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Uma queda generalizada da remuneração dos CDBs – ativos de renda fixa emitidos pelos bancos – marcou a última quinzena. As taxas dos papéis, tecnicamente chamados de Certificados de Depósito Bancário, refletem o recuo dos juros futuros nas últimas semanas, devido a fatores como o arrefecimento da inflação e a expectativa de cortes na taxa básica, a Selic.
A taxa mínima registrada nos CDBs prefixados emitidos entre 23 de maio e a última segunda-feira (5) chegou ao nível dos 11,40% ao ano, oferecida em papéis com vencimento em 24 meses, mostra levantamento quinzenal feito pela Quantum Finance, a pedido do InfoMoney. Na quinzena anterior, a remuneração mais baixa era de 11,93% – e em um papel mais longo, de 36 meses.
Também caíram as taxas máximas e médias dos CDB prefixados em praticamente todos os vencimentos. O papel mais rentável da amostra desta quinzena, com vencimento em seis meses e emitido pelo Daycoval, oferecia 14,30% ao ano. No levantamento anterior, CDBs do mesmo banco e de igual vencimento pagavam 14,35%.
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A exceção foram os papéis de curtíssimo prazo. CDBs com vencimento em três meses apresentaram leve avanço nas taxas mínima (13,50%) e média (13,77%) nos últimos 15 dias.
Confira os retornos brutos dos CDBs prefixados entre os dias 23 de maio e 5 de junho:
Prazo (meses) | Indexador | Taxa mínima | Taxa média | Taxa máxima | Número de títulos considerados | Emissor do título com maior taxa |
3 | Prefixado | 13,50% | 13,77% | 14,05% | 22 | Daycoval |
6 | Prefixado | 12,90% | 13,80% | 14,30% | 41 | Daycoval |
12 | Prefixado | 12,15% | 13,11% | 13,60% | 42 | Daycoval |
24 | Prefixado | 11,40% | 11,95% | 12,47% | 16 | BR Partners |
36 | Prefixado | 11,55% | 12,15% | 12,59% | 7 | Daycoval |
Fonte: Quantum Finance. Os retornos são brutos, sem descontar o Imposto de Renda.
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A esperança de que o Banco Central dê início ao ciclo de redução dos juros brasileiros é o pano de fundo desse desempenho. Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, lembra que embora a curva de juros futuros já esteja fechando – ou seja, caindo – há algumas semanas, os CDBs levaram algum tempo para espelhar o movimento.
“Isso teve a ver com uma necessidade de levantar recursos dos bancos. Mostravam taxas mais atrativas para conseguir fazer uma captação interessante, o que já deve ter normalizado”, diz. “E como a curva de juros continua caindo, a tendência é de vermos taxas menores de fato”.
Na última semana, os juros futuros recuaram em praticamente todos os vencimentos, impulsionados pela divulgação de alguns indicadores econômicos. “A deflação mais acentuada do IGP-M em maio aumentou as expectativas dos agentes do mercado acerca da queda da Selic e/ou de uma possível sinalização do Copom sobre quando isso poderá ocorrer”, indica relatório da XP, assinado Camilla Dolle, Mayara Rodrigues e Natalia Moura, analistas de renda fixa.
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Nem a divulgação de um crescimento mais forte que o esperado do PIB do primeiro trimestre – o que poderia sugerir a necessidade de juros altos para desaquecer a economia – reverteu o movimento de queda da curva.
“O crescimento foi impulsionado por fatores de oferta, como o agronegócio. A resiliência da atividade econômica não deve atrapalhar a perspectiva de cortes de juros pelo Banco Central, ao mesmo tempo que um crescimento mais robusto adiante também melhoram as projeções fiscais, o que impulsiona a retirada de prêmio na ponta longa da curva”, ressalta o documento.
Confira abaixo a curva de juros registrada na última sexta-feira (2):
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CDBs atrelados à inflação
Um movimento semelhante foi verificado entre os CDBs atrelados à inflação, que remuneram os investidores com uma taxa prefixadas mais a variação do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo).
A parte prefixada do rendimento desses papéis também diminuiu nos prazos mais longos durante a última quinzena. Agora, a taxa mínima – oferecida por CDB com vencimento em 36 meses – é de 4,75% ao ano, contra 5,10% registrados na quinzena anterior.
