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SÃO PAULO – Com o mercado de olho no texto da PEC dos precatórios que foi detalhado pela equipe econômica durante a manhã, os títulos públicos disponíveis para compra do Tesouro Direto operam sem direção definida na tarde desta terça-feira (10), frente aos retornos pagos pelos papéis na primeira atualização da manhã. Entre os destaques da alta, estão os títulos pós-fixados atrelado à inflação com vencimento em 2055 e pagamento de juros semestrais.
As atenções do mercado também voltadas ao avanço da inflação em julho e no tom mais duro adotado pelo Banco Central na ata referente à última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). Além disso, pode ser votado, nesta terça-feira, o último parecer do deputado e relator Celso Sabino referente ao projeto da reforma tributária.
No Tesouro Direto, nas três últimas sessões, as taxas dos títulos passaram por momentos de forte estresse e alguns papéi voltaram a ser negociados com prêmios vistos no início da pandemia. Investidores têm exigido juros mais altos para emprestar recursos ao governo, com preocupações com o cumprimento do teto de gastos.
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Na atualização da tarde desta terça-feira, o juro do papel com vencimento em 2026 caía de 9,49% para 9,47%. Mesmo assim, o retorno estava acima dos 9,43% da sessão anterior. O prêmio do título prefixado com vencimento em 2031 e pagamento de juros semestrais, por sua vez, oscilava próximo da estabilidade, em 10,04%, contra de 9,97% na tarde de segunda-feira.
No grupo de papéis com retornos atrelados à inflação, o juro real pago pelos títulos Tesouro IPCA+ com vencimentos em 2035 e 2045 se manteve em 4,49% no começo dos negócios e na atualização da tarde, ante 4,40% na sessão anterior. Enquanto isso, o prêmio do Tesouro IPCA + com vencimento em 2055 e pagamento de juros semestrais avançava de 4,66% para 4,69%, percentual acima dos 4,57% registrados um dia antes.
Diante de prêmios historicamente elevados no Tesouro, especialmente de papéis de prazo mais longo e indexados à inflação, alocadores de recursos avaliam que agora é um bom momento para o investidor ir às compras. Leia mais aqui.
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Confira os preços e as taxas atualizadas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto nesta terça-feira (10):
Ata do Copom e IPCA
Entre os destaques da agenda econômica está a ata do Copom. Nela, a autoridade monetária reforçou que o Comitê antevê outro ajuste de mesma magnitude para a próxima reunião e que o cenário básico e o balanço de riscos indicam ser apropriado um ciclo de elevação da taxa de juros para um patamar acima do neutro.
“Levando em conta o cenário básico e o balanço de riscos, o Comitê observou que, caso não haja mudança nos condicionantes de inflação, são necessárias elevações de juros subsequentes, sem interrupção, até patamar acima do neutro para que se obtenha projeções em torno das metas de inflação no horizonte relevante”, mostrou o documento.
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Diante das sinalizações de que o BC deve elevar a Selic para acima do nível neutro, os analistas da XP mantiveram as projeções para a taxa básica de juros em 7,25% ao fim deste ano, com um aumento de um ponto no encontro de setembro, seguido por outro de meio ponto percentual em outubro. Os especialistas destacaram, contudo, que a análise está condicionada à manutenção da política fiscal contida no teto de gastos.
Outro destaque da agenda está nos dados da inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Segundo o Instituto Nacional de Geografia e Estatística (IBGE), a inflação ficou em 0,96% em julho, na comparação com junho. Os dados representam uma aceleração em relação à alta de 0,53% vista em junho. Na comparação com julho de 2020, a inflação chegou a 8,99%.
Os números ficaram acima da expectativa do consenso Refinitiv, de alta de 0,93% frente a junho e de 8,97% na comparação com julho de 2020. O IPCA acumula alta de 4,76% no ano e de 8,99% nos últimos 12 meses, acima do acumulado nos 12 meses imediatamente anteriores (8,35%).
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Na avaliação de David Becker, analista do Bank of America, contudo, a inflação deve desacelerar em agosto por causa do alívio no preço das passagens aéreas e da energia elétrica, já que não deve haver alterações no preço da energia neste mês.
Mesmo assim, ele destacou que algumas pressões de alta permanecem no radar com o avanço da inflação sobre os alimentos e sobre o setor de serviços, que deve aumentar com a retomada da economia. Por isso, o banco optou por revisar a projeção de inflação neste ano de 6,5% para 7% e de 3,5% para 3,8%, para o próximo ano.
Cena política
Na agenda política, investidores acompanham os desdobramentos da PEC dos precatórios. De acordo com a apresentação feita hoje pelo Ministério da Economia, o fundo alimentado com venda de ativos do governo previsto na PEC dos Precatórios não prevê destinação de recursos a programas de transferência de renda, o que contrasta com falas anteriores de Paulo Guedes, ministro da Economia, de que os mais pobres seriam contemplados com a medida.
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Segundo o documento, os recursos do fundo irão apenas para o pagamento da dívida pública e dos precatórios que seriam parcelados — o texto não especifica em qual percentual se dará essa destinação.
Também foi entregue ontem a medida provisória que cria o Auxílio Brasil, programa que vai substituir o Bolsa Família. Mesmo sem apresentar valores, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse, na última segunda-feira (9), que o governo deve ter responsabilidade para não quebrar a economia.
“Nós acertamos aqui no mínimo 50% de reajuste no Bolsa Família. Nós queremos 100%, mas temos que ter responsabilidade. A economia não pode quebrar. Se quebrar a economia não adianta você ganhar 1 milhão de reais por mês que você não vai dar para comprar um pãozinho”, disse em entrevista à uma rádio online da Bahia.
Também na segunda, Arthur Lira, presidente da Câmara, afirmou que a Casa vai votar, nesta semana, a primeira parte da reforma tributária, com as mudanças no Imposto de Renda, e deve levar a reforma administrativa ao plenário da Casa até o fim deste mês.
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Cena internacional
O destaque da cena externa está na aprovação pelo Senado do pacote de infraestrutura bipartidário de US$ 1,2 trilhão, que foi proposto pelo presidente americano, Joe Biden. Por 69 votos a favor e 30 contra, o texto segue agora para a Câmara dos Representantes.
O projeto prevê investimentos em pontes, estradas, ferrovias, rede elétrica, banda larga e outras obras que seriam feitas durante os próximos anos. “O objetivo é revitalizar nossa infraestrutura física e dar a empresas e trabalhadores as ferramentas para trabalhar no século 21”, afirmou o líder da maioria democrata no Senado, Chuck Schumer, durante discurso no plenário.
Às 17h30, serão divulgados dados preliminares de estoque de petróleo semanal divulgados pelo American Petroleum Institute (API).
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