CDB hoje: retorno máximo de prefixados recua para 14,40% com perspectiva de corte de juros no radar

Valor máximo entregue por CDBs atrelados ao CDI chega a 116,50%; títulos de inflação apresentam alta nas rentabilidades máximas

Bruna Furlani

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A visão defendida por parcela do mercado de que o próximo movimento do Banco Central será de corte da Selic ajudou a reduzir os retornos máximos da maior parte dos Certificados de Depósito Bancário (CDBs) prefixados na última quinzena, impulsionada também pela queda dos juros futuros.

É isso o que mostra um estudo feito pela Quantum Finance a pedido do InfoMoney. O destaque ficou por conta de CDBs prefixados com vencimento a partir de 36 meses, em que o juro máximo passou de 13,31%, entre os dias 11 e 24 de abril, para 12,80%, entre os dias 25 de abril e 8 de maio.

Houve queda também nas taxas máximas de papéis com prazo de 24 meses, que passaram de 12,74% para 12,25% ao ano na última quinzena.

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“Apesar de existirem opiniões diferentes com relação ao timing, os agentes de mercado têm como consenso de que em algum momento entre o início do segundo semestre de 2023 e o final do primeiro trimestre de 2024, o Banco Central irá começar a cortar juros”, observa Diogo Carneiro, gestor de produtos de renda fixa do Andbank.

Retornos brutos de CDBs prefixados (de 25/04 a 08/05)

Prazo (meses) Indexador Taxa mínima Taxa média Taxa máxima Número de títulos Emissor da maior taxa
3 PREFIXADO 13,55% 13,81% 14,12% 25 BANCO DAYCOVAL
6 PREFIXADO 13,05% 13,83% 14,40% 45 BANCO ALFA DE INVESTIMENTO
12 PREFIXADO 12,50% 13,38% 13,95% 44 BANCO DAYCOVAL
24 PREFIXADO 11,55% 11,98% 12,25% 6 HAITONG BANCO DE INVESTIMENTO DO BRASIL
36 PREFIXADO 12,48% 12,64% 12,80% 4 BANCO DAYCOVAL

Fonte: Quantum Finance. Obs: Os retornos são brutos, sem descontar o Imposto de Renda.

Embora os retornos máximos tenham recuado, as rentabilidades médias entregues por uma parte dos CDBs prefixados registrou alta no mesmo período, com uma subida mais intensa entre os papéis com vencimento em três e em 24 meses.

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No primeiro caso, o juro médio saltou de 13,64% para 13,81% ao ano , enquanto os CDBs prefixados com vencimento em 24 meses passaram a oferecer uma taxa média de 11,98%, bem acima dos 11,27% registrados anteriormente.

Ao mesmo tempo, o número de ofertas de CDBs prefixados continuou a tendência de queda vista em semanas anteriores.

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Entre os dias 25 de abril e 8 de maio, foram registradas 124 ofertas de títulos prefixados. Já na quinzena anterior, foram 143 ofertas de produtos do tipo, valor levemente abaixo das 146 operações feitas 15 dias antes.

CDBs atrelados ao CDI

Movimento parecido foi registrado nos CDBs com retorno atrelado ao CDI. Na última quinzena, as ofertas desse tipo de produto voltaram a recuar e chegaram a 219. Quatro semanas antes, foram registradas 261 ofertas.

Na avaliação de Carneiro, os bancos ficaram mais cautelosos após os eventos de crédito envolvendo Americanas (AMER3) e Light (LIGT3) e estão com menor apetite para a concessão de crédito. Ao mesmo tempo, ele lembra que as empresas estão menos dispostas a se endividar devido ao nível alto de juros no País.

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“Esse movimento leva à diminuição do volume de crédito concedido. Logo, para equilibrar o balanço, considerando que houve uma captação significativa no primeiro trimestre do ano, os bancos diminuem o volume disponível e ajustam as taxas para baixo”, afirma o gestor.

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A última quinzena também foi de queda para a maior parte dos retornos médios oferecidos por papéis atrelados ao CDI. A contração mais significativa envolveu CDBs com retorno de 12 meses, que viram o juro médio passar de 102,68% do CDI para 101,93% do CDI.

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Da mesma forma, a maior parte das taxas máximas recuou no período, sendo que a queda mais significativa foi de títulos com prazo de 12 meses em que o juro máximo saiu de 120% do CDI e chegou a 108% do CDI na última quinzena.

