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SÃO PAULO – Com um maior leque de produtos disponíveis para investimento na Bolsa e uma safra de investidores mais jovens, os montantes dos primeiros investimentos em renda variável têm sido cada vez mais baixos nos últimos anos. É o que mostra uma análise feita pela B3 com base nos dados de investidores pessoas físicas divulgada nesta quarta-feira (11).
Segundo a B3, o primeiro investimento do brasileiro, que estava na casa dos R$ 5,7 mil, em 2015, caiu para cerca de R$ 1,6 mil em janeiro de 2020. Já em junho deste ano, o valor mediano do aporte inicial no mercado chegou a R$ 352 – o menor valor da série histórica da Bolsa.
Segundo Felipe Paiva, diretor de relacionamento com clientes e pessoas físicas da B3, o movimento acontece em meio à maior oferta de produtos que têm ganhado participação na carteira dos investidores.
Em junho, dos 104 mil investidores que entraram na Bolsa, a maior parte entrou no mercado com aportes na faixa de até R$ 200.
Ao mesmo tempo que a entrada em Bolsa se mostra mais acessível, o brasileiro tem se preocupado em diversificar sua carteira.
No primeiro semestre de 2021, cerca de metade das pessoas físicas tinha mais de cinco ativos no portfólio. O dado representa mais do que o dobro do registrado em 2016, quando 21% dos investidores tinham essa quantidade de ativos na carteira.
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Ao mesmo tempo, o percentual de investidores que detinham um único ativo na carteira caiu de 39% para 20% nos mesmos cinco anos.
Quando analisado o estoque de R$ 545 bilhões do investidor pessoa física na B3, 71% estão alocados em mais de cinco ativos, acima dos 50% de 2016.
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Em junho, o número de CPFs cadastrados na Bolsa (investidores individuais) chegou a 3,2 milhões, um crescimento de 42% ante o primeiro semestre de 2020.
Com relação ao número de contas cadastradas, foram 3,8 milhões ao fim do primeiro semestre. É importante destacar que um investidor pode ter conta em mais de uma corretora.
“O movimento de aumento de investidores na Bolsa não tem volta. O investidor sabe que pode experimentar pequenas quantias nos diferentes produtos, investindo menos em mais opções”, disse Paiva, durante coletiva de imprensa.
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Diversificação da cesta
O levantamento da Bolsa mostra ainda que o percentual alocado em ações tem perdido espaço para outros produtos. É caso de fundos imobiliários, fundos de índice (ETFs) e dos BDRs, que são certificados que representam ativos emitidos por empresas em outros países, mas que são negociados aqui, na B3.
Em 2016, 78% das pessoas físicas na Bolsa detinham apenas ações na carteira, percentual que caiu para 50% em junho deste ano.
O levantamento mostra, por exemplo, que o percentual de investidores que detêm ações e FIIs na carteira cresceu de 9%, em 2016, para 26%, em junho deste ano.
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Com investidores colocando os ovos em diferentes cestas, o saldo mediano nos produtos de renda variável tem recuado. Em ações, o valor, que estava na casa dos R$ 10 mil em 2019, caiu para R$ 7 mil em junho deste ano.
Em fundos imobiliários, o saldo atual é similar, de R$ 6 mil – também abaixo dos R$10 mil, de 2019, e dos R$ 37 mil de 2011. O mercado de FIIs tem hoje 1,43 milhão de investidores pessoas físicas.
Nos fundos de índice, mercado que tem tido ampla expansão, com produtos que buscam replicar desde índices globais, commodities, criptomoedas e até fundos imobiliários, o saldo mediano em custódia encontra-se na casa dos R$ 2 mil. Em 2011, o montante estava em R$ 20 mil e em 2019, em R$ 5 mil.
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Desde o primeiro semestre de 2020, a classe de ETFs já mostra alta de 104% na base de investidores pessoas físicas, para 438,7 mil.
Os BDRs, que foram liberados para negociação pelo investidor pessoa física em 2020, também viram o número de investidores disparar, de 2,8 mil, em 2019, para cerca de 300 mil, em junho deste ano. No produto, o saldo mediano em custódia está em R$ 2 mil, 64% abaixo dos R$ 5 mil de 2019.
Mulheres e jovens
A análise de dados da B3 constatou ainda que as mulheres entram com valores maiores que homens na Bolsa. Enquanto o primeiro investimento mediano mensal das investidoras está em R$ 481, o dos homens está em R$ 303.
A participação das investidoras na Bolsa, contudo, ainda é baixa, na casa dos 30% – patamar que tem se mostrado estável nos últimos anos.
A B3 destacou ainda a forte participação de investidores mais jovens, de 25 a 39 anos, que representam hoje 48% dos investidores na Bolsa. Em 2013, esse percentual era de 33%, e ficava abaixo da faixa etária de 40 a 59 anos, que era de 40%. Hoje, esse grupo de investidores representa 29% dos entrantes.
Regionalização da Bolsa
Outro destaque da análise da B3 recai sobre a regionalização das empresas da Bolsa e dos investidores de renda variável.
Apesar de a região Sudeste concentrar o maior número de investidores, as demais têm apresentado maior crescimento relativo quando comparados os anos de 2018 e 2021. O destaque recai sobre as regiões Norte e Nordeste, com aumento de 575% e 486%, respectivamente.
“Temos visto mais empresas indo para a Bolsa como forma de levantar capital. Já vimos alguns picos de IPOs anos atrás, mas 2021 está sendo muito diferente do ponto de vista de empresas e de dispersão dos investidores. Hoje, vemos movimentos tanto de demanda quanto de oferta vindos não só da região Sul e Sudeste, mas também do Norte, Nordeste e Centro-Oeste”, afirma Paiva.
Segundo o diretor da B3, apesar do ciclo de aperto monetário em curso, promovido pelo Banco Central, a grande entrada de investidores na renda variável é um “movimento que veio para ficar”.
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