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Todo investidor sabe (ou pelo menos deveria) que o mercado financeiro espera um corte da taxa básica de juros (Selic) entre agosto e setembro. A partir dessa expectativa, os agentes do mercado ajustam suas posições e, na renda fixa, as taxas se adequam ao cenário esperado. É possível identificar movimentos de ajustes nas taxas dos CDBs (Certificados de Depósitos Bancários), que caminham em direções opostas e dão lições valiosas aos investidores.
Enquanto os juros de títulos bancários prefixados seguem em queda, as taxas dos pós-fixados (atrelados ao CDI) sobem – e especialistas apostam que as tendências devem se manter nas próximas semanas.
O movimento pode ser visto em um levantamento feito pela Quantum Finance a pedido do InfoMoney. A empresa analisou 533 CDBs emitidos na quinzena entre os dias 20 de junho e 3 de julho.
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O levantamento mostrou que os pós-fixados pagam até 120% do CDI. Na quinzena anterior, o retorno máximo era de 111%. A taxa média para ativos com vencimento em 12 meses subiu de 101,18% do CDI para 102,60%. Para os CDBs de 36 meses, a média de retorno passou de 102,43% do CDI para 103,14% da taxa referencial.
Mas nem tudo é o que parece: especialistas afirmam que taxas mais altas não significam, necessariamente, retorno maior.
A explicação é que os ativos atrelados ao CDI “precisam” pagar taxas mais altas para não haver disparidade entre pós e prefixados. Com a previsão de queda da Selic, os juros futuros caem, o que, em tese, diminuirá o retorno de quem investiu num pós-fixado. Porém, ainda há prefixados pagando mais de 14% ao ano. Para deixar as taxas mais interessantes, os bancos aumentam a parcela do CDI que o papel pagará.
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“Existe uma paridade nas taxas”, explica Rodrigo Caetano, analista da Toro Investimentos. Ele completa: “à medida que há perspectiva de redução nos juros, é preciso aumentar o percentual dos pós-fixados para que a remuneração fique próxima à dos prefixados”.
Para Alexandre Yamamoto, analista de renda fixa da Levante, a alta nas taxas dos pós-fixados “deve continuar até que se enxergue um piso para a Selic”.
Retornos de CDBs indexados ao CDI (de 20/jun a 03/jul) | ||||||
Prazo (meses) | Indexador | Taxa mínima | Taxa média | Taxa máxima | Número de títulos | Emissor da maior taxa |
3 | %CDI | 97,50% | 101,02% | 106,00% | 34 | BANCO VOLKSWAGEN; BR PARTNERS BANCO DE INVESTIMENTO |
6 | %CDI | 97,50% | 100,14% | 108,00% | 51 | BANCO BMG |
12 | %CDI | 90,00% | 102,60% | 120,00% | 61 | BANCO MASTER |
24 | %CDI | 98,00% | 101,11% | 113,00% | 76 | FACTA FINANCEIRA; ZEMA CREDITO FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO |
36 | %CDI | 100,00% | 103,14% | 118,00% | 62 | BANCO MASTER |
Fonte: Quantum Finance. Obs: Os retornos são brutos, ou seja, não consideram o Imposto de Renda.
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CDBs atrelados à inflação
Seguindo na linha do “nem tudo é o que parece”, a taxa média dos títulos de inflação segue em alta. Para papéis com vencimento em 24 e 36 meses, o retorno médio aumentou de IPCA + 6,68% para 6,73% e de 6,48% para 6,54%, respectivamente.
O movimento acontece há pelo menos um mês e também pode levar investidores ao engano. A explicação para essa tendência está na perspectiva menor de inflação: os indicadores de variação de preços vêm surpreendendo positivamente e o mercado vem reduzindo a expectativa de inflação há sete semanas, segundo o boletim Focus do Banco Central.
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Como as taxas de prefixados, pós-fixados e títulos de inflação convergem para uma faixa comum, a parte prefixada dos CDBs atrelados à inflação precisa subir para compensar um IPCA mais fraco.
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O levantamento da Quantum Finance mostrou que a taxa máxima dos CDBs de inflação subiu de 7,10% para 7,20% para papéis com vencimento em 24 meses. O papel de maior taxa foi emitido pelo Paraná Banco e paga 8,40% além da variação do IPCA.
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Felipe Albani, analista de Investimentos do Sicredi, olha para os CDBs de inflação de longo prazo com ceticismo: “acredito que grande parte do prêmio (de inflação mais baixa) já foi precificado, além de o investidor renunciar à liquidez em períodos mais longos”, comenta o especialista.
As taxas mínimas recuaram de 5,40% para 5,20% no prazo de 24 meses e de 6,10% para 5,90% nos papéis de 36 meses. O número de emissões de CDBs de inflação subiu para 118 ante 85 na quinzena anterior.
Retornos de CDBs indexados à inflação (20/jun a 03/jul) | ||||||
Prazo (meses) | Indexador | Taxa mínima | Taxa média | Taxa máxima | Número de títulos | Emissor da maior taxa |
12 | IPCA | 8,37% | 8,39% | 8,40% | 4 | PARANÁ BANCO |
24 | IPCA | 5,20% | 6,73% | 7,20% | 58 | HAITONG BANCO DE INVESTIMENTO DO BRASIL |
36 | IPCA | 5,90% | 6,54% | 6,85% | 56 | HAITONG BANCO DE INVESTIMENTO DO BRASIL |
Fonte: Quantum Finance. Obs: Os retornos são brutos, ou seja, não consideram o Imposto de Renda.
CDBs prefixados
Os juros dos títulos bancários prefixados seguem a já bem estabelecida tendência de queda. Houve recuo em todas as leituras – taxas mínimas, médias e máximas de todos os prazos.
As quedas nas taxas foram maiores nos títulos mais longos. A taxa média de papéis com vencimento em 24 meses recuou de 11,63% para 10,88% e o retorno dos prefixados de 36 meses caiu de 12% para 11,10%. Já o recuo dos CDBs de três meses foi de 13,70% para 13,55%, enquanto a taxa média dos títulos de seis meses caiu de 13,43% para 13,27%.
Para Rodrigo Caetano, as taxas dos prefixados “seguirão caindo enquanto temos cenário de arrefecimento de juros”. O especialista explica que apenas novas expectativas de alta da Selic podem fazer os juros subir novamente. Albani comenta que “algum tipo de leitura mais pessimista do mercado” não deve acontecer “no curtíssimo prazo”.
Na leitura mais recente, o prefixado com maior rentabilidade (14,03%) foi emitido pelo BTG Pactual. Foram emitidos 131 CDBs prefixados na última quinzena, 17 a menos que o número de emissões no período anterior.
Retornos de CDBs prefixados (20/jun a 03/jul) | ||||||
Prazo (meses) | Indexador | Taxa mínima | Taxa média | Taxa máxima | Número de títulos | Emissor da maior taxa |
3 | PREFIXADO | 13,00% | 13,55% | 14,03% | 28 | BANCO BTG PACTUAL |
6 | PREFIXADO | 12,50% | 13,27% | 13,88% | 49 | BANCO DAYCOVAL |
12 | PREFIXADO | 11,65% | 12,41% | 12,89% | 36 | BANCO DAYCOVAL |
24 | PREFIXADO | 10,10% | 10,88% | 11,62% | 15 | BANCO DAYCOVAL |
36 | PREFIXADO | 10,55% | 11,10% | 11,71% | 3 | BANCO DAYCOVAL |
Fonte: Quantum Finance. Obs: Os retornos são brutos, ou seja, não consideram o Imposto de Renda.
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