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O Bitcoin (BTC) teve um 2023 de dar inveja a qualquer ativo de risco. No primeiro dia do ano, a criptomoeda valia US$ 16,6 mil, ainda abalada pela crise do setor em 2022. Ao longo de 2023, no entanto, a moeda digital chegou a valorizar 160%, ultrapassando o patamar de US$ 44 mil nos últimos dias. Nesta segunda-feira (11), a cripto é negociada perto do US$ 42 mil.
Para efeito de comparação, o índice Nasdaq 100, que acompanha as maiores empresas não financeiras dos Estados Unidos, subiu 48% no mesmo período. Já o S&P 500 avançou apenas 20% e o Ibovespa saltou 19% neste ano, operando próximo dos 127 mil pontos no momento da publicação deste texto.
“Pode parecer assustador um ativo subir 160% quando a gente está falando de recuperação, mas a volatilidade é grande e a gente pode falar de recuperação de mais de 100% e ainda assim ser muito plausível com o que a gente vê no mercado”, avalia André Franco, head de Research do Mercado Bitcoin (MB).
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A maioria dos investidores não aproveitou o fundo de mercado lá atrás e, portanto, não surfou a onda completa de alta da criptomoeda. Ainda assim, os ganhos foram tão expressivos que até os mais pacientes, que adotaram a estratégia conhecida como DCA (sigla para dollar cost average, o famoso preço médio), saíram em vantagem.
Levantamento realizado por Franco a pedido do InfoMoney mostra que aportes mensais e regulares na criptomoeda ao longo de 2023 resultaram em ganho de 71%, acima dos principais índices acionários do mundo. Quem comprou, por exemplo, R$ 500 em Bitcoin a cada mês ao longo do ano, transformou R$ 6.000 em R$ 10.261.
Veja a seguir quanto R$ 100, R$ 500 e R$ 100 todos os meses em BTC entregaram de retorno:
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Aporte mensal | Total de aportes | Aportes com lucro |
R$ 100 | R$ 1.200 | R$ 2.052 |
R$ 500 | R$ 6.000 | R$10.261 |
R$ 1.000 | R$ 12.000 | R$20.523 |
Fonte: André Franco, do MB. Data: 01/01/2023 até 08/12/2023. Conta leva em conta câmbio médio de R$ 5 para o dólar
Apesar dos números, Franco ressaltou que o Bitcoin é arriscado e volátil e que, como qualquer investimento, rendimento passado não é garantia de lucro no futuro.
“A gente sabe que esse segmento não sobe em linha reta e provavelmente vamos ter quedas fortes de 10%, 20%, 30% até 50% (no futuro), dependendo do que estiver acontecendo no cenário global, e o Bitcoin com certeza será afetado por isso”, falou, sinalizando que o ideal é o investidor só usar o dinheiro que pode perder.
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Mychel Mendes, fundador da Escola de Cripto, tem opinião semelhante. Ele disse que o usuário, antes de fazer qualquer aporte, deve analisar qual é seu perfil.
“Eu invisto a maior parte do meu capital em Bitcoin e em criptomoedas, mas entendo que é um mercado volátil que pode se movimentar e me forçar a esperar um tempo maior para ter lucros”, disse Mendes. Mas tudo “depende do perfil de investidor de cada um e de qual a disponibilidade do dinheiro”.
Previsão de alta
Apesar de a criptomoeda ter valorizado mais de três dígitos, ainda pode haver espaço para o ativo subir entre o final deste ano e o começo de 2024. Em análise técnica, o analista Fernando Pereira, da corretora Bitget, disse que padrões gráficos indicam possível alta para cerca de US$ 50 mil em janeiro. Esse valor é o nível de resistência – ou seja, a partir dele pode ser que a cripto recue, visto que grandes investidores tendem a realizar lucro nesse patamar.
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Um dos principais catalisadores da tese é o halving, mudança quadrienal na blockchain do ativo digital que corta pela metade a emissão do BTC e diminui sua taxa de inflação. O próximo evento, previsto para abril do próximo ano, reduzirá a emissão de quais 6,25 BTC a cada 10 minutos (a remuneração dos mineradores) para 3,125 unidades.
“Apesar de já ter subido tudo isso, o Bitcoin ainda precisa subir cerca de 50% para chegar no valor do último topo (US$ 69 mil), e só isso já seria um bom motivo (para investir), mas ano que vem tem o halving, que reduz a quantidade de novos Bitcoins no mercado pela metade num momento de retomada econômica pelo mundo e adoção crescente, como nunca antes vista, da moeda”, disse Mendes.
Eventos regulatórios e macroeconômicos também são apontados como possíveis catalisadores de alta para o BTC. Um deles é o fato de os EUA estarem próximos de aprovar o primeiro ETF (fundo de índice) com exposição direta à criptomoeda. O outro é a expectativa que o país reduza as taxas de juros no ano que vem, abrindo espaço para investimentos de risco.
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“Olhando para o futuro, os desenvolvimentos políticos e regulamentares globais poderão ter um grande impacto na adoção e procura contínuas desse ativo (Bitcoin)”, escreveu a gestora Grayscale em relatório divulgado na semana passada.
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