SÃO PAULO – O melhor fundo multimercado do país, segundo o ranking InfoMoney-Ibmec, é o Itaú Equity Hedge. O fundo investe principalmente em ações por meio de operações conhecidas como Long & Short – os gestores montam posições compradas e vendidas e ganham com as arbitragens entre cada uma delas.
O fundo RPS Total Return D30, segundo colocado no ranking, também é um Long & Short, mas um pouco mais ‘apimentado’, já que tem posições direcionais – explicamos os detalhes deste tipo de operação ao longo da matéria sobre o fundo. Já o terceiro colocado, o Itaú Hedge Plus investe em ações, juros e câmbio, tanto no Brasil quanto no exterior.
O ranking InfoMoney-Ibmec premiou os melhores fundos de investimento do país em quatro categorias: ações, multimercado, imobiliários e renda fixa crédito privado. O Ibmec desenvolveu a metodologia e analisou o retorno e também o risco dos fundos num período de três anos, com o objetivo de premiar a consistência de resultados (saiba mais sobre como foi feito o ranking).
Confira abaixo os melhores fundos multimercados do país:
Retorno em 12 meses | Retorno em 36 meses | |
1º – Itaú Equity Hedge Multimercado FICFI | 14,16% | s/d |
2º – RPS Total Return D30 FICFI Multimercado | 15,21% | 66,78% |
3º – Itaú Hedge Plus Multimercado FICFI | 15,20% | 81,97% |
O Itau Equity Hedge e o Itaú Hedge Plus ocupam a primeira e a terceira posição no ranking, respectivamente. Em comum, os fundos têm a estrutura da asset do Itaú, que há quase 15 anos iniciou um projeto de reposicionamento em meio a um cenário de juros mais baixos.
Do final de 2005 até o início de 2008, a Selic caiu de 19,5% ao ano para 11,25% a.a. “Tínhamos um projeto de longo prazo e nosso objetivo era reposicionar a gestora com uma exposição maior a ativos de risco”, afirma Marcelo Siniscalchi, diretor da Itaú Asset Management.
Se naquela época a Selic ainda na casa estava de dois dígitos, atualmente o desafio é gerar retornos para os clientes com os juros em 6,5% ao ano, o menor patamar da história. Para isso, é preciso estudar e garimpar os ativos em busca de retornos diferenciados. “Isso requer um investimento alto em research (área de análise). Temos economistas nos EUA, na Europa, além de uma equipe que trabalha com foco absoluto em suas respectivas áreas”, diz Siniscalchi.
Em 2018, ano difícil para boa parte dos multimercados, os dois fundos do Itaú entregaram resultados bem acima da média. Enquanto o IHFA (Índice de Hedge Funds Anbima, que mede o desempenho dos fundos multimercados no país) valorizou 6,8%, equivalente a 110% do CDI, o Itaú Equity Hedge Multimercado FICFI ganhou 15,27% e o Itaú Hedge Plus, 15,77%.
Entre os dois, a principal diferença é que o Equity Hedge é focado no mercado acionário por meio da estratégia Long & Short, enquanto o Hedge Plus também tem posições macro, como juros e moedas – tanto nacionais quanto internacionais.
Fundos do tipo Long & Short são conhecidos por buscarem lucro por meio da arbitragens entre pares de ações. Enquanto monta uma posição comprada em algum papel, o gestor inicia uma posição vendida em outra ação que possa ter alguma relação de arbitragem com o ativo comprado.
No caso do Itaú, o fundo é neutro. Isso quer dizer que as operações são casadas de modo que a exposição financeira líquida nunca seja maior do que 5%. Na prática, isso significa que o fundo precisa montar uma posição comprada do mesmo tamanho da vendida, fazendo que sua exposição líquida fique sempre neutralizada.
No ano passado, o fundo ganhou principalmente com posições compradas em empresas do setor elétrico, além de alimentos e bebidas – eles não comentam casos individuais. Para este ano, a aposta está nas ações que se beneficiam da recuperação econômica do país.
“Acreditamos em empresas de setores cíclicos – como os de consumo, imobiliário e industrial”, afirma Eduardo Toledo, portfolio specialist da Itaú Asset Management. Já as posições vendidas são avaliadas individualmente, independentemente do setor em que a empresa atua.
A expectativa em relação ao novo governo é positiva, mas o sucesso da equipe econômica depende de um maior equilíbrio fiscal – que só será atingido com a aprovação de reformas, especialmente da Previdência “Estamos otimistas com as reformas e achamos que vai ser um ano de valorização dos preços dos ativos”, finaliza Siniscalchi.
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Na segunda posição do ranking, o RPS Total Return é um fundo Long & Short direcional – ou seja, os gestores podem ficar com exposição líquida de até 50% em posições compradas ou vendidas. Com uma equipe de sete pessoas na área de gestão, capitaneadas pelo CIO (chefe da área de investimentos, na sigla em inglês) Paolo Di Sora, a RPS foca suas atenções em uma análise top down macro setorial.
Isso quer dizer que muito antes de analisar qualquer empresa individualmente, a equipe busca entender e encontrar oportunidades avaliando o cenário macro e os setores da economia. “Procuramos entender os drivers de crescimento de cada setor. Analisamos temas específicos e focamos as nossas teses principalmente em setor contra setor”, explica Luiz Aires, responsável pela área de relações com investidores da gestora.
Além disso, a RPS tem um controle de risco baseado em uma política rígida de stop loss (controle de perdas) em todas as suas posições. Isso significa que o gestor estabelece um limite de perdas e se determinado ativo atingi-lo a posição (comprada ou vendida) é imediatamente desfeita. “Focamos os investimentos em ativos de alta liquidez, o que possibilita executarmos nossa política de gestão de riscos de forma rigorosa”.
Em 2018, o fundo começou o ano com posições mais cautelosas por conta das incertezas eleitorais. “Montamos uma carteira defensiva para fugir um pouco do risco Brasil”, afirma Di Sora. Antes das eleições o Total Return focou em empresas exportadoras, que ganhavam em caso da alta do dólar – a exemplo de Fibria e Suzano. Fez a coisa certa, já que a moeda norte-americana registrou forte alta nos primeiros meses de 2018.
Assim que o pleito foi definido, empresas estatais como Banco do Brasil, Cemig e Eletrobras entraram no radar e ajudaram o fundo a obter uma rentabilidade de 16,4% em 2018, equivalente a 256% do CDI.
Além delas, a ação da CPFL também contribuiu para o bom rendimento. “Este foi um caso específico em que analisamos mais a empresa do que o próprio setor (conhecida como análise bottom up). Achamos que a empresa estava barata e decidimos comprar”, afirma o CIO. O preço do papel passou de R$ 22 em fevereiro para R$ 27 em dezembro do ano passado.
Para 2019, a aposta continua em empresas estatais como Banco do Brasil, Eletrobras e Cemig. “Devemos ter uma diminuição do tamanho do Estado”, diz o CIO, referido-se às possíveis privatizações que estão no radar do governo.
Empresas cíclicas domésticas dos setores de aviação, construtoras e shoppings também devem se beneficiar da nova fase do país e estão na carteira do fundo na posição long (comprada). Já na ponta short (vendida) eles deixam empresas de setores que tendem a aproveitar com menos intensidade a melhora na economia.
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