CDBs de inflação pagam até 8,63%, enquanto teto de pós-fixados é de 110% do CDI; veja destaques de retornos

Levantamento da Quantum Finance indica que rentabilidade recuou em vários casos, mas chegou a subir para certos vencimentos

Bruna Furlani

Dinheiro na carteira (Brenda Beth/Getty Images)
Dinheiro na carteira (Brenda Beth/Getty Images)

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Sucessivos ajustes para baixo nas projeções para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) neste ano, juntamente com perspectivas de que o Banco Central vai manter a Selic em 13,75% ao ano em setembro, ajudaram a reduzir a rentabilidade máxima oferecida por alguns Certificados de Depósito Bancário (CDBs) nos últimos dias.

Levantamento feito pela Quantum Finance, empresa de soluções para o mercado financeiro, a pedido do InfoMoney, mostrou que a rentabilidade máxima real oferecida por CDBs atrelados à inflação era de IPCA mais 8,63% ao ano entre os dias 16 e 26 deste mês. O papel em questão tinha vencimento em 12 meses e era emitido pelo BTG Pactual.

A título de comparação, no levantamento da quinzena anterior, entre os dias 1º e 12 de agosto, o retorno máximo encontrado entre os CDBs de 12 meses era de IPCA mais 9,11% ao ano. Ambas as rentabilidades não descontam o Imposto de Renda (IR).

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Os CDBs com vencimento em 24 meses ou 36 meses também registraram queda nos retornos máximos nos últimos dias. Os juros reais passaram, respectivamente, de 7,14% ao ano para 6,60% ao ano e de 6,29% para 5,67% ao ano.

Também houve queda nos juros médios dos CDBs atrelados ao IPCA, com destaque para os títulos com vencimento em 24 meses. Segundo a Quantum, o retorno passou de IPCA mais 6,78% ao ano na média no último levantamento, para IPCA mais 6,35% na pesquisa atual.

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Parte do recuo é efeito das revisões para baixo nas projeções para a inflação oficial. Nesta semana, o Relatório Focus – que traz as estimativas do grupo de economistas consultados pelo Banco Central – apontou que a previsão para o IPCA neste ano agora está em 6,70% ao ano, contra 6,82% registrados sete dias antes. Da mesma forma, as estimativas para a inflação oficial no ano que vem estão em 5,30%, ligeiramente abaixo dos 5,33% da semana passada.

A queda também é impulsionada pela visão dos agentes financeiros de que a Selic deve encerrar este ano em 13,75%, conforme trouxe o Relatório Focus desta semana. Essa aposta tem se mantido quase que majoritária, após a ata do último Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, e de revisões para baixo nas expectativas de inflação deste ano e do próximo.

Retornos brutos de CDBs indexados à inflação (de 16/08 a 26/08)

Prazo (meses) Indexador Taxa mínima Taxa média Taxa máxima Número de títulos Emissor da maior taxa
12 100% IPCA 6,15% 8,09% 8,63%                             168 BANCO BTG PACTUAL
24 100% IPCA 6,08% 6,35% 6,60%                               10 BANCO BTG PACTUAL
36+ 100% IPCA 5,20% 5,55% 5,67%                                 4 BANCO BTG PACTUAL

Fonte: Quantum Finance. Obs: Os retornos são brutos, sem descontar o Imposto de Renda.

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CDBs atrelados ao CDI

Já entre os títulos com remuneração atrelada ao CDI (taxa de referência da renda fixa), o movimento foi misto: o retorno médio de CDBs com vencimento em três meses recuou, enquanto a rentabilidade média oferecida por papéis com vencimento a partir de seis meses avançou, em sua maioria.

No primeiro caso, o juro médio caiu de 102,28% do CDI para 102,01% do CDI. Nos demais prazos, como o de vencimento em 12 meses, por exemplo, a rentabilidade média avançou de 100,66% do CDI para 101,40% do CDI.

Tirando os CDBs com vencimento em três meses e em 24 meses – que viram o retorno cair de 105% do CDI para 104,50% do CDI e de 118% do CDI para 106% do CDI, nessa ordem – a maior parte dos papéis atrelados ao CDI registrou alta nas taxas máximas, com destaque para o título com vencimento em 12 meses, que viu o retorno subir de 108% do CDI para 110% do CDI nos últimos dias.

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O papel que oferecida a maior remuneração para o prazo de um ano era emitido pelo Banco BMG.

Retornos brutos de CDBs indexados ao CDI (de 16/08 a 26/08)

Prazo (meses) Indexador Taxa mínima Taxa média Taxa máxima Número de títulos Emissor da maior taxa
3 DI 97,50% 102,01% 104,50%                               45 BANCO BTG PACTUAL
6 DI 97,50% 100,78% 104,00%                               39 BANCO XP
12 DI 90,00% 101,40% 110,00%                               45 BANCO BMG
24 DI 98,00% 100,17% 106,00%                               76 BANCO MERCANTIL BRASIL
36+ DI 96,00% 102,73% 110,00%                               31 BANCO MERCANTIL BRASIL

Fonte: Quantum Finance. Obs: Os retornos são brutos, sem descontar o Imposto de Renda.

