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As mudanças recentes feitas em termos de reformas e de alterações internas no país têm gerado um efeito neutro e devem fazer com que o Brasil caminhe na direção dos demais em 2024, na visão de Rogério Xavier, CEO da SPX Capital.
“O Brasil vai ser sardinha e vai andar com o resto do mundo. Se o mundo for bem, o Brasil vai bem. O Brasil não está produzindo nenhum [efeito] idiossincrático que vá afetar o fluxo a favor ou contra ele”, destacou o executivo, durante evento em São Paulo, nesta terça-feira (6).
Corte de juros fora deve impulsionar emergentes
Para Xavier, o ponto determinante para a evolução dos mercados acionários emergentes será o momento em que o mundo desenvolvido começar a cortar juros. O gestor defendeu que não há mais dinamismo no consumo das famílias na Europa e na Inglaterra, por exemplo, e justificou que o Banco Central Europeu (BCE) e o Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) vão ter que reduzir os juros para abaixo do neutro.
Já nos Estados Unidos, a expectativa é que o banco central americano diminua o excesso de aperto monetário que levou os juros para o patamar atual entre 5,25% e 5,50% ao ano. “O argumento que vai permitir o Fed [banco central americano] fazer o juro cair em maio vai estar presente em março. É a inflação caminhar pra 2,3% ou 2,4% no core inflation“, destacou o executivo.
Xavier também aproveitou o momento para questionar a última entrevista de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed, banco central americano), ao programa da CBS News “60 Minutes”, no último fim de semana.
Na ocasião, Powell afirmou que não iria esperar a inflação chegar próxima dos 2% para começar o corte de juros. “Se a 2,3% ou 2,4% não é o ponto, então eu não estou entendendo o que ele está falando”, questionou o executivo, ao dizer que a comunicação do dirigente tem sido confusa nas últimas coletivas e declarações à imprensa.
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Nível de Selic e mudança de fluxo
Para além do corte de juros em países desenvolvidos, outro ponto que deve ser levado em conta para favorecer uma retomada da Bolsa é o nível da taxa Selic e uma eventual mudança de fluxo para a renda variável.
Na visão de André Jakurski, sócio-fundador da JGP, que também participou do painel, os juros precisariam estar mais “comportados” no Brasil para que isso ocorra. Também é preciso menor concorrência entre fundos de investimento e papéis isentos, o que pode ocorrer após mudanças anunciadas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) na última quinta-feira (31), acrescentou o executivo.
“Tem muito ativo que está muito barato. O pior momento foi outubro do ano passado, mas [os preços] continuam bem amassados. No Brasil temos que olhar para os setores que são competitivos”, afirmou o profissional da JGP, ao citar casos dentro dos setores agrícola, mineral e de produção de petróleo.
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Jakurski lembrou que o mês de janeiro foi bastante atípico após o Brasil ter registrado uma saída de fluxo de estrangeiros da Bolsa. Segundo dados da B3, investidores internacionais venderam R$ 7,9 bilhões em ações brasileiras no mês passado — o que representa a primeira saída para o mês desde 2020.
Quem também defendeu que a Bolsa brasileira está “barata” foi Luis Stuhlberger, CEO da Verde Asset Management. Ao olhar para a métrica de juro real de dez anos no Brasil, que é está em torno de 5,6%, o gestor afirmou que o prêmio está “muito alto” e calculou que os ativos de duration mais longa da Bolsa poderiam ter, no mínimo, uma valorização de 12% no valor presente dos papéis. “Acho que é pra onde a Bolsa deveria ir rapidamente”, destacou o profissional no mesmo evento. Ele, no entanto, não descarta que é preciso monitorar os riscos de uma eventual mudança fiscal no longo prazo.