Bridgewater tem ano de perdas, saques e conflitos

A Bridgewater Associates de Dalio, que administra US$ 148 bilhões, teve fortes perdas neste ano, mesmo com rivais lucrando em mercados turbulentos

Bloomberg

Ray Dalio, fundador da Bridgewater Associates, em evento realizado em novembro de 2018 (Eoin Noonan/Getty Images)
Ray Dalio, fundador da Bridgewater Associates, em evento realizado em novembro de 2018 (Eoin Noonan/Getty Images)

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(Bloomberg) — Ray Dalio está passando um ano tão ruim que o bilionário corre o risco de perder seu cobiçado título de rei dos hedge funds.

A Bridgewater Associates de Dalio, que administra US$ 148 bilhões, teve fortes perdas neste ano, mesmo com rivais ganhando dinheiro em mercados turbulentos. As perdas até agosto: queda de 18,6% no principal fundo Pure Alpha II.

Essas perdas, as piores em uma década, encabeçam uma extensa lista de problemas que mergulharam a Bridgewater em um período de gestão de crise, de acordo com mais de 25 pessoas com conhecimento das atividades internas da empresa.

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Primeiro, os modelos de computador da Bridgewater inicialmente interpretaram mal os mercados pelo segundo ano consecutivo. Então, grandes clientes começaram a buscar as saídas. Investidores sacaram US$ 3,5 bilhões líquidos durante os primeiros sete meses do ano. Consultores do setor esperam mais saques.

Se tudo isso não bastasse, Dalio perdeu uma disputa de arbitragem com ex-funcionários, está brigando com seu ex-copresidente e demitiu dezenas de pessoas.

É uma reviravolta impressionante para Dalio, de 71 anos, que há muito se orgulha de ser um grande pensador da economia mundial, gestão e muito mais.

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Os insiders da Bridgewater dizem que a empresa pode ter perdido o rumo enquanto Dalio cultivava sua imagem iconoclasta, frequentava o circuito de Davos e publicava seu best-seller de 2017, “Princípios”, suas regras para a vida e os negócios.

Em reuniões virtuais com funcionários e em cartas de clientes, Dalio e seus codiretores de investimentos tentaram colocar uma face otimista na situação. Seres humanos tendem a aprender mais com os erros do que com os sucessos, dizem, e este ano, “estamos aprendendo muito”.

Retornos baixos

Apesar da turbulência, a empresa está confiante em sua posição e na capacidade de obter bons resultados para os clientes.

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“Os investidores acreditam que este ambiente, onde o mundo está mudando rapidamente, é um ambiente forte para uma empresa como a nossa, que está muito comprometida em entender como o mundo funciona”, disse a Bridgewater, com sede em Westport, Connecticut, em comunicado.

A empresa disse que tem 45 compromissos de investidores, incluindo muitos na faixa de US$ 1 bilhão, sem especificar se o dinheiro será alocado nos hedge funds Alpha, com comissões mais altas, ou nos chamados produtos comprados, os chamados “long only”, mais baratos.

Mas não há como escapar dos retornos baixos durante um ano em que os ativos, de ações globais ao ouro, se valorizaram em meio à turbulência. Rivais como Caxton Associates e Brevan Howard Asset Management registraram ganhos de dois dígitos.

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A incapacidade de transformar grandes ideias em grandes retornos neste ano pode ser a gota d’água para alguns investidores, após quase uma década de ganhos baixos de um dígito juntamente com altas comissões.

O problema, segundo pessoas com conhecimento interno que pediram para não serem identificadas, é que a Bridgewater cortou o risco em março, quando o mercado despencou e demorou a subir novamente – mesmo com o apoio sem precedentes do Federal Reserve.

Portanto, apesar de estratégias acertadas como posições compradas em ações, compra de ouro e aposta no iene em relação ao dólar, a empresa não conseguiu se beneficiar de sua própria previsão.

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É um erro que lembra a abordagem da empresa em janeiro do ano passado, quando o presidente do Fed, Jay Powell, sinalizou que faria o que fosse necessário para manter o crescimento da economia.

Com retorno de 14,6% em 2018 principalmente graças à previsão de colapso do mercado em dezembro, a Bridgewater não conseguiu mudar seu portfólio para uma posição mais otimista e perdeu pouco mais de 5% nos primeiros dois meses de 2019. Em resposta, ajustou seus modelos para responder melhor à mudança de paradigma.

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