Com ações em queda, fundos de pensão cortam alocação pela metade em 4 anos 

Renda fixa, por outro lado, atingiu um patamar superior a 80% de alocação. "Estamos desconfortáveis", diz presidente da Abrapp

Monique Lima

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Os fundos de pensão cresceram 0,5% no primeiro semestre do ano em relação ao fim de 2023, e atingiram um total de R$ 1,272 trilhão em ativos totais, equivalentes a 11,4% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Segundo dados da Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp), todo esse dinheiro está majoritariamente investido em renda fixa.

Dados do consolidado estatístico da Abrapp, divulgados nesta quarta-feira (9), mostram que a renda fixa compôs 81,4% da carteira dos fundos de pensão (denominados Entidades Fechadas de Previdência Complementar, ou EFPCs) no primeiro semestre deste ano, e garantiu um retorno de 3,84% até junho. 

Já a renda variável atingiu 10,4% da carteira em junho, frente 12,3% ao fim de 2023 e 20,4% em 2020 – ano em que os fundos “controlavam” 14,1% do PIB. Ativos como ações e fundos multimercados têm sido detratores da rentabilidade dos EFPCs, motivo que tem levado à substituição da classe por renda fixa.  

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A queda da renda variável comprometeu em 5,52% a rentabilidade no semestre, conforme os dados da Abrapp. A carteira como um todo, considerando os demais ativos como investimentos estruturados, investimentos no exterior, imóveis e outros, registrou um retorno de 2,83% até junho.  

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Jarbas Antonio de Biagi, diretor-presidente da Abrapp, afirmou em coletiva de imprensa que a predileção por renda fixa neste momento é compreensível, visto a “rentabilidade alta, segurança, fluxo financeiro e liquidez”, porém, a situação é considerada indesejável pela associação.  

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“Nossa natureza é de diversificação, por isso estamos desconfortáveis com essa posição tão alta em renda fixa. Vira uma carteira de passivos de títulos públicos”, disse Biagi. “Entendemos que hoje é uma opção melhor, mas precisamos trabalhar com alternativas e ter alguma posição em empresas [ações].”  

Jarbas Antonio de Biagi, diretor-presidente da Abrapp (Foto: Divulgação/Abrapp)

Mesmo com o cenário adverso para os ativos de risco, com a alta dos juros e a incerteza em relação às contas públicas, a Abrapp traçou possibilidades de recuperação para as ações em sua projeção para o desempenho dos fundos de pensão no ano.  

De três possíveis rentabilidades no ano, em duas a renda variável contribui positivamente, com 10,57% a 19,26% de retorno. No terceiro cenário, a projeção é de queda de 11,85%.

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Projeções para a rentabilidade dos fundos de pensão. (Fonte: Abrapp)

Tamanho dos fundos

Conforme a Abrapp, o sistema EFPCs conta com mais de 3 milhões de participantes ativos, 4,1 milhões de dependentes e 867 mil assistidos. O número total de planos aumentou de 1.101 em 2014 para 1.175 em 2024, impulsionado pelos planos de contribuição definida, que subiram de 413 para 525.  

Os planos de Contribuição Definida (CD) tiveram rentabilidade de 3,38% de janeiro a junho de 2024, seguidos pelos de Contribuição Variável (CV), com 2,86%, e Benefício Definido (BD), com 2,60%.

Desde 2005, as EFPCs acumulam rentabilidade acumulada de 804,21%, superando a Taxa Mínima Atuarial (TMA) de 767,98%. Para Biagi, isso demonstra a resiliência e a capacidade do setor em proporcionar retornos consistentes aos participantes, mesmo em meio a períodos de volatilidade.  

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