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Já não é novidade que o interesse do investidor brasileiro em ativos globais tem aumentado nos últimos meses, mas quais as melhores oportunidades para quem quer diversificar geograficamente o portfólio em 2023?
O tema foi destaque durante debate do Onde Investir 2023. Organizado pelo InfoMoney, o evento discute os principais temas que influenciarão suas finanças e investimentos ao longo do ano. Clique aqui para se inscrever.
O painel reuniu Maria Antonia Viuge, sócia e head de análise da Nextep Investimentos, e Carlos Kawall, fundador da Oriz Partners, que vê um cenário favorável para diversificação em ativos globais.
“Tanto nos Estados Unidos como em mercados emergentes que podem se beneficiar do efeito da China sobre os preços das commodities”, reforça Kawall.
Ele lembra que a queda de ativos internacionais em 2022 – tanto da renda fixa como da variável – freou o interesse do investidor brasileiro no exterior, especialmente diante de uma taxa básica de juros da economia nacional, a Selic, em 13,75% ao ano.
Para 2023, prevê, a expectativa lá fora é bem diferente e as incertezas relacionadas à política fiscal do governo Luiz Inácio Lula da Silva tendem a estimular ainda mais a diversificação internacional.
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Renda fixa norte-americana e big techs
Kawall reforça o discurso de quem espera uma recessão nos Estados Unidos, pelo menos do ponto de vista técnico – caracterizada por dois trimestres seguidos de baixa da economia local. A projeção, porém, não é motivo para afastar os investidores brasileiros.
Se confirmada, ele espera uma retração moderada já que os fundamentos da economia dos Estados Unidos dão sinais positivos, como o baixo endividamento tanto de empresas como das pessoas físicas.
Além da perspectiva de a economia norte-americana voltar a um nível mais próximo da capacidade, Kawall pondera que dificilmente haverá cortes de juros na região – o que abre espaço para quem planeja investir na renda fixa local.
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“A taxa de juros não deve voltar aos níveis tão baixos como nos últimos 15 anos até a pandemia”, diz. Sendo assim, a renda fixa [americana] oferece atratividade do ponto de vista da diversificação dos investimentos”, sugere o fundador da Oriz Partners.
Já Maria Antonia, da Nextep Investimentos, destaca oportunidades na renda variável dos Estados Unidos, especialmente na big techs – as gigantes de tecnologia.
Ela reconhece que o ano começa desafiador para o segmento dado o aumento da fiscalização e regulação para este tipo de companhia. Mas duas empresas estão no radar da especialista: Google e, principalmente, Microsoft.
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“Em meio a estes debates sobre aquisições por parte da Microsoft, me parece que há alguma upside [potencial de ganho] em caso de aprovação”, explica. “Mas em caso negativo, eu [continuo gostando] muito do modelo atual da Microsoft”, pontua.
Maria Antonia lembra que big techs costumam ter muito dinheiro em caixa e o desafio é onde investir o recurso com bom potencial de retorno – especialmente em um ambiente mais regulado.
China e Europa
Maria Antonia é mais cautelosa em relação a ativos da China, mas o país asiático também faz parte do portfólio da gestora.
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“[Procuramos] os benefícios do investimento em China, mas em empresas do país com sede na Europa”, detalha. “Há empresas boas na região, mas o comportamento da ação pode não ser tão bom assim”, alerta.
Ela explica que o desempenho do papel das companhias tende a ser muito movido pela expectativa de intervenção do governo local, fator que foge da capacidade de análise do investimento.
Kawall destaca ainda que problemas geopolíticos – como restrições comerciais com os Estados Unidos – podem pesar para o investimento em China no médio e longo prazo.
Para este ano, ele destaca a tendência para um crescimento maior do país asiático, especialmente para empresas do segmento de serviços, este bastante pressionado por conta da pandemia da Covid-19 nos últimos anos.
Sobre a Europa, os especialistas também mantêm cautela diante ainda de um cenário de inflação alta e das consequências geradas pela guerra entre Rússia e Ucrânia.
“[É preciso observar] quais empresas conseguem sobreviver diante de um cenário como o atual – de aperto de demanda”, orienta Maria Antônia. “[Observamos companhias que tendem a] superar o gargalo de suprimento, ganham mercado e conseguem sair de um cenário de crise mais forte”, finaliza.