Apenas CDBs com vencimento em seis e a partir de 36 meses registraram avanço nos retornos máximos, com as taxas chegando a 107% do CDI e 116,50%, respectivamente.

Retornos brutos de CDBs indexados ao CDI (de 25/04 a 08/05)

Prazo (meses) Indexador Taxa mínima Taxa média Taxa máxima Número de títulos Emissor da maior taxa
3 %CDI 97,50% 101,41% 104,50% 22 BANCO BTG PACTUAL; MERCADO CRÉDITO SOCIEDADE DE CREDITO FIN. E INVEST.
6 %CDI 97,50% 101,33% 107,00% 39 PARANÁ BANCO
12 %CDI 90,00% 101,93% 108,00% 64 BANCO DAYCOVAL
24 %CDI 98,00% 100,61% 107,00% 41 BANCO BMG; BANCO DAYCOVAL
36 %CDI 100,00% 102,74% 116,50% 53 BANCO PAN

Fonte: Quantum Finance. Obs: Os retornos são brutos, sem descontar o Imposto de Renda.

CDBs atrelados à inflação

Por outro lado, as taxas máximas oferecidas por CDBs atrelados à inflação apresentaram alta na última quinzena. No caso dos papéis com vencimento em 24 meses, o juro máximo chegou a 6,40%, acima dos 5,95% vistos no levantamento anterior.

Títulos com vencimento a partir de 36 meses também registraram uma subida nos retornos máximos, que avançaram para 6,65%, percentual superior aos 6,25% vistos 15 dias antes.

Também foi possível ver o retorno de ofertas de papéis atrelados à inflação com vencimento em 12 meses entre os dias 25 de abril e 8 de maio, que não tinham aparecido no levantamento anterior feito entre 11 e 24 de abril.

Enquanto as ofertas de CDBs prefixados e atrelados ao CDI recuaram, a última quinzena foi de avanço nas emissões de títulos atrelados à inflação, que chegaram a 64. No levantamento anterior, o número de ofertas foi de 40, contra 18 quinze dias antes.

As taxas médias oferecidas por papéis atrelados à inflação também avançaram no período. O destaque ficou por conta dos títulos com vencimento em 36 meses, em que o juro saltou de 5,81% para 6,36% agora.

Retornos brutos de CDBs indexados à inflação (de 25/04 a 08/05)

Prazo (meses) Indexador Taxa mínima Taxa média Taxa máxima Número de títulos Emissor da maior taxa
12 IPCA 6,40% 6,48% 6,55% 2 BANCO ABC BRASIL
24 IPCA 5,15% 5,79% 6,40% 15 HAITONG BANCO DE INVESTIMENTO DO BRASIL
36 IPCA 5,85% 6,36% 6,65% 47 HAITONG BANCO DE INVESTIMENTO DO BRASIL

Fonte: Quantum Finance. Obs: Os retornos são brutos, sem descontar o Imposto de Renda.

Dados de inflação no Brasil e nos EUA e indicações para o BC

Após meses de alta nas projeções feitas por economistas consultados pelo BC no Relatório Focus, as expectativas para o IPCA neste ano e no próximo recuaram nesta semana.

Segundo o documento do Banco Central, a mediana das estimativas para a inflação no fim deste ano agora está em 6,05%, contra 6,02% na semana anterior. Já em 2024, a mediana recuou de 4,18% para 4,16%.

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Apesar da queda, economistas ouvidos pelo InfoMoney reforçam que as projeções ainda estão em patamar muito superior às metas estabelecidas para cada ano, o que não alivia por ora o trabalho do Banco Central.

Para o ano de 2023, a meta de inflação é de 3,25%, enquanto a meta do ano que vem está em 3,00%. O intervalo de tolerância é de 1,5 ponto percentual para mais e para menos em ambos os casos.

“É uma boa notícia esse leve recuo, mas não foi um movimento contundente”, disse. “Não dá pra ser comemorado pelo BC porque ainda há algumas questões a serem definidas e que podem impactar a trajetória de inflação”, alerta o economista-chefe da Monte Bravo, Luciano Costa.

Um dos temas de atenção está no arcabouço fiscal, que pode ter o desenho alterado durante a sua tramitação no Legislativo, observa o economista.

Outro ponto envolve uma possível mudança na meta de inflação. Para Costa, a questão ainda não foi “resolvida” e não é possível descartar que haja uma nova rodada de deterioração nas expectativas se houver mais ruídos.

