CDB hoje: retorno máximo cai para 14,27% com alívio na curva de juros; pós-fixados pagam até 113% do CDI

Maior parte dos títulos com retorno atrelado ao IPCA também terminou última quinzena com queda nas taxas máximas

Bruna Furlani

Fonte: Pixabay
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O movimento misto dos juros futuros nas últimas semanas – com leve alta nos vértices mais curtos e queda nos vencimentos mais longos impulsionado pela falta de detalhes sobre o novo arcabouço fiscal, melhora de dados de inflação e discussões sobre antecipação do corte da Selic – teve reflexo também nos retornos oferecidos por Certificados de Depósito Bancário (CDBs).

Entre os dias 28 de março e 10 de abril, a rentabilidade máxima entregue por títulos prefixados caiu para todos os vencimentos. O recuo mais significativo foi para papéis com prazo a partir de 36 meses, em que o juro mais elevado passou de 14,03% na quinzena anterior, entre 14 a 27 de março, para 13,60% no levantamento atual.

O CDB em questão era emitido pelo Banco Daycoval, que possui classificação de risco de crédito (rating) nacional de longo prazo AA, ou seja, uma das mais altas, segundo a Fitch Ratings. Os dados foram coletados pela Quantum Finance para o InfoMoney.

Retornos brutos de CDBs prefixados (de 28/03 a 10/04)

Prazo (meses) Indexador Taxa mínima Taxa média Taxa máxima Número de títulos Emissor da maior taxa
3 PREFIXADO 13,60% 13,90% 14,12%                               21 BANCO DAYCOVAL
6 PREFIXADO 13,10% 13,89% 14,27%                               57 BANCO DAYCOVAL
12 PREFIXADO 12,90% 13,55% 13,89%                               31 BANCO DAYCOVAL
24 PREFIXADO 11,60% 12,40% 13,15%                               12 HAITONG BANCO DE INVESTIMENTOS DO BRASIL
36 PREFIXADO 12,95% 13,26% 13,60%                               25 BANCO DAYCOVAL

Fonte: Quantum Finance. Obs: Os retornos são brutos, sem descontar o Imposto de Renda.

CDBs atrelados à inflação

Na última quinzena, o movimento de queda não ficou restrito a papéis prefixados. A maior parte dos CDBs com retorno atrelado ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) também terminou o período com um recuo nas taxas máximas.

A mudança mais significativa foi registrada por títulos com vencimento a partir de 24 meses, em que a taxa máxima saiu de 6,70% mais IPCA, no levantamento anterior, para 5,95% acrescido de IPCA agora.

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O título era emitido pelo Haitong Banco de Investimentos do Brasil, que possui rating de crédito de longo prazo BB, de acordo com a agência S&P. Tal classificação é considerada de grau especulativo, ou seja, de maior risco.

Entre os dias 28 de março e 10 de abril, apenas CDBs com vencimento em 12 meses conseguiram registrar alta nos retornos máximos, que passaram de 5,70% para 6,40% no levantamento atual.

Retornos brutos de CDBs indexados à inflação (de 28/03 a 10/04)

Prazo (meses) Indexador Taxa mínima Taxa média Taxa máxima Número de títulos Emissor da maior taxa
12 IPCA 6,40% 6,40% 6,40%                                 1 BANCO PAN
24 IPCA 4,95% 5,42% 5,95%                               11 HAITONG BANCO DE INVESTIMENTOS DO BRASIL
36 IPCA 4,95% 6,02% 6,50%                               28 HAITONG BANCO DE INVESTIMENTOS DO BRASIL

Fonte: Quantum Finance. Obs: Os retornos são brutos, sem descontar o Imposto de Renda.

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CDBs atrelados ao CDI

O movimento misto da curva de juros também pôde ser sentido nas taxas oferecidas por CDBs atrelados ao CDI. No período analisado pela Quantum, a maior parte dos títulos apresentou um aumento dos juros médios.

O destaque ficou para papéis com vencimento em três meses, que viram a rentabilidade média saltar de 99,29% do CDI para 102,13% do CDI.

Apenas títulos com prazo de seis e de 36 meses apresentaram recuo nos juros médios entre os dias 28 de março e 10 de abril, com o percentual passando de 101,11% do CDI para 100,94% do CDI, e 103,79% do CDI para 103,58% do CDI, nessa ordem.

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Já no quesito taxa máxima, a maioria dos papéis terminou o período com estabilidade. Na última quinzena, o valor mais elevado pago foi de 113% do CDI, em linha com os 112% do CDI que eram oferecidos na pesquisa anterior, entre 14 e 27 de março.

