabilidade entre blockchains, termo usado para denominar as soluções que visam integrar criptomoedas diferentes. Espera-se que esses ativos, que hoje são contidos em sistemas fechados, em breve se comuniquem melhor entre si.

“As blockchains de segunda camada contribuíram para reduzir de forma significativa os custos de transação na rede Ethereum e o desenvolvimento de soluções de interoperabilidade entre diferentes redes”, destaca Guilherme Pimenta, gestor do fundo Block3 Ativos Digitais, da Órama Singular

Um desses projetos de interoperabilidade é o Chainlink, cujo token LINK disparou 10% na segunda-feira (18) em reação ao otimismo com uma nova parceria selada com a rede de comunicação interbancária Swift, com o objetivo de estimular a adoção de ativos tokenizados, explica Tom Couture, analista da Fundstrat.

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A sobrevivência de criptos de menor valor de mercado é encarada como evidência de que a classe de ativos não deverá ter apenas o Bitcoin como representante, o que justificaria o olhar do investidor para o mercado como um todo, buscando oportunidades de exposição mais diversificada.

“Cripto e blockchain são muito maiores que o Bitcoin. Se o Bitcoin se transformar em uma plataforma de smart contracts (contratos inteligentes) tão poderosa quanto o Ethereum, vai haver novas aplicações e novos criptoativos surgindo em cima do Bitcoin — e será possível diversificar [dentro da classe de ativos] com base essa expectativa”, explicou o diretor de investimentos da Hashdex, Samir Kerbage, em entrevista recente ao InfoMoney.

Segundo Pimenta, da Órama, os próximos anos trazem perspectivas para as criptos por conta também de fatores regulatórios, com o avanço da agenda de normatização do setor nos Estados Unidos, em cenário “que pode ser acelerado pela eleição americana ou pelo fim dos litígios judiciais” abertos pela CFTC e SEC, órgãos que supervisionam o mercado de capitais americano.

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O mercado também aposta na aprovação do primeiro ETF com exposição direta ao Bitcoin nos EUA. Após intensa corrida iniciada pela BlackRock, que pediu listagem de um fundo do tipo no país, a decisão dos reguladores para liberação ou não deve ficar para 2024.

“As perspectivas para os próximos anos são bastante positivas, com uma confluência de fatores que podem beneficiar o setor no longo prazo”, ressalta o gestor do fundo Block3.

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Paulo Barros

Editor de Investimentos