Compre tecnologia nos EUA e venda Bolsa no Brasil: a receita de grandes gestores de fundos multimercados

Márcio Appel, da Adam, Carlos Woelz, da Kapitalo, e Felipe Guerra, da Legacy, participaram de painel da Expert XP nesta quinta-feira (26)

Lucas Bombana

(Arte: Leonardo Albertino/InfoMoney)
(Arte: Leonardo Albertino/InfoMoney)

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SÃO PAULO – O investidor interessado nas melhores alternativas disponíveis hoje no mercado deveria centrar seu foco nas oportunidades globais, em especial nas empresas de tecnologia dos Estados Unidos, e ter uma dose bem maior de cautela com a Bolsa local.

Essa ao menos foi a percepção transmitida por três grandes gestores de fundos multimercados – Márcio Appel, da Adam Capital, Carlos Woelz, da Kapitalo, e Felipe Guerra, da Legacy – durante painel da Expert XP na manhã desta quinta-feira (26), que se reflete em portfólios muito mais construtivos com o cenário internacional do que com os ativos domésticos.

“Nesse momento, vemos um nível de oportunidade no mercado americano como não víamos há muito tempo”, afirmou Márcio Appel, sócio fundador e CEO da Adam Capital.

Segundo ele, diante do nível acelerado de crescimento tanto da economia americana quanto do lucro das grandes empresas de tecnologia do país, o risco dos multimercados está nos maiores patamares desde 2016, quando a gestora iniciou suas atividades, de modo a tirar proveito das oportunidades em profusão. “Hoje é quase impossível perder dinheiro com essas companhias”, afirmou Appel, em referência às big techs americanas. “Na dúvida, compre bolsa americana”, defendeu o especialista.

O impulso que a pandemia deu para os negócios digitais ainda está bem longe de estar adequadamente refletido nos preços, avaliou o gestor da Adam, que citou como maior risco no radar eventos geopolíticos não mapeados.

Sócio fundador e CIO da Legacy Capital, Felipe Guerra disse compactuar com a visão positiva para os mercados internacionais, com destaque para teses seculares de investimento nos Estados Unidos e na Europa, em setores como e-commerce, marketing digital, mídias sociais, meios de pagamento e biotecnologia.

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O risco de aperto monetário pelo Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) não é, na visão do CIO da Legacy, motivo para alarme por parte do investidor. Se os juros americanos de fato subirem é porque a economia dos Estados Unidos estará indo de vento em popa e as ações vão estar em preços ainda mais altos, prevê Guerra.

“As grandes oportunidades estão no cenário externo”, afirmou o CIO, acrescentando que vê a Ásia com um pouco mais de preocupação no fronte global, em meio ao risco de desaceleração de crescimento da China.

Carlos Woelz, sócio fundador da Kapitalo, por sua vez, afirmou que também tem acompanhado com atenção as notícias que vêm do Oriente, mas com vistas a aproveitar a volatilidade para entrar em ativos de alta qualidade a níveis atrativos.

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Woelz disse ainda que, na gestora, a carteira dos multimercados está hoje com o risco um pouco abaixo da média histórica, frente aos sinais de redução no ritmo de crescimento das grandes economias, mas que, assim como os pares, também vê com bons olhos nomes de tecnologia como Facebook e Google, além de teses globais de caráter cíclico.

Brasil

Já quando o tema passou para as oportunidades que os gestores enxergam no mercado brasileiro, o tom da conversa foi outro.

Appel, da Adam, disse que carrega já tem bastante tempo ações de apenas duas empresas locais, da Petrobras (PETR3;PETR4) e da Vale (VALE3), por entender que estão em preços excessivamente descontados, e disse não ver mais nada que lhe desperte interesse na Bolsa brasileira. “O Brasil vem diminuindo sua previsibilidade”, afirmou Appel, que fez menção ao risco político com as eleições de 2022.

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Guerra, da Legacy, afirmou que carrega ações da Petrobras nos portfólios dos multimercados, por avaliar como o ativo mais barato do mercado local, mas não os papéis da Vale, em meio às incertezas sobre o crescimento chinês e seu impacto para a cotação do minério de ferro.

Quanto ao resto da Bolsa local, o CIO da Legacy também se mostrou bem pouco animado. “Em geral, quando os juros sobem, favorecem a moeda e desfavorecem a Bolsa”, afirmou Guerra. Segundo ele, uma combinação vendida (que ganha com a queda) no dólar e na Bolsa brasileira, em um horizonte de 12 a 18 meses, tem grandes chances de entregar retornos polpudos.

Já o sócio da Kapitalo explicou que cerca de dois terços do risco dos multimercados macro está no mercado local, sendo boa parte dessa alocação em apostas vendidas em ações. “Estamos bastante pessimistas com setores mais ligados à demanda interna”, disse Woelz.

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