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A perspectiva de postergação do ciclo de corte de juros, dado o cenário de indefinições em termos de política fiscal, fez com que títulos atrelados ao CDI caíssem no gosto de investidores. De olho nisso, a indústria também se mexeu.
Prova disso é que o número de ofertas de Certificados de Depósito Bancário (CDBs) com retorno atrelado ao CDI (taxa de referência da renda fixa) vêm subindo nos últimos meses. Do meio para o fim de outubro de 2022, era possível encontrar 194 ofertas de ativos do tipo, enquanto na última quinzena – entre os dias 17 e 30 de janeiro – foram disponibilizadas cerca de 233 ofertas.
O número também é maior do que as 184 ofertas vistas no fim de novembro do ano passado. Todos os dados fazem parte de levantamentos feitos a pedido do InfoMoney pela Quantum Finance, empresa de soluções para o mercado financeiro.
Dessa forma, os dados registrados agora em janeiro estão bem próximos do patamar visto entre o fim de agosto e início de setembro do ano passado quando as ofertas de CDBs atrelados ao CDI chegaram a 234.
O aumento no número de produtos disponíveis, porém, não foi acompanhado da alta das taxas. No fim de outubro de 2022, as taxas oferecidas pelos papéis chegaram a 120% do CDI, no caso de CDBs com vencimento a partir de 36 meses.
Entre os dias 17 e 30 de janeiro deste ano, o juro máximo oferecido por um papel de mesmo prazo era de 118% do CDI. Ao mesmo tempo, CDBs com vencimento em 12 e 24 meses ofereciam agora retornos máximos de 104% do CDI e 113% do CDI, percentuais inferiores aos 108% do CDI e 119% do CDI registrados no fim de outubro, por exemplo.
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A queda também pode ser vista se a comparação for feita com períodos de tempo mais curtos. Ao olhar para a quinzena anterior – entre os dias 3 e 16 de janeiro – é possível perceber que rentabilidade máxima oferecida por um CDB com vencimento a partir de 24 meses chegava a 123% do CDI, contra 113% agora.
O recuo também é claro ao comparar a taxa máxima oferecida por um título com prazo de 36 meses para frente, que pagava 118% do CDI nos últimos 15 dias, contra 128% do CDI na quinzena anterior.
Retornos brutos de CDBs indexados ao CDI (de 17/01 a 30/01) |
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Prazo (meses) | Indexador | Mínimo | Médio | Máximo | Número de títulos | Emissor da maior taxa |
3 | %CDI | 97,50% | 101,23% | 104,00% | 15 | BANCO ABC BRASIL, BANCO BTG PACTUAL |
6 | %CDI | 97,50% | 100,29% | 106,00% | 46 | BANCO BTG PACTUAL |
12 | %CDI | 90,00% | 99,09% | 104,00% | 47 | BANCO DAYCOVAL |
24 | %CDI | 92,00% | 100,66% | 113,00% | 72 | BANCO C6 |
36 | %CDI | 100,00% | 103,13% | 118,00% | 53 | BANCO MERCANTIL BRASIL |
Fonte: Quantum Finance. Obs: Os retornos são brutos, sem descontar o Imposto de Renda.
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CDBs atrelados à inflação
Já entre os títulos atrelados à inflação não foi possível notar grandes diferenças entre os períodos analisados. Depois de uma escassez de produtos com esse tipo de remuneração entre os meses de julho e setembro do ano passado devido à deflação, as ofertas se mantiveram no mesmo patamar nos últimos dois meses seguintes – em torno de cinco e oito.
Apesar da manutenção no número de opções disponíveis, uma mudança foi significativa: a queda nas taxas mais elevadas nas últimas semanas. Entre os dias 3 e 16 de janeiro deste ano, um CDB com vencimento em 24 meses oferecia um retorno máximo de 6,25% acrescido do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Na última quinzena, o retorno máximo para um título de mesmo prazo chegava a 6,10% acrescido de IPCA.
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Retornos brutos de CDBs indexados à inflação (de 17/01 a 30/01) |
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Prazo (meses) | Indexador | Taxa mínima | Taxa média | Taxa máxima | Número de títulos | Emissor da maior taxa |
24 | IPCA | 5,50% | 5,89% | 6,10% | 6 | BANCO ABC BRASIL |
36 | IPCA | 5,10% | 5,20% | 5,30% | 2 | BANCO ABC BRASIL |
Fonte: Quantum Finance. Obs: Os retornos são brutos, sem descontar o Imposto de Renda.
