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SÃO PAULO – A Kinea Investimentos, gestora que possui R$ 56,3 bilhões em ativos e é controlada pelo Itaú, passou a estudar o mercado de criptomoedas em junho e pode iniciar uma alocação nos ativos ainda neste ano. A decisão foi tomada quando a casa percebeu que cada vez mais os criptoativos podem ter impacto no desempenho de outros mercados, como de ações, e especialmente durante crises, como a da Covid-19.
Rodrigo Zobaran, analista quantitativo na Kinea Investimentos, é responsável por liderar os estudos para investir em criptoativos e está à frente da empreitada, ao lado de Gustavo Aleixo, chefe da área de pesquisa da gestora.
As análises ainda estão no começo, mas a gestora não descarta a possibilidade de ter algumas posições experimentais em criptoativos como parte da alocação dentro de fundos multimercados ainda em 2021.
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Hoje, a Kinea possui quatro fundos multimercado: Arkhe, Apolo, Chronos e Atlas II e I, sendo que os três primeiros são focados no investidor em geral e o último (Atlas I) é voltado para o qualificado (que possui ao menos R$ 1 milhão em aplicações financeiras).
A ideia é que a aplicação comece em volumes pequenos, com possibilidade de aumentar assim que houver sinais mais concretos em termos de regulamentação da SEC, instituição americana com papel equivalente à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) no Brasil.
“Tem que ficar de olho nos Estados Unidos, principalmente na SEC, que é por onde tramitam essas regulamentações. Se um ETF de criptomoedas passar [for aprovado] seria algo bem bullish [poderia fazer com que o mercado subisse]. Se não passar seria bearish [poderia fazer com que o mercado desvalorizasse]”, afirma o analista.
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Para Zobaran, o olhar mais apurado nos criptoativos está em entender melhor como eles podem afetar os demais ativos tradicionais em carteira.
“Por exemplo, se tivermos uma posição em Tesla e ela estiver investindo em criptoativos, precisamos entender como as empresas estão negociando esses produtos para investir na companhia. Se eu for investir em treasuries [títulos do tesouro americano] e o Fed fizer mesmo a CBDC [uma moeda digital de bancos centrais], isso poderia impactar no preço desses títulos. Então, é preciso entender esse universo para ver os possíveis efeitos”, destaca.
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Segundo Zobaran, a justificativa para o maior interesse em criptoativos reside no fato de o retorno das moedas digitais estar correlacionado com os de outros investimentos de risco em momentos de maior incerteza.
Em março de 2020, por exemplo, quando a crise sanitária ficou mais intensa ao redor do mundo, o Bitcoin sofreu duras perdas, seguindo ativos de risco tradicionais. Mas o analista pontua a retomada depois de um movimento de forte venda em março, com uma alta de 276% em dólares no ano passado.
Outro ponto que chama a atenção do especialista da Kinea é que, se as criptomoedas virarem um pedaço importante do sistema financeiro daqui a alguns anos – o que depende de regulamentação e de uso mais massificado –, parte das incertezas sobre a utilização das moedas digitais no futuro tende a diminuir, o que deve reduzir também a volatilidade sobre esse mercado.
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E com um mercado mais maduro, Zobaran avalia que a relação entre os criptoativos e os demais ativos tradicionais aumente, que eles caminhem um pouco mais alinhados.
Entrada nas criptomoedas
Para abraçar de fato esse mercado, a Kinea deve começar de forma experimental e aos poucos, por meio de futuros de Bitcoin e de Ethereum negociados nas bolsas americanas, que vêm melhorando a liquidez. “Essas são as maiores criptomoedas e juntas representam boa parte dos riscos do mercado de criptoativos. Estamos estudando outras, especialmente as mais descentralizadas, mas a liquidez baixa e a falta de veículos para investir nelas fazem com que os riscos, por enquanto, sejam muito altos.”
Embora a liquidez nos futuros de Bitcoin seja razoável e um pouco pior, no caso do Ethereum, Zobaran diz que a facilidade de acesso e de retirada do dinheiro via futuros são um dos principais fatores que chamam a atenção.
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