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Os BDRs (Brazilian Depositary Receipts), ativos disponíveis na B3 que permitem investir em empresas estrangeiras sem precisar mandar dinheiro para fora do País, voltaram a chamar a atenção nos últimos meses em meio à disparada dos índices acionários dos Estados Unidos, onde está a maior parte dos emissores.
Segundo analistas do Itaú BBA, a expectativa para outubro é que o índice de BDRs da B3, o BDRX, renove sua máxima histórica. Mas, e quando se trata do investimento com foco em renda?
As BDRs podem, sim, pagar dividendos, mas eles funcionam de forma diferente dos proventos de ações comuns, e envolvem custos adicionais – começando pelos impostos, sejam no Brasil ou retidos lá fora. Veja a seguir como funcionam as distribuições de BDRs, quais são os tributos e taxas incidentes, e em que casos a aplicação é recomendada para uma estratégia de rendimentos.
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Como receber dividendo de BDR
As BDRs pagam dividendos conforme a política da empresa. Ao contrário do Brasil, onde a Lei das S.A. obriga o repasse a acionistas em caso de lucro, nos EUA as companhias são livres para definir sua estratégia. Por isso, nem toda BDR paga dividendos.
Leia mais: Veja os BDRs que mais distribuíram dividendos nos últimos 12 meses
Há IR sobre dividendo de BDR?
Ao contrário de dividendos de ações brasileiras, os proventos de BDRs sofrem incidência de Imposto de Renda, na fonte ou no Brasil, dependendo do país emissor.
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A regra geral determina que o investidor recolha mensalmente IR sobre os dividendos dos BDRs por meio do “carnê-leão”, com base na tabela progressiva mensal, que prevê alíquotas de zero a 27,5%.
No entanto, se o investidor terá que recolher ou não, dependerá do país onde a empresa pagadora está sediada. Empresas dos EUA, por exemplo, já retêm 30% sobre o valor distribuído na fonte – e, como o país tem acordo de reciprocidade com o Brasil, não é preciso pagar de novo.
No entanto, especialistas recomendam lançar os valores recebidos no carnê-leão mensalmente, para que possa compensar o valor devido na declaração de ajuste anual e, assim, evitar problemas com o fisco.
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Outros custos envolvidos
Além disso, com o valor em dividendos é convertido para reais antes do repasse ao detentor do BDR, há incidência de IOF sobre a operação de câmbio.
Aplica-se ainda um terceiro custo, que não é imposto, mas também ajuda a abocanhar uma parcela do provento: as taxas do banco custodiante, que vão de 3% a 5%.
Como é feito o pagamento de dividendo de BDR?
A boa notícia é que o dividendo de BDR é creditado na conta do investidor líquido dos impostos retidos no exterior, do IOF e da taxa do custodiante.
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Veja como ficaria o recebimento de US$ 1.000 em dividendos de uma empresa americana por meio de BDR no Brasil:
Dividendo bruto | US$ 1.000,00 |
Imposto | 30% |
Valor líquido após imposto | US$ 700 |
Conversão para Reais* | R$ 3.643,61 |
*Considera câmbio a R$ 5,50, IOF de 0,38% e taxa de custodiante de 5%
BDR ou ação lá fora?
Os custos envolvidos no repasse de dividendos por BDRs podem assustar, mas eles também existem no processo de aquisição direta da ação estrangeira lá fora. No lugar da taxa de custodiante entra o spread da corretora, que varia entre 1% e 3%. O imposto retido na fonte, no caso de ações americanas, se mantém.
A comparação do valor final recebido pelo investidor em proventos vai depender, portanto, do spread aplicado pela corretora internacional, e do tamanho da taxa de custódia do BDR.
Mas, como os proventos pagos são normalmente na casa dos centavos de dólar, a diferença tende a ser pequena, mesmo no longo prazo. Simulação realizada pelo planejador financeiro Marlon Glaciano mostra que uma aplicação de R$ 5 mil em ações da Nvidia em cinco anos renderia R$ 142,49 após todas as taxas. Já um investimento igual em BDRs resultaria em R$ 123,70 líquidos.
BDR ou ação brasileira?
Investir em BDR pensando em dividendos pode empolgar o investidor iniciante, mas é preciso balizar as expectativas.
Entre BDRs de países emergentes é possível encontrar companhias que paguem mais que Petrobras (PETR3, PETR4) e Branco do Brasil (BBAS3), mas a realidade não costuma ser a mesma para os papéis de empresas americanas, que são conhecidas por não serem boas pagadoras de proventos.
Muitas pagam regularmente e de forma crescente, mas o montante distribuído anualmente fica bem atrás das maiores “vacas leiteiras” da Bolsa.
Por esse motivo, a decisão de aplicar em BDRs deve mirar uma estratégia de diversificação: apesar de os dividendos pingarem na conta em reais, vêm de uma fonte pagadora em dólares.
“Essa diversificação ajudará a suavizar os impactos da volatilidade cambial e de possíveis riscos específicos de cada empresa”, explica Fábio Murad, sócio da Ipê Investimentos, que menciona como boa prática iniciar a carteira com pelo menos 15 a 20 BDRs de diferentes setores e regiões. “Além disso, é crucial acompanhar de perto as condições macroeconômicas e ajustar sua carteira conforme necessário para otimizar o desempenho e mitigar riscos”, completa.
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