Já os papéis mais curtos tiveram alta de até 1 ponto percentual, em relação ao levantamento passado. Há, no entanto, um ponto de atenção: a Quantum identificou apenas um CDB com vencimento em 12 meses (o menor do levantamento), emitido pelo ABC Brasil e pagando 7,35% ao ano.
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Na quinzena entre 9 e 22 de maio, havia três papéis com esse vencimento. A taxa mínima era de 6,30%, a máxima era de 6,95% e a média, de 6,62% ao ano.
Confira os retornos brutos dos CDBs atrelados à inflação entre os dias 23 de maio e 5 de junho:
Prazo (meses) | Indexador | Taxa mínima | Taxa média | Taxa máxima | Número de títulos considerados | Emissor do título com maior taxa |
12 | IPCA | 7,35% | 7,35% | 7,35% | 1 | ABC Brasil |
24 | IPCA | 5,30% | 5,58% | 5,90% | 5 | ABC Brasil |
36 | IPCA | 4,75% | 6,36% | 6,75% | 65 | Haitong |
Fonte: Quantum Finance. Os retornos são brutos, sem descontar o Imposto de Renda.
Rodrigo Marcatti, sócio da Veedha Investimentos, diz que o movimento reflete a redução das projeções para a inflação. Grosso modo, a remuneração total de um papel atrelado à inflação – taxa de juros prefixada mais a variação do IPCA – é próxima da taxa de juros esperada para a época do seu vencimento.
“Se a inflação esperada é menor, a parte prefixada precisa subir, já que não há expectativa de corte imediato da Selic”, explica. O mesmo não aconteceu nos papéis mais longos – com vencimento em 24 ou 36 meses – porque, nesses casos, a projeção para a inflação tem se mantido ou recuado menos.
O Boletim Focus, divulgado semanalmente pelo Banco Central, atesta esse movimento. A expectativa dos agentes econômicos para o IPCA em 2023 caiu de 6,02% para 5,69% nas últimas quatro semanas. No mesmo período, no entanto, as estimativas para a inflação de 2024 recuaram apenas de 4,16% para 4,12%. Para 2025 e 2026, não mudaram – continuam em 4%.
CDBs pós-fixados
Entre os CDBs pós-fixados, que oferecem um percentual da taxa do CDI (indicador de referência para investimentos de renda fixa), também houve muitas reduções e algumas manutenções. Só subiu a remuneração máxima do CDB com vencimento em seis meses, que passou de 106% para 110% do CDI.
A menor taxa encontrada nessa categoria é de 90% do CDI, no caso dos papéis com vencimento em 12 meses, enquanto a maior é de 115%, para os CDBs com prazo de 24 meses.
Confira os retornos brutos dos CDBs pós-fixados entre os dias 23 de maio e 5 de junho:
Prazo (meses) | Indexador | Taxa mínima | Taxa média | Taxa máxima | Número de títulos considerados | Emissor do título com maior taxa |
3 | % do CDI | 93,00% | 101,06% | 104,50% | 24 | ABC Brasil, BTG Pactual, China Construction Bank Brasil |
6 | % do CDI | 97,50% | 100,31% | 110,00% | 58 | Banco Master |
12 | % do CDI | 90,00% | 100,74% | 108,00% | 52 | Daycoval |
24 | % do CDI | 98,00% | 100,47% | 115,00% | 54 | Banco Pan |
36 | % do CDI | 100,00% | 103,33% | 111,00% | 49 | BR Partners |
Fonte: Quantum Finance. Os retornos são brutos, sem descontar o Imposto de Renda.
Para Cruz, da RB Investimentos, por haver uma última corrida dos investidores pessoas físicas aos papéis de emissão bancária no curto prazo, aproveitando que as taxas – embora em queda – ainda não despencaram.
“A tendência para o segundo semestre é que os investidores voltem a olhar para a renda variável com mais interesse, quando começar o corte de juros e houver o reequilíbrio de outros interesses”, afirma. “O final do ano passado e esse semestre foram muito interesses para a renda fixa, mas isso deve diminuir adiante”.
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