Publicidade
O Merval, índice que mede o desempenho das ações de maior tamanho e liquidez da bolsa argentina, saltou 96% entre janeiro e meados de setembro deste ano, desempenho 40 vezes superior ao registrado pelo Ibovespa, que caiu 2,33% no mesmo período.
A alta do indicador, segundo especialistas, pode ser creditada ao polêmico plano de austeridade do presidente Javier Milei, que, apesar de ter sido criticado por alguns setores, ajudou os hermanos a reduzir inflação, manter o equilíbrio fiscal e registrar superávit fiscal primário em todos os meses deste ano.
“O governo tem cortado custos, reduzido subsídios e implementado leis, além de revitalizar antigas, com o objetivo de diminuir a burocracia e melhorar o ambiente de negócios. Embora a economia tenha desacelerado devido à redução dos gastos públicos, espera-se que, no médio e longo prazo, o país volte a crescer com o aumento do consumo e do investimento privado”, disse João Crapina, analista CNPI da Suno Research.
O Merval é composto por 21 empresas de oito segmentos diferentes. O grupo com maior peso é o de companhias do setor financeiro (37,3%), seguido por energia (24,2%), serviços essenciais (19%), matéria-prima (13,6%), mercado imobiliário (1,8%), produtos básicos de consumo (1,7%), comunicação (1,5%) e consumo discricionário (0,8%).
Dentro do segmento financeiro, um dos destaques é a ação da holding de serviços financeiros Grupo Financiero Galicia, baseado em Buenos Aires, que avançou 237% só neste ano. Entre as empresas de energia, uma das melhores perfomances é da estatal argentina de petróleo YPF, que entregou valorização de 72% nos primeiros nove meses de 2024.
Alta deve continuar?
Rafael Haubrich, head de offshore da Manchester Investimentos, disse que muitos fatores externos, macro e microeconômicos podem influenciar o preço dos ativos nos próximos meses, o que torna a projeção de preço no longo prazo imprevisível. No entanto, falou, o orçamento argentino para 2025, apresentado para ao Congresso na semana, chamou atenção dos investidores.
Continua depois da publicidade
“Olhando para o maior foco de problemas do país, a recente apresentação do orçamento argentino para 2025 foi bem recebida pelo mercado, trazendo boas perspectivas para a economia Argentina, e pode favorecer os ativos caso seja executado conforme anunciado. Porém, há muitas dúvidas sobre a capacidade do país de cumprir todas as projeções, bem como a necessidade aprovação da “lei ônibus” pelo Senado argentino”, falou.
Quais os riscos?
Apesar de as medidas de austeridade terem repercutido positivamente no mercado de ações da Argentina neste ano, o cenário por lá ainda é incerto. Em uma escala de risco de 1 a 4 feita pelo grupo finaneiro Allianz, em que 1 é menos arriscado e 4 é o mais arriscado, a Argentina ainda está na posição 4. O Brasil, para efeito de comparação, tem risco médio, na posição 2. Os dados são de maio deste ano.
Alguns dos pontos levantados pelo Allianz são inflação estruturalmente alta; desequilíbrios macroeconômicos; quadro institucional enfraquecido; nove defaults soberanos (quando o país deixar de cumprir o pagamento de dívidas), sendo dois nos últimos 20 anos; escassez de reserva câmbio; e moeda fraca.
Continua depois da publicidade
“O país ainda passa por um cenário desafiador, com inflação alta e depreciação cambial, o que pode gerar novas pressões políticas sobre o governo atual”, falou Haubrich.
Crapina, da Suno, disse que, embora Milei seja liberal, o histórico da Argentina mostra alta intervenção estatal no ambiente de negócios, o que prejudicou empresas, e as restrições cambiais impostas às companhias “pode afetar a capacidade de quitarem suas dívidas em moeda estrangeira, forçando-as a buscar refinanciamentos, que nem sempre são obtidos em condições favoráveis”.
Leia também:
Continua depois da publicidade
Veja desempenho das bolsas da Argentina e do Brasil, além dos principais índices do mundo:
Índice | País | Desempenho |
Merval | Argentina | 96% |
S&P 500 | EUA | 20,70% |
Nasdaq 100 | EUA | 18,70% |
Nikkei 225 | Japão | 13,65% |
DAX 30 | Alemanha | 11,85% |
FTSE MIB | Itália | 10,50% |
Stoxx 600 | Europa | 7,45% |
Hang Seng | Hong Kong | 6,49% |
FTSE 100 | Reino Unido | 6,23% |
CAC 40 | França | 1,21% |
Ibovespa | Brasil | -2,33% |
Data de corte: 23/09/2024
Como investir na Argentina?
Há algumas formas de investir em ações na Argentina. Uma delas é comprar papéis diretamente na bolsa. Para isso, é preciso abrir conta em uma corretora que dê acesso ao ambiente de negociação do país. Outra maneira é via ETFs (fundos de índice) com exposição a companhias listadas na bolsa. Um dos principais é o Global X MSCI Argentina (ARGT), que teve o melhor desempenho do mundo neste ano. No Brasil, investimentos internacionais são tributados a uma alíquota única de 15%.
Por que o Ibovespa cai?
A situação fiscal no Brasil é mais preocupante, o que afeta o desempenho do Ibovespa. A renomada gestora Verde Asset Management citou recentemente que os gastos do governo estão “descontrolados nestes primeiros 18 meses de mandato”, respigando nos juros e no mercado acionário local. Com receio, tanto a Verde como a Kapitalo Investimentos zeraram exposição à bolsa brasileira.
Inscreva-se no minicurso de Day Trade gratuito que ensina a operar menos de 30 minutos por dia