CDBs prefixados

No caso de papéis prefixados, em que o retorno é “travado” no momento da compra, os juros oferecidos não apresentaram direção única nos últimos dias.

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Os CDBs com vencimento em três meses, por exemplo, registraram leve avanço nos juros máximos, que passaram de 14,12% ao ano para 14,15% ao ano. Tal retorno era oferecido por um título do Banco Daycoval.

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Da mesma forma, títulos com vencimento em 12 e 36 meses viram a remuneração subir de 14,27% ao ano, no último levantamento, para 15,50% ao ano agora, e de 14,15% ao ano para 14,20%, respectivamente.

Por outro lado, papéis com prazo de seis e de 24 meses registraram recuo nos retornos, que saíram dos 14,15% ao ano para 14,08% ao ano, e de 14,34% ao ano para 14,19% ao ano, nessa ordem.

Retornos de CDBs prefixados (de 16/08 a 26/08)

Prazo (meses) Indexador Taxa mínima Taxa média Taxa máxima Número de títulos Emissor da maior taxa
3 PREFIXADO 12,65% 13,79% 14,15%                               66 BANCO DAYCOVAL
6 PREFIXADO 13,38% 13,76% 14,08%                               29 BANCO DAYCOVAL
12 PREFIXADO 13,15% 13,90% 15,50%                               35 BANCO DAYCOVAL
24 PREFIXADO 12,35% 12,90% 14,19%                               19 BANCO BMG
36+ PREFIXADO 12,01% 13,01% 14,20%                               15 BANCO DAYCOVAL

Fonte: Quantum Finance. Obs: Os retornos são brutos, sem descontar o Imposto de Renda.

Um olho no PIB, outro no payroll

Após uma fala vista como mais dura e inclinada ao aperto monetário (hawkish) de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed, banco central americano), na sexta-feira (26), o destaque da cena externa está na apresentação dos números de emprego (payroll) dos Estados Unidos.

Luciano Costa, economista-chefe e sócio da Monte Bravo Investimentos, afirma que esse payroll é de extrema importância porque será o último antes do próximo encontro do Fed em setembro.

Para o economista, se o documento trouxer uma nova surpresa com forte geração de vagas de trabalho e taxa de desemprego baixa, isso deve aumentar ainda mais as discussões em torno de um aumento de 0,75 ponto percentual no mês que vem, assim como as projeções para a taxa terminal americana.

Por volta das 13h (horário de Brasília), 74,5% dos agentes acreditavam que o Fed deveria elevar os juros em 0,75 ponto na reunião de setembro, contra 25,5% das apostas em um ajuste menor, de 0,50 ponto. Um mês antes, a situação era a oposta: uma alta de 0,50 era vista como a mais provável por 72% do mercado, segundo o CME Group.

Costa destaca que o Fed está tentando “corrigir” a precificação que foi dada pelo mercado e que levou a uma alta expressiva das bolsas americanas em julho. Na ocasião, a autoridade monetária deu a entender que a instituição adotaria uma postura mais dovish (menos inclinada ao aperto monetário) no próximo encontro, o que impulsionou ganhos nos índices acionários americanos.

O mercado chegou, inclusive, a cogitar que seria possível que o Fed conseguisse realizar um corte de juros já no ano que vem – visão que vem perdendo força entre agentes financeiros.

“Não imaginamos um cenário em que o Fed suba juros agora e já comece a cortar no terceiro ou quarto trimestres de 2023”, diz. “A maior novidade do discurso foi o comprometimento de levar o juro para o nível restritivo e ficar com ele ali parado por um tempo”, observa Costa.

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A postura mais dura da autoridade monetária americana no controle da inflação deve ter reflexo também na curva de juros local, conforme mostra Gustavo Sung, economista-chefe da Suno. A explicação é porque a elevação dos juros americanos tornaria os títulos de lá mais atrativos.

Como consequência, poderia haver um fluxo de capital estrangeiro do Brasil para os Estados Unidos. “Saída de capital levaria a uma desvalorização do nosso câmbio e pressionaria a curva [para cima]”, resume Sung.

Embora o cenário internacional deva ser acompanhado de perto pelo mercado nos próximos dias, a semana também reservará vários números de atividade local, com destaque para o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil no segundo trimestre, que será apresentado na quinta-feira (1).

Costa, da Monte Bravo, afirma que a estimativa do mercado está em torno de uma alta de 0,70% ou 0,80% em relação ao trimestre anterior.

Sung, da Suno, lembra que os números de atividade podem impactar a curva de juros, a depender do nível de expansão que for verificado entre abril e junho deste ano.

“Caso os números venham muito abaixo do esperado, o que pode sinalizar uma desaceleração, a curva pode ser afetada negativamente, pois o mercado pode enxergar uma queda nos juros mais rápida no futuro”, alerta o especialista da Suno.

Por outro lado, diz Sung, se a atividade vier bem acima do esperado e continuar no terceiro trimestre, isso pode indicar que a inflação será um pouco mais persistente. Com isso, o mercado pode enxergar a necessidade de um juro mais alto, por mais tempo, o que também pode afetar a curva, pondera.

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