Meirelles diz que ‘boa relação’ entre Lula e Galípolo pode ajudar política monetária

Ex-presidente do BC diz que “confiança” alivia muito a tensão entre autoridade monetária e Executivo

Augusto Diniz

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Henrique Meirelles ficou de 2003 a 2011 à frente do Banco Central e recorda que no início da gestão chegou a elevar a taxa Selic a 26,5%. “Adotei uma política monetária dura”, ressalta. “Consegui dominar a inflação, criamos reserva e o país acabou crescendo bastante”, acrescenta.

Meirelles, que está lançando sua autobiografia “Calma sob pressão – o que aprendi comandando o Banco de Boston, o Banco Central e o Ministério da Fazenda” (editora Planeta), esteve no episódio 260 do programa Stock Pickers, com apresentação de Lucas Collazo e Henrique Esteter.

Caminho certo

Gabriel Galípolo tem uma boa relação com o presidente Lula. Se ele de fato conseguir fazer a política correta e, ao mesmo tempo, enfrentar as consequências disso, tem condições de dar certo”, destaca.

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“Influencia muito a questão do presidente, de ter certa confiança de que o que o Banco Central está fazendo não é para prejudicar o governo, muito pelo contrário”, acrescenta.

Para Henrique Meirelles, o Banco Central está no caminho adequado de aperto monetário. “Inclusive com votos do Gabriel Galípolo. Isso significa que o BC está tomando a atitude correta para o país. E vamos ver como será a partir de janeiro a nova diretoria”, afirma.

Confiança

Atualmente, Gabriel Galípolo é diretor de Política Monetária do Banco Central e em janeiro assume a presidência da instituição no lugar de Roberto Campos Neto, que termina o seu mandato em dezembro.

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Meirelles recorda que os resultados do BC sob sua gestão “passaram a ser muito bons”. “Existe uma questão aí de confiança pessoal”, diz.

No livro autobiográfico de Henrique Meirelles, Luiz Inácio Lula da Silva assina o prefácio e o presidente comenta a importância da “confiança”. “Tudo que eu estava fazendo seria para o país, mesmo que ele discordasse. Minha intenção era para o bem do país e, em última análise, para o governo. E isso alivia bastante a tensão”, afirma.

“Quando entrei no Banco Central, na segunda reunião, chegamos a elevar a taxa Selic a 26,5%. Mas chegamos em um momento de Selic de um dígito. Caiu brutalmente e a inflação ficou sob controle”, lembra.

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No programa, Meirelles relata que a meta de inflação colocada pelo Conselho Monetário Nacional na época era 4,5%”. “Se pegar de 2005 a 2010, a inflação por três anos esteve abaixo da meta e três anos acima da meta. Mas a média foi exatamente na meta: 4,5%”, diz.

“Nos primeiros quatro anos houve uma sintonia completa entre a política monetária e fiscal; no segundo mandato, nem tanto”, ressalta.

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