Com novo grau de investimento, o que muda para o investidor individual?

De acordo com estrategista da Futura Investimentos, no curto e médio prazos, não deve haver muita alteração

Patricia Alves

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SÃO PAULO – A Moody´s, uma das principais agências internacionais de classificação de risco, decidiu elevar ao nível de “grau de investimento” a nota da dívida pública brasileira (externa e interna). A avaliação brasileira subiu de “Ba1″ para Baa3”. Com o novo rating, o País já tem avaliação positiva de todas as maiores agências avaliadoras, incluindo a Standard & Poor´s e a Fitch.

Com a nova classificação, o que muda para o investidor individual?

Mudanças devem ocorrer apenas no longo prazo

De acordo com o estrategista da Futura Investimentos, Adriano Moreno, no curto e médio prazos, não deve haver muita alteração. “Apesar de a gente ter tido agora essa nova chancela internacional, a gente já tinha o selo de investment grade aqui no Brasil”, explica.

No entanto, no longo prazo, são prováveis algumas mudanças. “Para um prazo um pouco mais dilatado de tempo, é provável que a gente tenha aí no futuro uma queda dos prêmios de risco, ou seja, os investidores vão exigir menos por correr menos riscos em ativos aqui no Brasil”.

Para Mauro Calil, professor e educador financeiro do Centro de Estudos e Formação de Patrimônio Calil & Calil, o menor risco impacta na rentabilidade dos títulos públicos e, consequentemente, em fundos que contenham esses títulos na carteira, como renda fixa, multimercados e previdência privada. “Esse movimento vai impactar ainda mais negativamente a taxa conseguida na renda fixa”, revela.

Por outro lado, segundo o especialista, grandes investidores institucionais estarão mais dispostos a investir em projetos empresariais brasileiros, via emissão de ações ou mesmo com títulos de dívida privada, como notas promissórias e debêntures. “O Brasil como um todo passa a ser visto com mais segurança como pagador. Dentro deste movimento, se constante, as empresas tendem a crescer e suas ações a valorizar”, completa.

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Para Moreno, a avaliação positiva das três maiores agências favorece o planejamento e os investimentos no longo prazo. “É mais um indicador de que o Brasil está se tornando um País sério e fazer planejamentos e investimentos com um horizonte um pouco maior de tempo vai, cada vez mais, fazer sentido”.

É hora de voltar para a Bolsa?

De acordo com Mauro Calil, após o anúncio das duas primeiras elevações do Brasil a grau de investimento, que ocorreram num curto intervalo de tempo, o volume na Bolsa de Valores aumentou e o mercado ficou mais líquido, por conta do fluxo maior de pessoas operando.

“Com a nova classificação, no entanto, não espero uma movimentação brusca, mas, sim, uma continuidade do crescimento. O momento deve abrir espaço, também, para novos IPOs, o que é bom para o investidor individual”, afirma.

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A alocação dos investimentos, entretanto, ainda deve levar em conta o perfil e o objetivo do investidor. “Quem tem planos de curto prazo deve ficar fora da renda variável, por exemplo”, ensina o professor.

“Agora, quem tem planos de longo prazo e ainda está fora da renda variável deve começar a pensar seriamente em entrar na Bolsa, para remunerar melhor o patrimônio”, finaliza.