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SÃO PAULO – Em um período marcado pelo aumento da aversão a risco em escala global, com destaque pronunciado para o maior nervosismo no mercado brasileiro, investidores tentam entender se as quedas das ações em Bolsa abrem espaço para novas compras ou se é hora de colocar o pé no freio e aguardar.
Com baixa de 3,1% em agosto, o Ibovespa perdeu os 120 mil pontos ao longo da última semana e passou a ter desempenho negativo no ano, de 0,81%.
André Lion, sócio responsável pela estratégia de ações da Ibiuna Investimentos, destaca que a maior instabilidade no cenário doméstico reflete o aumento das incertezas com relação ao eventual abandono da âncora fiscal, com um descumprimento do teto de gastos, e a preocupação com o crescimento potencial do país e das empresas, com reflexo direto sobre o custo de capital.
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“Estamos passando por um processo, um momento de questionamento do mercado como um todo, no sentido de para qual direção iremos com o cenário de política macroeconômica, que pode acabar impactando o crescimento e afetando diretamente o mercado de ações”, diz Lion.
Embora não esconda as preocupações, o gestor assinala que a visão da Ibiuna, que tem mais de R$ 22 bilhões sob gestão, para o mercado segue positiva no médio prazo e conta que, diante das turbulências, a gestora tem aproveitado para montar posições, ainda que Lion ressalte não se tratar de nenhuma movimentação agressiva.
De olho em um crescimento um pouco menor do país em 2022, a Ibiuna tem procurado companhias com posição de caixa sólida não por um medo de ruptura, mas em função da alta da Selic. “Quem tem menos dívida vai pagar menos juros”, explica.
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A gestora ampliou a posição em papéis como da Porto Seguro (PSSA3), atenta ao aumento previsto da receita financeira obtida com a aplicação das reservas técnicas, que deve passar de 2% para 8% do primeiro trimestre deste ano para igual período de 2022, em função da alta de juros.
Ações de companhias como BR Distribuidora (BRDT3), Locamerica (LCAM3), Yduqs (YDUQ3), NotreDame Intermédica (GNDI3), Hapvida (HAPV3), Banco Inter (BIDI11), Hypera (HYPE3) e Petz (PETZ3) também foram alvo de aquisições recentes pela Ibiuna.
“Estamos procurando empresas que sejam sólidas, com um track record [histórico de desempenho] que conhecemos, com boas teses de investimento e que estejam num nível de valuation que faça sentido”, afirma Lion. “Com essas correções, começa a aparecer muita coisa.”
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Commodities
Ainda que veja as ações da Petrobras (PETR3; PETR4) como muito baratas, Lion diz já ter uma posição razoável – a maior da carteira – nos papéis, por isso não tem aumentado a alocação. Na direção oposta, a gestora tem reduzido um pouco a exposição à Vale.
“Há um ponto de interrogação, porque não sabemos o que vai acontecer com a China. O cenário externo está mais incerto, o minério de ferro está caindo bastante há 40 dias, então temos que tomar um pouco de cuidado com a Vale”, pontua.
Além da redução com relação à mineradora, a Ibiuna zerou recentemente as posições em Braskem, Cielo e Direcional.
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Com foco apenas em empresas líquidas, em um universo em torno de 170 companhias analisadas, a Ibiuna tem três fundos de ações: o Ibiuna Equities, que tem sempre uma posição 100% alocada; o Ibiuna Long Biased, no qual Lion diz estar investindo com cautela em meio ao cenário mais incerto; e o Ibiuna Long Short, que não tem uma posição direcional (comprada ou vendida) e no qual a gestora está sempre em busca dos spreads mais atrativos.
O Ibiuna Equities rende cerca de 6% no ano, enquanto o fundo Long Biased acumula valorização da ordem de 12,3% e o Long Short, de 7,2%.
A equipe de ações, que conta com Lion e outras dez pessoas, promoveu algumas contratações recentes. Ingressaram no time Victor Schabbel, que estava anteriormente na cobertura do setor financeiro no Bradesco BBI; João Borges Filho, antes na BNP Paribas Asset Management, na qual era responsável pela cobertura dos segmentos financeiro, de alimentos e bebidas e construção civil; e Gustavo Allevato, ex-Itaú Asset Management, na qual cobria o setor de commodities.
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