China é maior mercado da Binance apesar de proibir negociação de criptos, diz jornal

Segundo Wall Street Journal, China responde por 20% do volume da Binance mesmo com banimento imposto em 2021

Paulo Barros

CEO da Binance, Changpeng Zhao (Bloomberg)
CEO da Binance, Changpeng Zhao (Bloomberg)

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A China passou a considerar ilegais todas as transações com criptomoedas em setembro de 2021, mas, ainda assim, é o maior mercado da Binance, a principal bolsa de ativos digitais do planeta, afirma o Wall Street Journal em reportagem publicada nesta quarta-feira (2).

Segundo o jornal, documentos internos da exchange consultados pela reportagem, bem como por atuais e antigos funcionários da empresa, revelam que a plataforma tem cerca de 900 mil usuários mensais na China. Em um único mês, eles teriam movimentado cerca de US$ 90 bilhões, o equivalente a 20% do total.

A maior parte do valor (US$ 80,6 bilhões) é referente a negociações de futuros de criptomoedas, em que o trader opera normalmente com alavancagem utilizando posições de margem, com criptomoedas alugadas da exchange.

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O volume chinês é bem superior ao supostamente registrado em outros países. Em segundo lugar aparece a Coreia do Sul, com 13%, seguido da Turquia, que enfrenta forte inflação há vários anos, que responde por 10% do volume da Binance. Outros mercados importantes são Vietnã e Ilhas Virgens Britânicas.

Fundada em Xangai em 2017 por Changpeng “CZ” Zhao, nascido na China e criado no Canadá, a Binance deixou o país asiático meses mais tarde em meio à primeira onda de repressão do governo sobre o setor de criptoativos, visto como porta para evasão de divisas.

No entanto, ainda de acordo com a reportagem, a própria Binance ajudou usuários a driblarem os bloqueios impostos na China para não perder usuários. Eles supostamente usam VPN (redes virtuais privadas) para acessar sites proibidos sem serem identificados.

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Ao WSJ, um porta-voz da exchange disse que “o site binance.com é bloqueado na China e não está acessível a usuários baseados na China”, mas não comentou sobre a suposta ajuda a usuários interessados em contornar o bloqueio.

Nos Estados Unidos, a empresa também é acusada de orientar usuários sobre como acessar produtos proibidos no país, no caso, negociações de futuros de criptomoedas. Por esse motivo, enfrenta um processo da CFTC, órgão que supervisiona o mercado de derivativos.

A corretora é alvo de acusações similares no Brasil, e tenta atualmente entrar em acordo com a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para encerrar um Processo Administrativo Sancionador aberto por conta da suposta oferta irregular de valores mobiliários. A autarquia analisa proposta de termo de compromisso.

Paulo Barros

Editor de Investimentos