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SÃO PAULO – Com os juros baixos dos últimos anos forçando investidores a buscarem alternativas mais rentáveis de investimento, as fatias destinadas por investidores brasileiros a ações e fundos multimercados cresceram nas carteiras ao longo do último semestre. Os aumentos são, contudo, ainda discretos e a conhecida poupança continua a dominar de longe a preferência entre as aplicações financeiras.
Segundo levantamento divulgado pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) nesta quarta-feira (11), a participação de ações no portfólio de investidores de varejo cresceu de 7,2%, em dezembro de 2020, para 8,1% em junho deste ano.
Houve aumento ainda de 0,7 ponto na fatia de multimercados, de 6,8%, ao fim de 2020, para uma participação de 7,5% nas carteiras do varejo, em junho.
Já a caderneta de poupança representou 36,9% do volume financeiro do varejo em junho, levemente abaixo dos 38,8% de dezembro. A aplicação detém a maior participação no portfólio do investidor, mesmo com o baixo rendimento.
No primeiro semestre, a poupança rendeu 0,83%, ante variação de 1,28% do CDI e alta de 4,31% da inflação. Nos últimos 12 meses até julho, o retorno da caderneta foi de 1,72%, ante variação de 2,44% do CDI e bem abaixo da alta de 9% do IPCA. Em 36 meses, o quadro não é diferente: a poupança tem retorno de 9,66%, ante uma variação de CDI de 13,53% e um IPCA de 15,10%.
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“Como o tíquete médio é muito baixo e existe uma cultura do brasileiro de que a poupança é o grande porto seguro, a aplicação ainda é a grande porta de entrada do cliente investidor”, avaliou José Ramos Rocha, presidente do fórum de distribuição da Anbima, durante coletiva com a imprensa.
“Percebemos, contudo, que, à medida que a economia cresce e mais recursos são injetados, os clientes têm uma evolução de jornada, acumulando mais reservas técnicas e criando o espírito de busca de novos ativos, com mais apetite ao risco – por isso que tem aumentado o número de investidores e a participação nos fundos de investimento”, completa.
Certificados de Depósitos Bancários (CDBs) e fundos de renda fixa aparecem na sequência na participação dos portfólios, com fatias de 17,2% e 13,3%, respectivamente. Antes, os percentuais eram de 16,8% e 14,4%.
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Segundo a Anbima, o volume financeiro total do varejo somou R$ 2,7 trilhões em junho deste ano, um crescimento de 4,6% em relação a dezembro e de 28,6% ante junho de 2020.
Ações lideram nas carteiras do private
Ainda de acordo com os dados da Anbima, à medida que o cliente se torna mais sofisticado, é possível perceber maior diversificação dos portfólios, com novos produtos ganhando destaque.
No segmento private, que engloba investidores com patrimônio investido acima de R$ 3 milhões, as ações se tornaram, pela primeira vez na série histórica da Anbima, a principal escolha na carteira dos clientes.
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Com 29,2% do volume financeiro em junho, ante 26,3% em dezembro, as ações superaram os fundos multimercados, que lideravam até então, e que tiveram participação de 28,1% nos portfólios no primeiro semestre.
Além disso, com mais produtos na cesta dos clientes, os fundos de previdência perderam espaço na carteira total do private, sendo ultrapassados pelos fundos de ações, que representaram 9,6% do portfólio no semestre, ante 8% em dezembro de 2020.
Os fundos de previdência, por sua vez, que tinham participação de 9,4% em dezembro, ficaram com 8,5% no semestre.
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Ainda no segmento private, a Anbima destaca o crescimento de 11,4% no crédito concedido, com movimento pulverizado entre as categorias.
Segundo a Anbima, não há um valor determinado em aplicações para diferenciar o investidor de varejo tradicional do de alta renda. A regra é definida individualmente pelas instituições financeiras.
Em junho, o volume financeiro total do private somou R$ 1,8 trilhões, um crescimento de 8,8% em relação a dezembro e de 35,4% ante junho de 2020.