CPI pode convocar ex-deputado Arthur do Val por suposto elo com pirâmide financeira

Ex-deputado estadual por São Paulo gravou vídeo elogiando empresa que aplicou golpe no Brasil

Paulo Barros

Arthur do Val na Ucrânia (Reprodução-Instagram)
Arthur do Val na Ucrânia (Reprodução-Instagram)

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O ex-deputado estadual por São Paulo Arthur do Val, que teve mandato cassado em 2022 por quebra de decoro após comentários sexistas sobre mulheres ucranianas, pode ser convocado pela Comissão Parlamentar de Inquérito das pirâmides financeiras.

O deputado federal Paulo Bilynskyj (PL/SP) apresentou na quarta-feira (2) um requerimento para que Do Val seja convocado para depor na CPI na condição de investigado.

Segundo documento, o objetivo é obter do ex-parlamentar esclarecimentos acerca das suspeitas de envolvimento em fraudes com investimentos em criptomoedas praticadas pela empresa Atlas Quantum.

“Arthur Moledo do Val, conhecido por seu canal no YouTube ‘Mamaefalei’, publicou, no início do ano de 2018, um vídeo em suas redes sociais divulgando a empresa Atlas Quantum”, afirma Bilynskyj no requerimento.

O vídeo mencionado no pedido de convocação mostra Arthur do Val estimulando seguidores a a aderirem ao negócio fraudulento. Ele chama o pessoal envolvido de “maravilhoso” e recomenda abertura de conta na plataforma.

O requerimento ainda será levado para aprovação da CPI antes de ser oficializado.

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Nesta semana, também por ligação com a Atlas Quantum, a Comissão aprovou requerimento de Bilynskyj convocando a atriz e apresentadora Tatá Werneck, o ator Cauã Reymond e o apresentador Marcelo Tas.

Os três participaram de campanhas de publicidade da Atlas, algo que, na visão do parlamentar, teve o “poder de influenciar e induzir milhares de pessoas a acreditarem na empresa”.

O que é Atlas Quantum

A Atlas Quantum foi fundada em maio de 2018 por Rodrigo Marques dos Santos e Fabrício Spiazzi Sanfelice Cutis, em São Paulo. Na época, eles diziam ter um suposto robô de arbitragem, chamado “Quantum”, capaz de realizar compra e venda automática de Bitcoin (BTC) entre diferentes exchanges, sempre com lucro. A operação, no entanto, era um esquema de pirâmide financeira.

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Em 2019, a Atlas suspendeu saques de clientes após ser alvo de uma stop order da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). O negócio passou então a ser alvo de centenas de processos judiciais em todo o Brasil. Só em São Paulo, segundo dados do Projudi, são 730 ações civis.

Algumas pessoas conseguiram reaver parte do dinheiro, mas a maioria ainda espera uma ação da Justiça — os processos estão em curso.

Estima-se que a Atlas Quantum tenha causado prejuízo de até R$ 7 bilhões a 200 mil pessoas.

Paulo Barros

Jornalista pela Universidade da Amazônia, com especialização em Comunicação Digital pela ECA-USP. Tem trabalhos publicados em veículos brasileiros, como CNN Brasil, e internacionais, como CoinDesk. No InfoMoney, é editor com foco em investimentos e criptomoedas