Publicidade
O quadro que se pinta para 2025 na macroeconomia do Brasil é, no mínimo, desafiador, segundo profissionais do meio financeiro. Juros altos, inflação maior, desaceleração econômica e exterior incerto. Em meio a esta tempestade (nada perfeita), como escolher investimentos em ativos brasileiros?
Renda fixa parece a resposta óbvia, porém, o segredo está no não óbvio para o time de research da XP. Em entrevista coletiva nesta quarta-feira (4) para a apresentação do relatório “Onde Investir em 2025”, os especialistas afirmaram que os fundamentos das empresas brasileiras estão muito bons e que, embora a visão para ações seja neutra, as oportunidades em Bolsa são relevantes.
Baixe aqui gratuitamente o relatório Onde Investir em 2025 da XP
O pós-fixado, que é a escolha mais recorrente em momentos de alta dos juros, não é a opção número um da casa, que reserva essa alocação para posições líquidas, como reservas de emergência. A preferência é por títulos de inflação, que atualmente oferecem retornos reais acima de 7% além da proteção contra a deterioração do valor do dinheiro.
Não desista do Ibovespa
“É muito mais divertido ganhar dinheiro em bull market, mas não é esse o mundo que vivemos agora. O cenário que se desenha é de um risco maior, mas com retornos mais altos”, diz Artur Wichmann, CIO da XP.
“Para conseguir melhores retornos é preciso estar confortável em um cenário desconfortável.”
A fala do diretor de investimentos da XP elucida o que será investir em ações brasileiras em 2025. O estrategista-chefe, Fernando Ferreira, detalhou o que se espera desse cenário desconfortável: Bolsa mais pressionada, menos lucro das empresas e exterior detrator.
Continua depois da publicidade
Mas são os pontos positivos que garantem os ganhos para quem estiver disposto a olhar para o futuro. Os valuations “baratos” e os fundamentos sólidos que garantem boas receitas e lucros para algumas empresas fazem com que seus valores em Bolsa sejam considerados “pechinchas” pelos analistas. O segredo é selecionar bem esses nomes e carregar essa compra sem olhar para a volatilidade no curto prazo.
Empresas geradoras de caixa, que conseguem repassar preços (proteção contra inflação), com baixo endividamento e receita dolarizada são as escolhas da XP.
No cenário macro, o time da XP espera corte de juros a partir do segundo semestre de 2025 e valorização do real em relação ao dólar (R$ 5,85 ao fim do ano), dois gatilhos que podem ajudar a Bolsa em algum momento. Além disso, embora o cenário para o Ibovespa seja desafiador, a visão base é de 145 mil pontos para o índice ao fim do próximo ano, o que representa uma valorização de 16% frente aos 126 mil pontos atuais.
Continua depois da publicidade
Nem toda renda tem valor
Em conversa com o InfoMoney logo após a entrega do pacote fiscal que bagunçou o mercado financeiro na semana passada, o head de alocação da XP, Rodrigo Sgavioli, já tinha alertado para os riscos do retorno nominal versos o retorno real, ponto que foi reafirmado na coletiva desta quarta.
Segundo Wichmann, a inflação é o maior inimigo de um gestor de portfólios, porque ela deteriora o valor do dinheiro com o tempo e se uma carteira está posicionada apenas para o retorno nominal, o acumulado de anos pode equivaler a muito pouco no futuro. Com a perspectiva de um cenário inflacionário no Brasil e nos Estados Unidos (tarifas do Trump) em 2025, a indexação escolhida pelo time da XP para alocação prioritária de renda fixa é a inflação.
“É um tema que exigiu algum debate por causa da volatilidade que esses títulos têm na marcação a mercado”, diz o CIO. “Mas é o título que mais protege em relação à inflação. A trajetória será conturbada, mas o retorno de quem carrega até o vencimento é muito bom.”
Continua depois da publicidade
Um título que está pagando IPCA+ 7% – que é a precificação atual dos títulos públicos – pode dobrar o valor investido em ganhos reais em um período de 10,3 anos, segundo os cálculos da XP. A recomendação é não alongar demais o vencimento, optando por períodos de cinco a seis anos.
Na seara do crédito privado, a seletividade deve predominar, com atenção para o endividamento das empresas emissoras e prazos de vencimento. Camila Dolle, head de renda fixa da XP, espera alguma abertura nos prêmios desses títulos em relação aos papeis do governo, mas vê riscos em um cenário de juros maiores.
“Prêmios de 7% só aconteceram em dois momentos da história recente: na crise de 2008 e na crise de 2015/16. É uma taxa elevada e muito atrativa, mas o reforço aqui é na seletividade e no carrego até o vencimento”, diz Dolle.