Com incêndio e processo judicial, GGR Covepi (GGRC11) é fundo imobiliário que mais caiu em fevereiro; Pátria (PATL11) é destaque de alta

Em média, os fundos imobiliários caíram quase 1,28% no mês marcado pela ofensiva militar da Rússia na Ucrânia

Wellington Carvalho

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Se depender dos fundos imobiliários, os investidores seguirão para a folia um pouco menos alegres. Pelo segundo mês consecutivo, o IFIX – índice dos FIIs mais líquidos da Bolsa – fechou no campo negativo, elevando as perdas registradas neste ano. Só o fundo GGR Covepi (GGRC11) registrou baixa de 9,65% em fevereiro. Na contramão, o Pátria Logística ( PATL11) foi o destaque de alta do período, com ganhos de 5,77%.

No mês marcado pela ofensiva militar da Rússia na Ucrânia, que impôs forte tensão ao mercado de renda variável, o Ifix registrou queda de 1,28%, acumulando agora baixa de 2,26% em 2022.

Em fevereiro, o ciclo de alta dos juros no País e a ameaça inflacionária permaneceram no radar dos investidores e aprofundaram a desvalorização das cotas dos fundos imobiliários, de acordo com relatório da XP, divulgado nesta quinta-feira (24).

No início do mês, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) elevou a taxa básica de juros da economia, Selic, em 1,50 ponto percentual, para 10,75% ao ano. É a primeira vez desde 2017 que a Selic supera dois dígitos, sendo a maior taxa desde maio do mesmo ano, quando o juro básico era de 11,25% ao ano.

Já a inflação oficial do Brasil, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), subiu 0,54% na comparação com o mês anterior, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Foi o maior resultado para o mês desde 2016 (1,27%). Nos últimos 12 meses, o indicador acumula alta de 10,38%, acima dos 10,06% registrados nos 12 meses anteriores.

O mercado financeiro elevou a projeção para o IPCA no final de 2022 de 5,50% para 5,60%, de acordo com os dados do último boletim Focus, do BC. Em relação à Selic, a projeção foi mantida em 12,25% ao ano ao final deste ano e em 8,0% no próximo.

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Diante do cenário, que ainda inclui as incertezas políticas, a XP reforçou a aposta nos fundos que investem em títulos de renda fixa atrelados aos índices de inflação e à taxa do CDI (certificado de depósito interbancário).

“Perante um cenário de incertezas políticas, mantemos nossa preferência em fundos imobiliários do segmento de ‘papel’, dado seu caráter mais defensivo”, pontua a carteira recomendada da corretora.

Em média, os fundos de “papel”, que investem em ativos financeiros do segmento imobiliário, tiveram o melhor desempenho do mês, com queda de 0,60%, abaixo da do Ifix. O segmento de lajes corporativas e escritórios, que ainda enfrenta a desconfiança de parte do mercado, caiu bem mais: 2,83%.

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Segmento Variação em fevereiro (%)
Títulos e Val. Mob. -0,60
Shoppings -0,76
Híbrido -0,89
Logística -1,60
Outros -2,65
Lajes Corporativas -2,83

Fonte: InfoMoney – (25/02/2022)

Ainda em fevereiro, o Maxi Renda (MXRF11) protocolou pedido de reconsideração da decisão da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que questiona a distribuição de dividendos do fundo. O caso sacudiu a indústria dos FIIs no mês anterior.

Após a apresentação do recurso, o colegiado da CVM terá 60 dias corridos, caso não haja pedido de vistas, para voltar a se manifestar sobre o tema.

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Maiores altas do mês

Dos 104 fundos imobiliários que compõem o Ifix, 35 encerraram fevereiro no campo positivo. O Pátria Logística foi o destaque da lista, com valorização de 5,77% no período.

Confira as maiores altas dos fundos imobiliários em fevereiro de 2022:

Ticker Fundo Segmento Variação em fevereiro (%)
PATL11 Pátria Logística Logística 5,77
SDIL11 SDI Rio Bravo Logística 5,67
VIFI11 Vinci Instrumentos Financeiros Títulos e Val. Mob. 5,53
BRCO11 BRESCO Logística Logística 2,68
BTCR11 BTG Pactual Credito Imobiliario Títulos e Val. Mob. 2,62

OBS.: A rentabilidade leva em consideração o reinvestimento dos dividendos.

