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SÃO PAULO – “Ainda veremos o Ibovespa na casa de 60 mil pontos e podemos ver câmbio em torno de R$ 4,20. A curva de juros pode acabar acompanhando essa piora do mercado e mostrando mais altas”. É com essa avaliação pessimista sobre o mercado doméstico que Felipe Guerra mostra o “cartão de visitas” da Legacy Capital, que reforça o time de novas gestoras da Faria Lima que já “nascem gigantes” devido à experiência de seus fundadores. Em mais de 10 anos no Santander, Felipe Guerra foi diretor da mesa proprietária e head da tesouraria do banco e agora será CIO (Chief Investment Officer).
A gestora apostará numa simples equação de “entrosamento + estratégia testada e comprovada”. Junto com Guerra, vieram do Santander Pedro Jobim e Gustavo Pessoa, que serão economista-chefe e head de renda fixa, respectivamente, da nova gestora. Os três trabalharam juntos por 10 anos no Santander, onde conseguiram entregar resultados consistentes nesse período na mesa proprietária do banco. Outra figura experiente no quadro de 20 profissionais da Legacy é José Eduardo Araújo, que atuou por 12 anos na gestora GAP e ocupará o cargo de COO (Chief Operating Officer).
O primeiro fundo da casa é o multimercado Legacy Capital Advisory, que chegará ao mercado em 29 de junho, mas já está disponível para agendamento de aplicações na plataforma da XP Investimentos (quer investir no fundo? Clique aqui e abra já sua conta na XP Investimentos). O processamento das ordens acontecerá em 2 de julho e a aplicação inicial mínima é de R$ 25 mil, com taxa de administração de 1,90% ao ano e taxa de performance de 20% do que exceder o CDI.
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Direto ao ponto: evite Brasil, compre bolsa dos EUA
Guerra mostra não ter papas na língua para definir o momento atual bem delicado de Brasil. “Dificilmente teremos um candidato de centro no 2º turno, a probabilidade neste momento é quase nula”, disse ao programa Papo com Gestor desta semana (confira a entrevista completa no vídeo acima). Para ele, o cenário provável é Ciro Gomes x Jair Bolsonaro, sendo que o candidato do PSL já está virtualmente no 2º turno, na sua opinião. Apenas isso já seria suficiente para os investidores exigirem mais prêmio para aplicar no Brasil.
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“Os preços que vemos hoje ainda não são compatíveis com um segundo turno com tamanha incerteza”, diz Guerra, justificando os alvos para Ibovespa e dólar citados no começo da reportagem. Para piorar a situação, a greve dos caminhoneiros desorganizou completamente o Brasil, pois além dos impactos econômicos trazidos pelas paralisações, o forte apoio popular deixou evidente que o tom “populista” entrará na pauta dos candidatos. “O que acreditávamos que podia ser uma pauta reformista agora passa a ser quem vai exercer mais populismo e quem vai agradar mais a população no curto prazo”, resume o CIO da Legacy.
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Diante disso, as teses da gestora são pragmaticamente simples: “Temos convicção de que veremos dólar acima de R$ 4 em breve”, diz. Ele acredita que o BC continuará fazendo intervenções no câmbio, mas que isso apenas suavizará o movimento de alta. “Banco Central nunca muda tendência”, reitera. Sobre bolsa, outra posição ‘direto ao ponto’: “não é para ter nenhuma ação, eu ficaria fora de qualquer ação e títulos de longo prazo porque vai dar oportunidade para comprar com preços bem melhores um pouco mais adiante”, garante o gestor.
Possibilidade de virada no cenário? Ele descarta isso, mas é categórico na resposta: “tudo é questão de preço. Em um determinado preço, quem for eleito terá o benefício da dúvida de fazer alguma reforma. Acredito que em algum nível de preço será novamente favorável comprar Brasil. Ninguém quer governar no caos”, conclui.
Com o cenário doméstico tão complicado, natural que o mercado internacional fosse a válvula de escape para alocação de recursos. Mas diferente do consenso dos gestores multimercados que estão posicionados nas Treasuries para ganhar com a alta de juros nos EUA, Guerra prefere ficar comprado em ações americanas. “Uma grande convicção é de que os Estados Unidos estão acelerando, com economia bastante aquecida e empresas lucrando”, avalia o gestor, que estima valorização de 20% a 25% nas ações locais até meados de 2021, quando prevê uma possível recessão por lá. “A bolsa americana sobe até três meses antes da recessão”, afirma.
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Procure pelos “game changers”
Uma das vantagens de conversar com gestores com um longo histórico de sucesso no mercado é identificar as particularidades na maneira de investirem. Nesse ponto, Guerra revela como faz para alavancar a performance de seus investimentos: identificar os “game changers” e agir antes do restante do mercado. Com base no seu próprio histórico de mercado, o gestor diz que, em média, temos 3 a 4 ‘game changers’ no ano e esses eventos são responsáveis por grande parte dos ganhos de um fundo.
“Quando isso acontece nós alavancamos [a performance]. Se pegarmos de mão cheia dois desses acontecimentos, fazemos 75% a 80% do resultado do ano”, conta Guerra com a propriedade que sua experiência de mercado proporciona.
Ele mostra que dois ‘game changers’ já aconteceram em 2018: o primeiro foi a inflação mais baixa que o esperado que levou a Selic a cair abaixo de 7% no começo do ano; o segundo foi o “descolamento” entre os níveis de preços do dólar e do Ibovespa com a queda na probabilidade de um candidato reformista ir para o segundo turno – tanto bolsa quanto câmbio estavam em patamares “otimistas demais” para o desenho político que se formava.
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E o próximo ‘game changer’? Guerra já explicou em sua análise: é o próprio aumento de prêmio que os investidores deverão exigir no Ibovespa e no dólar.
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O Papo com Gestor é um programa de entrevistas semanais apresentado por Thiago Salomão, editor-chefe do InfoMoney. O programa é fruto de uma parceria com a XP Investimentos e trará toda semana uma entrevista com gestores que estão se destacando dentro da lista de fundos da plataforma digital da XP.