Com queda da Selic, o retorno de 1% ao mês na renda fixa morreu? Veja simulação

Cálculo mostra quanto um título de renda fixa precisa pagar para oferecer a rentabilidade mensal sonhada pelos brasileiros

Leonardo Guimarães

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O primeiro semestre de 2023 trouxe ótimas oportunidades para investimentos em renda fixa. A Selic estava em 13,75% ao ano, patamar mais alto desde 2017, e as taxas no crédito privado tiveram forte abertura após as crises de Light e Americanas. Isto, porém, ficou no passado, e a Selic a 12,75% encolhe mais uma vez os rendimentos dos investidores.

O sonhado retorno de 1% ao mês está, agora, mais distante do investidor brasileiro. Segundo cálculos feitos por Bruno Komura, analista da Ouro Preto Investimentos, a pedido do InfoMoney, a meta ficará cada vez mais difícil de ser atingida, e crava.

A tarefa é desafiadora, mas ainda possível. Para isso, o investidor que almeja obter 1% ao mês nos próximos seis meses precisa encontrar, por exemplo, um papel que pague pelo menos 138,80% do CDI. Para investimentos mais longos, de até um ano, a rentabilidade mínima sobe para 146,79% do CDI.

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Pós-fixados

A simulação considera a expectativa de juros medida pelos contratos futuros de DI (Depósitos Interfinanceiros) e a alíquota regressiva de Imposto de Renda, que começa em 22,5% em aplicações de até seis meses e cai para 15% em investimentos que duram mais de dois anos.

Como o mercado espera que a taxa básica de juros continue a cair até o fim de 2024, a remuneração atrelada ao CDI deve subir para compensar a duração do investimento.

Atualmente, nem mesmo a maior taxa de um CDB (Certificado de Depósito Bancário) pós-fixado seria suficiente para dar ao investidor o retorno de 1% ao mês. Um levantamento da Quantum Finance a pedido do InfoMoney mostrou que o CBD com maior remuneração emitido entre os dias 30 de agosto e 12 de setembro pagava 116% do CDI.

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Nos ativos isentos de Imposto de Renda, a remuneração atual também não é suficiente para o 1% ao mês. Outro levantamento da Quantum mostrou que LCIs (Letras de Crédito Imobiliário) emitidas em setembro pagavam até 95% do CDI nas aplicações de um ano, enquanto a taxa anual mínima para a meta seria de 116,51%.

Investimento de até 6 meses Investimento entre 6 meses e 1 ano Investimento entre 1 e 2 anos  Investimento acima de 2 anos
Remuneração anual mínima para obter 1% ao mês 138,80% do CDI 146,79% do CDI 150,42% do CDI 140,10% do CDI
Alíquota de IR 22,50% 20% 17,50% 17,50%
Taxa de juros média no período 11,79% 10,80% 10,22% 10,65%

Fonte: Quantum Finance

Prefixados

Nos ativos com remuneração definida no início do investimento, o rendimento de 1% ao mês também está longe no cenário atual. Papéis com remuneração de 14,92% ao ano – o mínimo para ganhar 1% ao mês em dois anos – já não são realidade no mercado.

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Entre 30 de agosto e 12 de setembro, a maior taxa de um CDB prefixado foi de 11,25%, com vencimento longo. Nos títulos públicos, o Tesouro Prefixado 2033 tinha taxa de 11,31% ao ano no fechamento da terça-feira (19).

Já ativos isentos de Imposto de Renda, como as letras de crédito imobiliário (LCI) e do agronegócio (LCA), precisariam pagar pelo menos 12,68% ao ano para atingir a meta de 1% ao mês de retorno.

Investimento de até 6 meses Investimento entre 6 meses e 1 ano Investimento entre 1 e 2 anos  Investimento acima de 2 anos
Remuneração anual mínima para obter 1% ao mês 16,36% 15,85% 15,37% 14,92%
Alíquota de IR 22,50% 20% 17,50% 17,50%
Taxa de juros média no período 11,79% 10,80% 10,22% 10,65%

Renda fixa ainda vale a pena?

Para especialistas, sim. Por mais que o retorno da renda fixa brasileira tenha caído nos últimos meses, ainda há boas oportunidades nos ativos mais seguros do mercado.

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Ricardo Jorge, sócio da Quantzed, diz que “por mais que tenhamos cortes, a taxa básica de juros segue elevada”. Clayton Calixto, especialista de portfólio da Santander Asset, concorda: “ainda temos juros reais muito elevados, com taxas muito atrativas”.

No último mês, mesmo com perspectiva de quedas da Selic, as taxas dos títulos públicos andaram de lado, renovando uma janela de oportunidade de entrada nos papéis emitidos pelo Tesouro Nacional.

A taxa do prefixado para 2033 passou de 11,35% para 11,30%, enquanto a do Tesouro Prefixado 2029 caiu de 11,08% para 11,04%.

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