Commodities representam oportunidade e primeiros sinais de governo são “bipolares”, diz Parreiras, da Verde

Entre as preferências da casa estão papéis como Suzano, além de setor de óleo e gás; Guilherme Affonso Ferreira, da MOS, também participou de painel

Bruna Furlani

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A reabertura mais acelerada da China e a melhora da percepção de emergentes na visão do investidor internacional devem ajudar a trazer fluxo positivo para commodities e consequentemente, para o Brasil.

O setor é uma das preferências de Luiz Parreiras, gestor da renomada Verde Asset, para se posicionar ao longo deste ano. O executivo participou nesta terça-feira (17) de painel do Onde Investir 2023, organizado pelo InfoMoney, juntamente com Guilherme Affonso Ferreira, sócio e sênior advisor da MOS Capital.

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Para exemplificar, o gestor afirmou que está com uma posição em Suzano (SUZB3). Ao olhar para a celulose, a avaliação é que a commodity está atrativa, na visão de Parreiras.

O profissional também destaca que a empresa é bem gerida e que possui uma pegada ambiental mais forte, que pode ser uma avenida de crescimento para o Brasil nos próximos anos com um governo que se mostrou mais favorável a esse tipo de pauta nos últimos eventos.

Outro setor que está no radar do gestor são ações do setor de óleo e gás. Parreiras, porém, não detalhou os nomes preferidos.

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Já um segundo bloco seria formado por papéis mais ligados ao setor de concessões públicas (utilities), como Energisa (ENGI11), Eneva (ENEV3), Sabesp (SBSP3) e Ômega (MEGA3). “O preço está interessante e são papéis mais defensivos e menos dependentes do que vai ser melhor ou da queda de juros”, defende.

Já um terceiro bloco seria formado por ações que devem ir bem nos próximos anos, explica. Entre os nomes mais atraentes estão os papéis do Assaí (ASAI3), Grupo Mateus (GMAT3) e Cury (CURY3), que também estão sendo negociados a preços atrativos, na visão do executivo.

Ações ligadas à logística e energia com nomes como Rumo (RAIL3) e Eneva (ENEV3) também são algumas das posições presentes nas carteiras da MOS Capital, como explica Ferreira, sócio da casa.

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Para o gestor, o momento é de ficar moderado a pessimista na Bolsa com os sinais dados pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), já que o discurso não tem sido pró-mercado.

A opinião é compartilhada por Parreiras, que avalia que os primeiros sinais têm sido “bipolares”. Segundo ele, o governo tende a bater e depois “assoprar” para mitigar o risco dos ruídos que propagou.

O gestor coloca medidas que possam ser tomadas pelo novo governo como o maior risco que vê hoje no cenário local. Segundo ele, tais decisões podem minar a confiança dos investidores e levar a uma “espiral negativa”, com a desvalorização do câmbio, aumento dos juros e a piora da inflação.

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Apesar dos ruídos na comunicação do governo, a avaliação é de que o país pode se beneficiar de um fluxo de capital estrangeiro, que viria com uma visão mais favorável do novo governo a pautas ambientais.

Para o executivo da MOS Capital, o Brasil esteve “fora do mundo” e foi visto como “antagônico” na parte ambiental por um bom período. Agora, a avaliação que é o País tem a chance de mudar essa visão.

“Na hora que o Brasil mostrar sinais ‘de que vamos levar mais a sério essa questão [ambiental],’ certamente vai existir uma enorme boa vontade do mundo de que isso precisa ser tratado adequadamente”, observa Ferreira.

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O otimismo, porém, deve ser visto com cautela, já que há uma chance grande de que o mundo passe por um processo de recessão neste ano, lembra Parreiras, da Verde.

O gestor afirma que o mundo se acostumou com o dinheiro “fácil e barato” ao longo de muitos anos, fazendo referência ao fato de que as taxas de juros estavam zeradas ou até mesmo negativas em vários países desenvolvidos até pouco tempo.

“Agora, o dinheiro está caro e difícil. Será que não vamos escorregar numa recessão?”, questiona. “Se isso ocorrer, o Brasil terá dificuldade de ficar incólume. Somos mais baratos, mas é difícil ficar de fora [e não ser afetado]”, alerta o especialista da Verde.

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Caso Americanas

Além de comentar sobre os riscos locais e globais que veem no radar para as posições em Bolsa, os gestores avaliaram que a situação da Americanas (AMER3) ainda terá muitas reviravoltas nos próximos dias.

“A gente está no terceiro episódio dessa novela e ainda vai ter muito capítulo. Está só no começo”, avalia Parreiras.

Ferreira também prefere ser cauteloso e dizer que o momento ainda é “nebuloso” e que a transparência que a empresa apresentou até agora foi muito pequena. O sócio da MOS Capital já fez parte do Conselho da Submarino no passado.

“Estou assustado com o que estou vendo. Espero que quando tudo ficar mais claro, as coisas sejam melhores”, acrescenta o especialista da MOS.

Na quarta-feira passada (11), a varejista informou o mercado sobre um rombo de R$ 20 bilhões após encontrar “inconsistências contábeis” no balanço da empresa.

Na sexta-feira (13), o juiz Paulo Assed concedeu uma medida de tutela de urgência cautelar a pedido da Americanas contra o vencimento antecipado de dívidas.

A decisão deu fôlego para a empresa enfrentar uma crise sem precedentes após ter anunciado um rombo contábil de R$ 20 bilhões, podendo chegar a R$ 40 bilhões. Além disso, após a decisão, o TJ-RJ deu 30 dias corridos para a Americanas entrar com pedido de recuperação judicial.

Segundo o documento, tendo em vista o que consta na decisão da Justiça, a exigibilidade dos juros previstos na cláusula 4.2.2 da escritura da 17ª emissão de debêntures da companhia encontra-se “suspensa”.