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Fonte: Economatica (25/02/2022)

Recentemente, o Pátria Logística anunciou ter atingido a estabilidade operacional do fundo com 100% de ocupação do portfólio. A carteira zerou a vacância após assinar contrato com a Rio Branco Alimentos, conhecida como Pif Paf Alimentos, que ocupará parte do Centro Logístico Refrigerado Ribeirão das Neves (MG).

O contrato de 60 meses, que entra em vigor em março, prevê o aluguel das câmaras e salas administrativas do imóvel.

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A carteira do fundo conta ainda com outros dois galpões, um em Itatiaia (RJ) e outro em Jundiaí (SP), somando uma área bruta locável (ABL) de quase 190 mil metros quadrados.

De acordo com o Pátria, os contratos de locação do fundo vencem apenas a partir de 2025. Dos vínculos, 94% possuem correção monetária do aluguel atrelada IPCA e 6% estão indexados ao Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M).

No último relatório gerencial, os gestores destacaram o bom momento do setor logístico. De acordo com a Buildings, plataforma de pesquisa imobiliária corporativa, o segmento fechou 2021 com uma vacância de 10,39%, a menor marca anual desde que os dados passaram a ser monitorados, em 2013.

“Os números reforçam a saúde e crescimento consistente do setor logístico na ponta imobiliária e os FIIs logísticos devem aproveitar a movimentação”, destaca o documento.

Maiores baixas do mês

Questões judiciais e até um incêndio marcaram as últimas semanas do GGR Covepi (GGRC11), fundo focado na exploração de galpões logísticos e que registrou o pior desempenho em fevereiro, queda de 9,65%.

Confira as maiores baixas dos fundos imobiliários em fevereiro de 2022:

Ticker  Fundo  Setor  Variação em fevereiro(%)
GGRC11 GGR Covepi Renda Logística -9,65
VINO11 Vinci Offices Lajes Corporativas -7,99
TGAR11 TG Ativo Real Outros -7,92
XPSF11 XP Selection Outros -7,70
XPCM11 XP Corporate Macaé Lajes Corporativas -7,67

OBS.: A rentabilidade leva em consideração o reinvestimento dos dividendos.

Fonte: Economatica (25/02/2022)

No início do mês, o fundo comunicou que um incêndio de proporções limitadas e sem vítimas atingiu o galpão industrial do fundo em Santa Bárbara D’oeste (SP).

Nas investigações preliminares, foi constatado que o fogo afetou aproximadamente 5 mil metros quadrados de um total de 38 mil metros quadrados de área construída. A perícia segue em andamento no local.

Na oportunidade, o GGR Covepi explicou que o incidente não traria mudanças em relação à divergência que o fundo tem com a Covolan Indústria Têxtil, que ocupa o local.

Em agosto de 2021, o fundo foi informado sobre ação movida pelo inquilino, que reivindicava pagar apenas 60% do valor do aluguel. De acordo com o processo, o montante remanescente da locação, 40%, ficaria suspenso até fevereiro de 2022.

Inicialmente, o Juízo da 1ª Vara Cível do Foro de Santa Bárbara D’Oeste (SP) concedeu, em caráter liminar, parecer favorável à Covolan. Na época, o fundo calculava que a medida representaria uma redução na distribuição mensal de dividendos de aproximadamente R$ 0,03 por cota.

O GGR Covepi recorreu da decisão e, em outubro do ano passado, conseguiu derrubar a liminar, voltando a ter direito à totalidade do aluguel de R$ 537 mil. Naquele mês e no seguinte, porém, o fundo não identificaria o pagamento da locação.

Na virada do mês, o fundo informou que a Justiça confirmou a decisão favorável ao fundo no processo, mas os gestores ainda aguardam a execução da sentença.

Wellington Carvalho

Repórter de fundos imobiliários do InfoMoney. Acompanha as principais informações que influenciam no desempenho dos FIIs e do índice Ifix.