Brasileiro prefere segurança à rentabilidade na hora de investir

Pesquisa realizada pela Anbima mostra que 88% dos poupadores só confiam na caderneta de poupança quando o assunto é investimentos

Mariana Zonta d'Ávila

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SÃO PAULO – Segurança é o requisito número um dos brasileiros na hora de escolher uma aplicação financeira. Segundo a pesquisa “Raio X do Investidor Brasileiro”, elaborada anualmente pela Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), com apoio do Datafolha, 48% dos brasileiros preferem a possibilidade de constituir uma reserva financeira sem riscos a ter um bom retorno financeiro.

Apesar de o número ter ficado abaixo dos 54% apresentados no levantamento anterior, referente a 2017, os dados ainda são altos e justificam em grande parte a preferência da maioria dos brasileiros (88%) pela caderneta de poupança, conforme a pesquisa.

Citada por conta da facilidade de aplicação e imagem/marca atrelada ao produto, a poupança é um dos investimentos menos rentáveis do Brasil no cenário atual, justamente por pagar apenas 70% da Selic (que está em 6,5% ao ano) mais TR (Taxa Referencial – que tem sido praticamente igual a zero nos últimos meses).

No ano, a caderneta rende 1,51%, ante 1,56% do CDI. Conforme o prazo aumenta, a diferença cresce, o que é significativo, dado que o brasileiro costuma deixar os recursos aplicados na poupança por 11 anos, em média.

Em 12 meses, a caderneta tem retorno de 6,17%, ante variação de 6,37% do CDI e, em 24 meses, a diferença cresce para 13,07% para 15,32%. Como a “queridinha” dos brasileiros é isenta de Imposto de Renda, a desvantagem de rentabilidade desponta de forma mais representativa a partir de prazos de dois anos, quando a alíquota que recai sobre aplicações de renda fixa passa a ser de 15% ao ano.

A questão, porém, parece não ser tão relevante para esses poupadores, dado que apenas 5% dos entrevistados mencionaram o retorno como uma característica do investimento.

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Com larga distância da poupança está o segundo produto mais demandado pelos investidores: a previdência privada (com 6% das escolhas), em pauta principalmente por conta das discussões sobre a reforma previdenciária.

Em terceiro lugar aparecem os títulos privados (como debêntures, CDBs, LCIs e LCAs), com 5%, seguidos pelos fundos de investimento, com 4%. As duas categorias de investimentos possuem maior predominância entre as classes mais altas (A e B).

Promessas de ano novo

Apesar de 22% dos brasileiros terem declarado em 2017 intenção de investir em produtos financeiros, apenas 8% realmente cumpriram com a promessa. Além da crise econômica e do agravamento do desemprego, a Anbima cita a falta de conhecimento sobre os produtos, como características e rentabilidades.

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O percentual de brasileiros que afirmaram ter dinheiro aplicado em algum produto financeiro em 2018 seguiu baixo, em 42%.

Da mesma forma, o total de entrevistados que conseguiram economizar algum dinheiro foi de apenas 33%, ante os 32% de 2017. A maior parte (71%) daqueles que conseguiram atribuíram a conquista a corte de gastos ou pesquisas de preços.

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Já as pessoas que conseguiram fazer sobrar recursos economizando propriamente, seja guardando uma parte do dinheiro todo mês ou reservando uma fatia do salário, representaram apenas 13% das respostas, ante as 25% de 2017.

Metodologia

Elaborada entre os dias 5 e 14 de novembro de 2018, a pesquisa contou com a participação de 3.452 pessoas entrevistadas em todo o Brasil, em 152 municípios. As entrevistas foram feitas com pessoas com mais de 16 anos, das classes A, B e C, economicamente ativas, que vivem de renda ou aposentadas. A margem de erro máxima é de dois pontos percentuais para mais ou para menos, com nível de confiança de 95%.