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Corte da Selic diminui diferencial de juros entre Brasil e EUA: é hora de migrar para a renda fixa americana?

Taxas no mercado americano estão no maior patamar em cerca de 15 anos

Ana Paula Ribeiro

(Shutterstock)
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O início do processo de redução da taxa Selic no Brasil dá mais força para quem já tem investimentos no exterior ou quer dar início à internacionalização da carteira. E para quem quer renda fixa nos Estados Unidos, agora é a oportunidade de garantir uma taxa de rendimento em dólar que é a maior em 15 anos.

“Um ciclo de juros em queda no Brasil vai deixando o investimento no exterior, incluindo renda fixa, mais atraente. São níveis de taxas de juros nos Estados Unidos que fazem sentido”, diz Mario Maia Nevares, sócio responsável por investimentos internacionais na G5 Partners. “O Fed [Federal Reserve, banco central americano] até pode fazer mais uma alta de juros lá, mas a maior parte do trabalho já foi feito”.

Aqui no Brasil, o Banco Central reduziu a taxa básica em 0,50 ponto percentual, para 13,25% ao ano, nesta quarta-feira (2). E são esperadas novas reduções até o final do ano. Já nos Estados Unidos, a taxa está na faixa entre 5,25% a 5,50% ao ano, com uma probabilidade pequena de mais uma alta ainda em 2023. Ao contrário do BC brasileiro, no entanto, o Fed só deve começar a cortar os juros a partir de 2024.

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Nevares lembra que a Selic em um patamar elevado tira a atratividade de outros investimentos, no Brasil e no exterior, mas que o processo de redução contribui para que o investidor passe a olhar outras alternativas. No entanto, ressalta que a internacionalização da carteira tem benefícios independente do diferencial entre os juros no Brasil e no exterior.

“É uma opção sob a ótica de diversificação, de acesso a novos mercados, de exposição a setores diferentes e a ativos que ainda não existem no Brasil. É uma forma de o investidor não correr só o risco Brasil, mas claro que os juros em queda estimulam o investidor a pensar em outras fontes de retorno”, conta.

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Na avaliação do especialista da G5, o início da queda de juros nos Estados Unidos irá depender do quanto a inflação irá ceder. Enquanto isso não acontece, os títulos do Tesouro americano de dois anos estão pagando cerca de 4,9% ao ano e os de dez, cerca de 4,2%.

Esses rendimentos podem ser maiores caso o investidor tome mais risco, investindo em bonds corporativos, que podem ser grau de investimento (melhores notas de crédito) ou do mercado chamado de “high yield“, de maiores retornos (e riscos).

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“A depender do prazo do papel, o investidor vai capturar essa taxa de juros que está em um patamar elevado por mais tempo. Mas é preciso lembrar que é quase tudo prefixado, ou seja, se os juros subiram, esses papéis vão sofrer uma variação negativa por conta da marcação à mercado”, destaca.

Nota de crédito

Rodrigo Moliterno, responsável por renda variável da Veedha Investimento, afirma que para quem já tem uma parte da carteira internacionalizada ou já tomou a decisão de fazer esse processo, a renda fixa americana acaba sendo atrativa no momento.

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“No mercado acionário, os múltiplos [relações entre diferentes variáveis utilizadas para comparar empresas] já voltaram a subir, com os investidores comprando a ideia de que não vai ter recessão nos Estados Unidos. Nesse cenário, compensa ter uma parcela da carteira internacional em renda variável e uma outra em renda fixa, para aproveitar o último momento de juros elevados”, diz.

Ele reforça, no entanto, que é preciso um diferencial de juros menor entre Brasil e Estados Unidos para uma aceleração mais forte no interesse do brasileiro em investir no exterior.

Para quem está aumentando a alocação em renda fixa nos Estados Unidos ou dando os primeiros passos, também é importante ficar atento à volatilidade de curto prazo do mercado, causada pela redução da nota de crédito dos Estados Unidos pela agência de avaliação de risco Fitch. A nota caiu de AAA para AA+ (grau de investimento).

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“As ramificações de curto prazo para os EUA de um rebaixamento da classificação de crédito são relativamente pequenas. Os investidores ainda percebem que os EUA têm uma forte disposição e capacidade de cumprir suas obrigações”, avaliou, em relatório, Roger Hallam, chefe global de renda fixa da Vanguard.