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Os dados da economia da China estão aquém do esperado e isso reflete no desempenho das ações no gigante asiático. Em um cenário de retomada frustrada após o fim da política de Covid zero, os investimentos em ativos chineses são vistos com cautela.
O Shangai Composite, principal índice de ações do país, acumula alta de 6% no ano. O CSI 300 é mais tímido ainda, com ganhos de 3,1%. A diferença é significativa em relação ao desempenho das Bolsas americanas: os índices Nasdaq e S&P 500 sobem 34,2% e 18,2%, respectivamente, no acumulado de 2023.
No início do ano, havia a expectativa de uma forte retomada da economia chinesa, com a população voltando às atividades após o abandono das restrições relativas à Covid. Era esperado o aumento do consumo interno de bens e serviços. Esse movimento, no entanto, ocorreu em uma intensidade menor que a imaginada.
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O PIB do segundo trimestre registrou uma alta anualizada de 6,3%, ante previsão de 6,9%. Esse crescimento mais fraco – para o padrão chinês – reflete uma incerteza em relação aos rumos da economia do país.
“Essa desaceleração inclui o fraco investimento do setor privado devido à incerteza sobre a política do governo em relação ao setor privado, declínio do investimento em imóveis devido a problemas no mercado imobiliário, consumidor gastando com maior cautela e declínio das exportações devido a uma economia global enfraquecida”, explica a consultoria Deloitte, em relatório.
Alocação marginal
A fraqueza chinesa tem gerado a especulação de uma intervenção por parte do governo para estimular a economia. Mas sem clareza sobre esses passos, a visão de analistas é de que há outras oportunidades de investimentos globais mais atrativas que a China.
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João Piccioni, analista da Empiricus, explica que era esperada uma forte demanda da população por bens e, principalmente, serviços.
“As famílias chinesas estão muito reticentes em relação ao consumo. As grandes empresas de varejo eletrônico estão desacelerando. Os ativos correlacionados à China também não parecem uma opção”, diz.
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Ativos correlacionados à China são aqueles que se beneficiam do crescimento do país, embora sejam de empresas sediadas em outros países. É o caso das produtoras de commodities, por exemplo. Essas empresas só teriam um maior benefício se houvesse os estímulos do governo chinês.
Para o longo prazo, Piccioni vê como opção os ETFs ligados à economia local, como o IShares MSCI China A (CNYA). Assim como aconteceu em outras partes do mundo após a pandemia de coronavírus, o setor de serviços deve deslanchar – mas isso não seria uma aposta para o curto prazo.
É de se esperar uma dinâmica de crescimento mais associada à volta da confiança das famílias. Em algum momento vamos ver isso, mas vai demorar um pouco mais de tempo
João Piccioni, analista da Empiricus
Já uma exposição correlacionada à China seria a empresa de gestão de reservas de hotéis Booking. Mas assim como no caso dos ETFs, não é um ganho para o curto prazo.
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“O Booking tem um joint venture na China e é o principal portal de viagens para a Europa. É uma empresa que pode se beneficiar quando os chineses retomarem com maior força as viagens”, explica.
Na renda fixa, a China tem um rendimento inferior ao de outras grandes economias – as taxas de juros estão em 3,55% ao ano. Fora isso, há incertezas quanto à relação a política monetária que será adotada pelo governo chinês, que pode querer a moeda desvalorizada para estimular exportações.
Para Celso Pereira, diretor de investimentos da Nomad, embora exista uma recomendação de investimentos em renda fixa global atualmente, essa é uma classe pouco atrativa na China justamente em função da taxa de juros.
“Do ponto de vista macroeconômico, a perspectiva para a China não é boa. A economia não está se recuperando”, define.