Retornos brutos de CDBs indexados ao CDI (de 28/03 a 10/04)

Prazo (meses) Indexador Taxa mínima Taxa média Taxa máxima Número de títulos Emissor da maior taxa
3 %CDI 97,50% 102,13% 106,00%                               24 PARANÁ BANCO
6 %CDI 97,50% 100,94% 106,00%                               65 BANCO DAYCOVAL, NBC BANK
12 %CDI 90,00% 102,17% 110,60%                               60 BR PARTNERS BANCO DE INVESTIMENTO
24 %CDI 98,00% 102,22% 110,00%                               53 HAITONG BANCO DE INVESTIMENTOS DO BRASIL
36 %CDI 97,00% 103,58% 113,00%                               59 BANCO ANDBANK

Fonte: Quantum Finance. Obs: Os retornos são brutos, sem descontar o Imposto de Renda.

Dados mais animadores no Brasil e nos EUA

Depois de semanas agitadas com a apresentação do arcabouço fiscal e falta de detalhes sobre o projeto, agentes financeiros conseguiram respirar um pouco mais aliviados nos últimos dias após a divulgação de dados de inflação vindos do Brasil e dos EUA.

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Na manhã desta quarta-feira (12), por exemplo, o Departamento do Trabalho americano informou que o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) subiu 0,1% em março na comparação mensal – resultado que ficou abaixo do estimado por analistas do consenso Refinitiv (0,2%).

No acumulado dos últimos 12 meses até março, a inflação atingiu 5,0%, percentual que também foi inferior aos 5,6% esperados pelo consenso.

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Para o economista-chefe e sócio da Monte Bravo Investimentos, Luciano Costa, a leitura do indicador americano foi “favorável” e deixa o Federal Reserve (Fed, banco central americano) numa posição mais “confortável” para elevar os juros em 0,25 ponto percentual na reunião de maio e encerrar o ciclo com os juros entre 5% e 5,25%.

Na visão do profissional, os dados de hoje mostraram que a inflação em 12 meses está desacelerando e que há um recuo na margem na parte de serviços, que tem sido o foco do Fed.

“Tirando a parte de housing [habitação], o núcleo desacelerou para uma alta de 0,40%. É um nível mais favorável”, afirma. Apesar da melhora, o economista não nega que dados de inflação e do mercado de trabalho reforçam a necessidade de aperto adicional por parte do Fed.

A visão é compartilhada por economistas do Itaú. Em relatório divulgado hoje, os especialistas da casa ressaltaram que o número mostrou que o processo mais significativo de desinflação ainda não está completo nos Estados Unidos e que o Fed terá que elevar os juros em 0,25 ponto no próximo encontro e parar, diante do estresse bancário que vive o País agora.

Leitura positiva também dos dados de inflação vindos do Brasil. Ontem (11), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial do País, desacelerou para 0,71% em março, após subir 0,84% em fevereiro, e soma agora seis meses seguidos de alta.

Nos últimos 12 meses, o indicador acumula alta de 4,65%. No ano, a inflação apresenta evolução de 2,09%.

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Os dados ficaram abaixo do consenso Refinitiv que previa inflação de 0,77% no mês e de 4,70% na comparação anual. Ao olhar para os números, Costa, da Monte Bravo, justifica que a maior parte da surpresa positiva veio da parte de alimentação em domicílio, que mostrou uma trajetória mais “favorável” ao registrar uma deflação de 0,14% em março.

Apesar disso, ele pondera que o Banco Central tem chamado atenção para a inflação de serviços e que uma desinflação mais rápida nesse segmento “precisa acontecer”. “Como o peso relativo é maior para serviços, a inflação resiste mais para cair”, afirma.

Na avaliação do economista, o dado é mais favorável, mas não consegue sozinho justificar uma expectativa de antecipação do ciclo de cortes de juros pelo Banco Central. Visão que vai na contramão de alguns agentes, que têm colocado nos preços a possibilidade de quedas da Selic partir de junho.

“O BC tem deixado claro que a questão fiscal é importante para o balanço de riscos. Não é só apresentar o arcabouço, mas fazer a tramitação e saber o que vai ter realmente na nova regra fiscal. Isso demanda tempo”, diz.

Para o especialista, a autoridade monetária vai acompanhar toda a tramitação do texto no Congresso, o que pode se estender para os meses de maio e junho. De olho nos prazos, Costa defende que um corte nos juros só seria possível a partir de setembro deste ano. Na visão dele, o BC começaria com uma queda de 0,25 ponto até finalizar o ano com o juro em 12,5%.

As preocupações do economista e de agentes de mercado acerca dos detalhes da nova regra fiscal não são à toa. Embora o texto detalhado do projeto de lei complementar do novo arcabouço não tenha sido enviado ao Congresso, parlamentares já têm discutido possíveis ajustes.

Ao InfoMoney, o deputado federal Pedro Paulo (PSD-RJ), que é autor de uma proposta alternativa de arcabouço fiscal que olha para a dinâmica da dívida líquida e estabelece normas e gatilhos para um patamar saudável das obrigações do governo, informou que pretende apresentar um conjunto de emendas ao texto.

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A expectativa é de que o projeto de lei complementar do arcabouço seja enviado ao Congresso apenas na próxima segunda-feira (17), segundo informou ontem a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet. Segundo ela, os ministérios do Planejamento e da Fazenda aproveitarão o fim de semana para fazer os ajustes finais no texto.

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