SÃO PAULO – Nem só do lucro (ou da perda) gerado pela compra e venda de ações vive o mercado financeiro. Boa parte dos investidores estão menos preocupados com o vaivém dos papéis e mais de olho nos dividendos pagos pelas empresas periodicamente.
E a estratégia pode estar, inclusive, rendendo mais frutos. A julgar pelo desempenho do índice de dividendos, o resultado tem sido favorável. O Idiv acumula valorização de 15,08% em 2019 até o fim de maio, enquanto o Ibovespa avança 10,40%.
O indicador do desempenho médio dos ativos que se destacaram em termos de remuneração dos investidores, sob a forma de dividendos e juros sobre o capital próprio, registra ganho de 168,2% desde 2016, também acima da valorização de 123,8% do Ibovespa.
E quais ações deveriam compor a carteira de investidores interessados em garantir hoje uma renda periódica, a partir da distribuição de lucros das empresas?
Levantamento do InfoMoney com dez casas de análise (XP, Rico, Santander, Guide, Coinvalores, Necton, Ágora, Elite, Planner e Terra) mostra que a principal escolha recai sobre os papéis da Itaúsa (ITSA4).
Com cinco menções, a holding controladora do Itaú pagou dividend yield (indicador que mostra a relação entre o dividendo pago por ação e a cotação atual do papel) de 11,24% nos últimos 12 meses.
Dentre as ações que compõem o Ibovespa, o resultado, que incorpora dividendos e juros sobre capital próprio (JCP), fica atrás apenas da BR Distribuidora (BRDT3), que lidera o ranking das pagadoras de dividendos, com um dividend yield de 14,72%, de acordo com dados da Economatica.
Entre as justificativas para a escolha de Itaúsa, a Santander Corretora destaca o mix de geração de caixa defensivo do Itaú, no qual apenas um terço do resultado consolidado parte de novas concessões de crédito. O restante seria proveniente das áreas de tesouraria, seguros, previdência e cartões, entre outros, o que é tido como positivo em um cenário de atraso da recuperação econômica, como o atual.
Segundo a Rico Investimentos, ITSA4 tem recorrentemente distribuído uma porcentagem maior de proventos que o próprio Itaú (seja via bonificação ou por dividendos), em grande parte devido ao desconto em torno de 25% que as ações da holding possuem.
Na sequência das recomendações aparecem IRB (IRBR3) e MRV (MRVE3), com quatro recomendações cada. Segundo a Guide Corretora, IRB se destaca pela sólida estrutura acionária; a posição dominante no mercado de resseguros brasileiros; o forte desempenho no mercado de seguros nos últimos anos; e níveis confortáveis de liquidez e alavancagem financeira.
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Confira a seguir quais são as maiores pagadoras de dividendos em 12 meses e o dividend yield acumulado nos últimos três anos. Vale lembrar, contudo, que retorno passado não é garantia de rentabilidade futura.
Nome | Ticker | Dividend yield em 12 meses | Dividend yield em 36 meses |
BR Distribuidora | BRDT3 | 14,72% | – |
Itaúsa | ITSA4 | 11,24% | 38,03% |
BB Seguridade | BBSE3 | 11,17% | 22,92% |
Telefônica | VIVT4 | 11,15% | 23,66% |
Taesa | TAEE11 | 10,64% | 32,49% |
Engie Brasil | EGIE3 | 9,93% | 24,87% |
Eletrobras | ELET6 | 9,21% | 24,90% |
Itaú Unibanco | ITUB4 | 9,01% | 31,96% |
Cemig | CMIG4 | 8,73% | 29,14% |
Banco do Brasil | BBAS3 | 8,40% | 25,58% |
Fonte: Economatica
Melhores fundos de dividendos
Gestores de fundos de dividendos também estão colhendo os frutos de suas posições na estratégia. É o caso do XP Dividendos, da XP Asset Management, que ficou entre os melhores fundos de ações de maio, com alta de 3,56%. No ano, o fundo acumula ganhos de 18,5% e, em 12 meses, de 43,6%.
À performance, Marcos Peixoto, cogestor do fundo, credita o desempenho de duas de suas principais posições, mantidas na carteira: Sanepar (SAPR4) e Qualicorp (QUAL3), com valorizações de 32,4% e 55,31%, respectivamente, neste ano até maio.
Gustavo Kataguiri, gestor da Vinci Partners, também tem SAPR4 no portfólio de dividendos. “É um ativo com uma boa previsibilidade, potencial de crescimento e boa geração de caixa”, diz.
No ano até maio, o fundo Vinci Gas Seleção Dividendos tem retorno de 14,5%, um dos melhores da categoria. Em três anos, a rentabilidade é de 61,2%.
O gestor destaca ainda Geração Paranapanema (GEPA3) na carteira: “É uma holding de hidrelétricas que, mesmo em anos difíceis, como o atual, tem um pagamento de dividendos elevados.”
Olhando para frente, Kataguiri vê uma continuação do destaque das boas pagadoras de dividendos, principalmente com um maior consenso de mercado sobre novos cortes na Selic. “Com juros abaixo de 6%, é possível encontrar nessas empresas retornos reais acima de 10% e um dividend yield acima do CDI”, afirma.
Peixoto concorda, e afirma que empresas pagadoras de dividendos costumam reagir mais fortemente à queda dos juros, por serem companhias mais estáveis, conservadores e previsíveis. “Tem espaço para a curva de juros fechar ainda mais e, com as perspectivas de inflação bem baixas, o cenário tende a favorecer essas empresas.”
Confira a seguir o desempenho dos melhores fundos de dividendos em 2019 até maio, bem como sua trajetória nos últimos 12 e 36 meses. Para o levantamento, foram excluídos fundos exclusivos e com menos de 100 cotistas.
Fundo | Retorno em 2019 | Retorno em 12 meses | Retorno em 3 anos |
XP Dividendos FIA | 18,48% | 43,56% | 93,16% |
XP Dividendos 30 FC FIA | 17,96% | 42,25% | – |
BB Ações Divid. Midcaps Private FC FI | 17,08% | 24,38% | 67,82% |
BB Ações Dividendos Midcaps FC FI | 16,66% | 23,22% | 63,31% |
Icatu Vanguarda Dividendos FIA | 15,80% | 41,31% | 92,08% |
Vinci Gas Dividendos FIA | 14,47% | 31,59% | 61,20% |
Bradesco H FIA Dividendos | 14,46% | 35,31% | 105,99% |
Caixa FICA Ações Valor Dividendos | 14,39% | 33,53% | 64,06% |
Banrisul Dividendos FIA | 14,34% | 30,94% | 121,72% |
JMalucelli Marlim Dividendos FIA | 14,24% | 19,12% | 74,46% |
Ibovespa | 10,40% | 26,42% | 100,18% |
Idiv | 15,08% | 37,08% | 129,57% |
Fonte: Economatica
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