De olho na escalada de preços, dados de inflação referentes ao mês de abril, que serão apresentados nesta sexta-feira (12), estão no foco da agenda nesta semana.

Na Monte Bravo, a expectativa é que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) avance 0,56% em abril. A casa realizou uma leve revisão para cima na projeção após divulgação da prévia da inflação de abril, que trouxe uma pressão maior de passagens aéreas, conforme explica o economista da casa.

Segundo o executivo, o resultado também deve mostrar um impacto maior em bens e em medicamentos, que sofreram um reajuste que começou a valer a partir do começo de abril.

Para Costa, a inflação deve desacelerar, mas ainda deve apresentar certa resiliência na parte de serviços e dos núcleos. Nas projeções da casa, o IPCA deve encerrar este ano em 6,6%, percentual que está um pouco maior do que o previsto no Focus.

A persistência dos núcleos e de expectativas de inflação em patamar elevado têm sido fonte de preocupação no Banco Central.

Na ata divulgada nesta terça-feira (9), o BC reforçou que as expectativas de inflação estão “desancoradas” e que a execução da política monetária, neste momento, requer serenidade e paciência para incorporar as defasagens inerentes ao controle da inflação através da taxa de juros e, assim, atingir os objetivos no horizonte relevante de política monetária.

Para os agentes, a leitura é de que o BC procurou afastar – mais uma vez – a possibilidade de cortes no curto prazo.

“O comunicado pareceu suficientemente claro sobre a ausência de condições que justifiquem uma redução da Selic na próxima reunião. Esperamos o início dos cortes da Selic no início de 2024”, observou o economista-chefe da Porto Asset Management, José Pena.

Mas há quem defenda a possibilidade de cortes mais cedo, caso da Reach Capital. O sócio e economista-chefe, Igor Barenboim, avalia que não há nenhuma sinalização de corte para junho, mas não descarta a chance de quedas a partir de agosto.

O profissional elenca três fatores a serem monitorados para que isso ocorra. Segundo ele, se as expectativas de inflação continuarem a cair, se a projeção de inflação for para 2,9% em 2024 no horizonte relevante do BC,  e se a indicação de Gabriel Galípolo para a diretoria de Política Monetária for aprovada.

No documento divulgado nesta terça-feira, o Copom analisou um cenário alternativo com juros estáveis ao longo de todo o horizonte relevante, em que as projeções de inflação situavam-se em 5,7% em 2023 e 2,9% em 2024.

Para Barenboim, Galípolo é alinhado ao governo, mas é conhecedor do sistema financeiro. Atualmente, o executivo é secretário-executivo do Ministério da Fazenda, mas anteriormente ele foi presidente do Banco Fator.

“Dentro do universo possível, é um bom nome”, avalia o especialista da Reach, que acredita também que o executivo deve buscar construir um consenso para realizar um corte de 25 pontos-base a partir da reunião de agosto.

Desde o início do mandado de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o presidente vem realizando intensas críticas ao nível da taxa de juros, alegando que ela impede investimentos e o crescimento da economia, além de penalizar muito a concessão de crédito para quem precisa.

Na visão do economista da Reach, se Galípolo for capaz de envolver o corpo técnico e construir consenso, ele deverá fazer um “bom trabalho” e construir a nomeação para uma eventual presidência do BC “sem estripulias”.

Para além da agenda local, outro destaque da semana estará nos dados de inflação nos Estados Unidos. Nesta quarta-feira (10), foi divulgado que o índice de preços ao consumidor dos Estados Unidos (CPI, na sigla em inglês) subiu 0,4% em abril, em linha com as estimativas, segundo consenso da Refinitiv.

Já na base anual, a alta foi de 4,9%, ante expectativa de 5%. Após a divulgação dos números, a curva de juros americana voltou a fechar. O dólar também perdeu força diante de outras divisas de países desenvolvidos.

Na visão do trader do Braza Bank Gabriel Ribeiro, a explicação é que a preocupação de que o Federal Reserve (Fed, banco central americano) possa elevar os juros novamente diminuiu agora após a divulgação de um CPI dentro do esperado.

Mesmo com o tom considerado mais ‘hawkish‘ por parte do BC, é uma sinalização de que o fim do aperto monetário pode estar próximo”, afirma Ribeiro.

Um alívio nos juros lá fora tende a favorecer novo fechamento da curva de juros brasileira.

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