Captação líquida de Fiagros avança em maio, mas preços agrícolas pressionam fundos

Classe voltou a atrair investidores no último mês, em meio a momento sensível do setor

Bruna Furlani

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Os depósitos líquidos (entradas menos saídas) de fundos que investem nas cadeias produtivas agroindustriais (Fiagros) bateram R$ 88,4 milhões em maio, o que representa uma alta em relação à captação líquida de R$ 39,0 milhões vista em abril. Os dados são da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).

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Os Fiagros-FIP (Fundos de Investimento em Participações) responderam pela maior captação líquida em maio, no valor de R$ 59,5 milhões, enquanto os Fiagros-FII (Fundos Imobiliários) registraram R$ 20,9 milhões e os Fiagros-FIDC (Fundos de Investimento em Direitos Creditórios) captaram R$ 8 milhões, segundo a Anbima. No acumulado do ano, as entradas líquidas em Fiagros já somam R$ 652,3 milhões.

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Embora haja mais captações do que saídas ao longo de 2024, é possível notar um recuo expressivo das entradas líquidas na comparação com os mesmos meses do ano passado. Em abril de 2023, quando os depósitos líquidos em Fiagros atingiram o seu ápice, o montante alcançado chegou a R$ 962,3 milhões. Um mês depois, em maio, as entradas líquidas bateram R$ 521,6 milhões.

Cedo para dizer que pior já passou

Um dos fatores que têm dificultado o número mais elevado de depósitos nesses tipos de fundos são os casos recentes de inadimplência em alguns Fiagros. Na visão de Fernando Siqueira, chefe de investimentos da Guide Investimentos, esses tipos de fundos estão pressionados pelos baixos preços dos produtos agrícolas e pelo aumento do risco de crédito dos produtos.

Em relatório, o especialista da Guide destacou que a depreciação do real frente ao dólar vista nos últimos meses deve contribuir positivamente para o setor, mas ponderou que pode levar um certo tempo até que os produtores agrícolas sintam os efeitos mais favoráveis.

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Siqueira afirmou ainda que a quantidade de fundos que tiveram problemas de crédito ainda é baixa, mas que é “cedo para dizer que o pior já passou no setor em função dos preços agrícolas mais baixos”.

A situação mais delicada no setor como um todo tem levado a uma desvalorização das cotas dos Fiagros nos últimos meses. Mesmo assim, o especialista da Guide chama atenção que os proventos têm sido mantidos.

“Atualmente, a maioria dos fundos paga proventos superiores a 12% (ou seja, 1% ao mês ou mais). Parte do yield [retorno] elevado se deve aos juros altos da carteira dos fundos (ao redor de CDI +4%) e parte se deve à queda nas cotas”, destacou o profissional.