Comentário da semana: perspectiva de recessão derruba mercados

Fracos indicadores econômicos dos Estados Unidos e notíciário corporativo dividiram a atenção e saldo final foi negativo

Camila Schoti

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SÃO PAULO – Na primeira semana de fevereiro, mais curta para os mercados domésticos em função do feriado de Carnaval, a cautela predominou desencadeada pelo cenário prospectivo para a economia norte-americana. O saldo final, a despeito de algum esboço de recuperação, foi negativo para a bolsa de valores.

No início da semana, dados desfavoráveis no âmbito corporativo e econômico pesaram sobre os negócios em Wall Street e no mundo, ao reforçarem temores de que a economia norte-americana deverá passar por um período de recessão.

Por aqui, os negócios estavam parados, mas na volta do feriado de Carnaval, na quarta-feira, os mercados se ajustaram ao quadro adverso que se estabeleceu no cenário internacional nas sessões anteriores. Ao final da semana, a leve recuperação observada não foi suficiente para anular as perdas.

O dólar comercial acumulou alta de 1,37% na semana, revertendo a trajetória registrada na semana anterior. A despeito da deterioração do humor externo, os juros futuros fecharam em baixa na BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros).

Temores de recessão predominaram

A agenda da semana, ou mesmo o noticiário corporativo, não reservaram informações de expressiva relevância, de forma que, ao longo de todo o período compreendido entre 4 e 8 de fevereiro, drivers diversos disputaram a atenção dos investidores.

Temores relacionados ao setor financeiro penalizaram os mercados no início da semana e, em conjunto com os fracos dados do setor de serviços do país, deram tom negativo aos negócios. O ISM Services, referente ao mês de janeiro, recuou em relação à medição anterior e ficou aquém das expectativas do mercado.

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Ao final da semana, porém, notícias positivas provenientes do setor de varejo deram margem a alguma recuperação nos mercados, mas esta não foi suficiente para zerar as perdas acumuladas no período, dados os fracos resultados evidenciados por indicadores dos mercados de trabalho e imobiliário. As principais bolsas em Wall Street também encerraram a semana no campo negativo.

Inflação doméstica em desaceleração

Contrariando o comportamento do nível geral de preços nos últimos meses, os indicadores de inflação divulgados na semana registraram desaceleração da inflação no início do ano. Tanto o IPC-Fipe de janeiro, quanto o IGP-DI de fevereiro, mostraram alta menor dos preços, comportamento evidenciado também pelo IPC-S.

O cenário corporativo também chamou a atenção na semana. O setor financeiro foi prejudicado pela decisão do Banco Central de exigir depósito compulsório também nas operações de leasing e as duas empresas de maior peso no Ibovespa estiveram em foco.

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Enquanto as negociações da Vale com a Xstrata continuaram a chamar a atenção dos investidores, novas – e maiores – estimativas para o potencial do campo de Tupi favoreceram os papéis da Petrobras.

As variações

Diante da deterioração do cenário externo, o Ibovespa acumulou queda de 3,28%, para 59.076 pontos. Já no mercado de câmbio, o dólar comercial se valorizou 1,37% na semana, a R$ 1,77.

No mercado de juros futuros, o contrato com vencimento em janeiro de 2010, que vem apresentando maior liquidez, projetou taxa de 12,57% na sexta-feira, frente aos 12,69% do final da semana anterior. Já a taxa anual do CDB prefixado de 30 dias fechou a 11,05%, queda frente à taxa de 11,08% registrada na sexta-feira anterior.

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Agenda para a segunda semana de fevereiro

Na agenda da segunda semana de fevereiro, os investidores estarão atentos às vendas ao mercado varejista norte-americano – Retail Sales e Retail Sales (ex-auto) – com indicadores marcados para quarta-feira (13).

No cenário doméstico, a ênfase fica para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) do mês de janeiro, que sairá na terça-feira (13). O indicador orientará novas percepções sobre o controle inflacionário neste começo de ano.