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A eleição de Javier Milei para a presidência da Argentina no domingo (19) fez investidores voltarem a procurar oportunidades no País diante da reação positiva dos mercados. Em dia de feriado local e sem sessão na Bolsa por lá, as atenções se voltaram para ativos negociados no exterior.
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Entre os destaques esteve a valorização de ativos de renda fixa, com títulos soberanos em dólar (bonds) saltando para o maior preço em dois meses, caso do papel com vencimento em 30 anos, que atingiu US$ 0,312.
Os títulos ainda são negociados longe das máximas, mas vêm se valorizando nas últimas semanas. “Os bonds estão 10% acima do primeiro turno, e 10% acima do fechamento de sexta-feira”, apontou Daniel Marcatto, sócio e analista sênior da Exploritas, em entrevista ao Radar InfoMoney (confira a íntegra no topo da matéria).
Títulos argentinos viraram opção para o investidor com maior apetite ao risco por conta da alta remuneração prometida. A depender do papel, o investimento pode render até 30% em 1 ano, com direito a juros que embutem um alto prêmio de risco, somado à valorização de ativos depreciados.
“A amortização somada aos juros faz com que o investidor tenha um retorno esperado de um terço do valor investido”, calcula Daniel Delabio, gestor da Exploritas.
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Havia entre especialistas, no entanto, incerteza quanto ao comportamento dos papéis pela postura desafiadora de Milei às convenções do mundo econômico. Mas os primeiros gestos do novo mandatário argentino foram bem recebidos.
Em entrevista na manhã desta segunda-feira (20), Milei afirmou que sua prioridade será iniciar a reforma do Estado e buscar uma solução do problema das Leliq, títulos emitidos pelo Banco Central, dívida cuja rolagem estrangula o BC.
O comportamento de Milei é visto como crucial para o desempenho dos papéis soberanos. Na Gauss Capital, gestora do fundo multimercados Gauss Zaftra, focado em eleições, a decisão de montar ou não posições em renda fixa depende do compromisso ou não do presidente-eleito com o pagamento da dívida.
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Nesse sentido, para Fabio Okumura, CIO e sócio fundador da Gauss Capital, alguns papéis podem ser interessantes porque já estão precificando um calote (default).
Títulos preferidos
Entre os títulos preferidos da Exploritas estão os com vencimento em 2037, que pagam pouco mais de 7% ao ano em dólar, entre outros bonds soberanos da Argentina ou de províncias grandes, como a Buenos Aires e Córdoba. Cerca de 9% do patrimônio do fundo está aplicado nesses papéis.
Segundo Delabio, a liquidez do mercado (cerca de 20 vezes maior que a da bolsa argentina), as garantias dos títulos mais recentes e os pré-pagamentos (amortizações) ajudam a deixar a renda fixa do país vizinho um pouco mais segura – ou menos arriscada.
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“No título, há uma obrigatoriedade a pagar, que pode ou não ser cumprida. Na ação, não tem isso. O mercado de bonds argentinos é gigantesco, de mais de US$ 100 bilhões. Alguns bonds de províncias são garantidos pela receita de royalties”, diz o gestor.
Ao contrário do Brasil, onde apenas o governo federal pode emitir títulos, na Argentina os entes subnacionais – como as províncias – também podem.
Já para quem quer investir no mercado global de bonds com exposição ao risco e ao prêmio da Argentina, a corretora Invertir Online destaca papéis soberanos com vencimento em 2035. Esses títulos têm juros menores, de pouco menos de 2%. Mas, como também estão descontados, devem entregar no próximo ano um rendimento de 25% em dólar.
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“O objetivo é começar a construir uma cobertura contra o câmbio diante do cenário de incerteza que se apresenta para dezembro deste ano [após as eleições]”, de acordo com relatório da gestora argentina.
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