CDBs prefixados
Houve aumento também nas ofertas de CDBs prefixados. Segundo a pesquisa, no fim de novembro, havia 57 ofertas de produtos do tipo. Já na última quinzena, a quantidade subiu para 70.
Por outro lado, as taxas não acompanharam a alta, assim como ocorreu com títulos atrelados ao CDI. No caso dos prefixados com vencimento em 24 meses, o retorno máximo caiu de 15,50%, no fim de novembro, para 13,15% nos últimos 15 dias.
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Em comparação mais recente também houve queda. Entre os dias 17 e 30 de janeiro, o juro máximo oferecido por um CDB prefixado com vencimento em três meses era de 13,60%, abaixo dos 13,79% vistos na quinzena anterior.
Retornos de CDBs prefixados (de 17/01 a 30/01) |
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Prazo (meses) | Indexador | Taxa mínima | Taxa média | Taxa máxima | Número de títulos | Emissor da maior taxa |
3 | PREFIXADO | 13,35% | 13,45% | 13,60% | 7 | BANCO DAYCOVAL |
6 | PREFIXADO | 13,30% | 13,61% | 14,25% | 36 | BANCO ABC BRASIL |
12 | PREFIXADO | 13,15% | 13,57% | 14,39% | 22 | BANCO RODOBENS |
24 | PREFIXADO | 12,55% | 12,77% | 13,15% | 3 | BANCO ABC BRASIL |
36 | PREFIXADO | 14,60% | 14,77% | 14,93% | 2 | BANCO RODOBENS |
Fonte: Quantum Finance. Obs: Os retornos são brutos, sem descontar o Imposto de Renda.
Olho nas decisões de política monetária
Para esta semana, o olhar estará focado nas decisões de política monetária do Banco Central e do Federal Reserve (Fed, banco central americano). No primeiro caso, a expectativa da AZ Quest é que o BC mantenha o tom vigilante, de perseverança, e de que não irá hesitar em elevar a Selic caso seja necessário. Nas projeções da casa, a Selic deve encerrar este ano 12,25% e recuar para 8,25% no ano que vem.
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Mirella Hirakawa, economista da AZ Quest, chama atenção que vários aspectos ressaltados pelo Comitê de Política Monetária (Copom) se mantiveram da última reunião para cá como os riscos fiscais, por exemplo, mas destaca que o País teve uma piora maior nas expectativas de inflação para os próximos anos.
A deterioração, diz, é fruto do aumento dos riscos fiscais, além das críticas e questionamentos feitos pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) acerca de possíveis mudanças nas metas de inflação. “Quando há questionamento, essa alteração nas expectativas de inflação mais longas é instantânea. Por isso, vemos uma piora nas projeções”, afirma Mirella.
Roberto Padovani, economista-chefe do banco BV, também acredita que o BC deve ressaltar que estará atento ao comportamento das expectativas de inflação e que deve aguardar informações, sem tentar oferecer novas sinalizações.
“Se essa trajetória de divergência continuar ou acelerar, o BC pode mudar o discurso, mas ele vai tentar evitar uma nova alta por enquanto”, defende Padovani.
Outra decisão de política monetária que estará no foco dos investidores é a do Federal Reserve (Fed, banco central americano), que será anunciada amanhã (1).
As falas recentes de membros da autoridade monetária indicam predisposição em diminuir a magnitude das altas para 25 pontos-base (0,25 ponto percentual) após alta de 50 pontos-base, segundo dados do CME Group.
Juliano Condi, economista da AZ Quest, afirma que as expectativas têm como foco dados recentes mais fracos de atividade e inflação – notadamente produção industrial, vendas no varejo, confiança da indústria e mercado imobiliário, de forma geral.
Apesar da diminuição no ritmo de aperto, Condi argumenta que o tom utilizado pela autoridade deve ser mais hawkish (inclinado ao aperto monetário) para corrigir as expectativas de quedas na taxa a partir de julho deste ano, como vem precificando uma parcela do mercado.
A razão, explica o economista, é que o cenário segue delicado. Para ele, o mercado de trabalho está aquecido e não mostra sinais mais “convincentes” de melhora, além do que a inflação está em patamares elevados, o que deve ser impedimento para que o Fed inicie o processo de cortes no curto prazo.