Bitcoin recua ao menor patamar em 3 meses após especulação em torno da FTX

Criptomoeda Solana, uma das maiores posições da FTX, já perde 10% do valor nos últimos dias

Paulo Barros

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Na contramão das bolsas internacionais, que operam em alta nesta segunda-feira (11), o Bitcoin (BTC) cede à pressão dos vendedores após uma manhã já enfraquecido, e cai brevemente abaixo de US$ 25.000 pela primeira vez em três meses.

O movimento ocorre em meio a especulações de que a exchange de criptomoedas FTX, que passa por processo de falência, estaria prestes a começar a liquidar posições em ativos digitais.

O BTC caiu 3,3%, para US$ 24.958, no começo da tarde de hoje, o menor preço desde 15 de junho, quando a BlackRock apresentou proposta para oferecer o primeiro ETF (fundo de índice) dos EUA que investe diretamente na criptomoeda. Desde então, a Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (a SEC ) adiou a tomada de decisão sobre esse e outros pedidos similares.

“Temos oito semanas consecutivas de fortalecimento do dólar, o que pressiona o preço do Bitcoin para baixo”, disse James Butterfill, head de pesquisa da CoinShares. “Também há uma decepção contínua com a regulamentação do Bitcoin [nos EUA], e temos a decisão judicial sobre uma ampla gama de criptoativos da FTX, como Solana (SOL), que podem sofrer pressão de venda”.

A possível liquidação de ativos por parte da FTX e suas empresas afiliadas ajudou a alimentar a volatilidade do mercado, motivada em parte por um documento detalhando as posições que a empresa ainda possui.

A FTX detém atualmente quase US$ 1,2 bilhão em SOL, o token nativo da rede Solana, bem como US$ 560 milhões em Bitcoin e US$ 192 milhões em Ethereum (ETH), que abriu a semana na maior queda dos últimos seis meses. Em reação, a Solana registra perdas pelo quarto dia seguido, aprofundando a queda nesse período para cerca de 10%.

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Atuais administradores da FTX solicitaram que a gestora Galaxy Digital fosse apontada como supervisora das posições da FTX. A expectativa é que a Galaxy consiga reduzir o impacto das vendas da FTX no mercado, seja limitando a quantidade de tokens liquidada por semana, lançando mão de seu próprio caixa de Bitcoin e Ethereum, ou oferecendo remuneração para o depósito de ativos para gerar demanda adicional.

Ainda não se sabe se a FTX de fato poderá liquidar as criptomoedas. A empresa solicitou a um tribunal no mês passado autorização para vender ou transferir ativos digitais. Uma audiência está marcada para a próxima quarta-feira (13).

“As pessoas estão especulando preventivamente uma pressão de venda sobre o SOL”, disse Zaheer Ebtikar, fundador do fundo cripto Split Capital. “Como resultado, o token SOL ficará pressionado por algum tempo”.

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Novo “inverno” do Bitcoin?

O recuo de hoje aprofunda as perdas que o Bitcoin já vem sofrendo há quase dois meses. Em 60 dias, segundo a ferramenta CoinMarketCap, a desvalorização da criptomoeda alcança 18%. Ainda assim, o ano de 2023 segue sendo de forte recuperação.

Em relatório recente, o Bank of America (BofA) destacou que os ativos digitais acumulavam, até o final de agosto, o melhor desempenho entre todas as classes de ativos neste ano. Enquanto o Bitcoin subia mais de 50% e as criptos no geral avançavam 36%, bolsas saltavam 15% e o ouro, 6%, enquanto títulos com grau de investimento, commodities e petróleo ganhavam 3%, 2% e 1% no ano, respectivamente. Já títulos soberanos perdiam 1%.

Para a gestora Hashdex, o Bitcoin passa atualmente por uma fase de consolidação e o pior momento, visto justamente em meio à crise com a FTX, em novembro, quando o preço caiu abaixo de US$ 15 mil, já ficou para trás. Mas o investidor ainda deverá ser testado até que o caminho fique livre para novas máximas.

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“O pior já passou, mas isso não significa que não vai ter volatilidade. O Bitcoin pode oscilar entre US$ 20 mil e US$ 50 mil, que é um range (intervalo) bem alto, mas que faz parte desse período de consolidação. Isso já aconteceu no passado, em 2019 e 2020, e em 2015 e 2016″, avaliou Samir Kerbage, diretor de investimentos da Hashdex em entrevista ao Cripto+, programa semanal do InfoMoney sobre ativos digitais (assista à íntegra no player localizado no topo da matéria).

(Com informações da Bloomberg)

Paulo Barros

Jornalista pela Universidade da Amazônia, com especialização em Comunicação Digital pela ECA-USP. Tem trabalhos publicados em veículos brasileiros, como CNN Brasil, e internacionais, como CoinDesk. No InfoMoney, é editor com foco em investimentos e criptomoedas