Bitcoin ganha da Bolsa no ano até com estratégia de preço médio; veja quanto você teria embolsado

Aportes mensais na criptomoeda superam Ibovespa, S&P500 e Nasdaq 100 em 2023; confira evolução de R$ 100, R$ 500 e R$ 1 mil

Lucas Gabriel Marins

A Bitcoin sign on the opening day of the European Blockchain Convention at the Fira de Barcelona in Barcelona, Spain, on Wednesday, Oct. 25, 2023. Europe's largest blockchain event runs from 25-26 Oct. Photographer: Angel Garcia/Bloomberg
A Bitcoin sign on the opening day of the European Blockchain Convention at the Fira de Barcelona in Barcelona, Spain, on Wednesday, Oct. 25, 2023. Europe's largest blockchain event runs from 25-26 Oct. Photographer: Angel Garcia/Bloomberg

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O Bitcoin (BTC) teve um 2023 de dar inveja a qualquer ativo de risco. No primeiro dia do ano, a criptomoeda valia US$ 16,6 mil, ainda abalada pela crise do setor em 2022. Ao longo de 2023, no entanto, a moeda digital chegou a valorizar 160%, ultrapassando o patamar de US$ 44 mil nos últimos dias. Nesta segunda-feira (11), a cripto é negociada perto do US$ 42 mil.

Para efeito de comparação, o índice Nasdaq 100, que acompanha as maiores empresas não financeiras dos Estados Unidos, subiu 48% no mesmo período. Já o S&P 500 avançou apenas 20% e o Ibovespa saltou 19% neste ano, operando próximo dos 127 mil pontos no momento da publicação deste texto.

“Pode parecer assustador um ativo subir 160% quando a gente está falando de recuperação, mas a volatilidade é grande e a gente pode falar de recuperação de mais de 100% e ainda assim ser muito plausível com o que a gente vê no mercado”, avalia André Franco, head de Research do Mercado Bitcoin (MB).

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A maioria dos investidores não aproveitou o fundo de mercado lá atrás e, portanto, não surfou a onda completa de alta da criptomoeda. Ainda assim, os ganhos foram tão expressivos que até os mais pacientes, que adotaram a estratégia conhecida como DCA (sigla para dollar cost average, o famoso preço médio), saíram em vantagem.

Levantamento realizado por Franco a pedido do InfoMoney mostra que aportes mensais e regulares na criptomoeda ao longo de 2023 resultaram em ganho de 71%, acima dos principais índices acionários do mundo. Quem comprou, por exemplo, R$ 500 em Bitcoin a cada mês ao longo do ano, transformou R$ 6.000 em R$ 10.261.

Veja a seguir quanto R$ 100, R$ 500 e R$ 100 todos os meses em BTC entregaram de retorno:

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Aporte mensal Total de aportes  Aportes com lucro
R$ 100 R$ 1.200 R$ 2.052
R$ 500 R$ 6.000 R$10.261
R$ 1.000 R$ 12.000 R$20.523

Fonte: André Franco, do MB. Data: 01/01/2023 até 08/12/2023. Conta leva em conta câmbio médio de R$ 5 para o dólar

Apesar dos números, Franco ressaltou que o Bitcoin é arriscado e volátil e que, como qualquer investimento, rendimento passado não é garantia de lucro no futuro.

“A gente sabe que esse segmento não sobe em linha reta e provavelmente vamos ter quedas fortes de 10%, 20%, 30% até 50% (no futuro), dependendo do que estiver acontecendo no cenário global, e o Bitcoin com certeza será afetado por isso”, falou, sinalizando que o ideal é o investidor só usar o dinheiro que pode perder.

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Mychel Mendes, fundador da Escola de Cripto, tem opinião semelhante. Ele disse que o usuário, antes de fazer qualquer aporte, deve analisar qual é seu perfil.

“Eu invisto a maior parte do meu capital em Bitcoin e em criptomoedas, mas entendo que é um mercado volátil que pode se movimentar e me forçar a esperar um tempo maior para ter lucros”, disse Mendes. Mas tudo “depende do perfil de investidor de cada um e de qual a disponibilidade do dinheiro”.

Previsão de alta

Apesar de a criptomoeda ter valorizado mais de três dígitos, ainda pode haver espaço para o ativo subir entre o final deste ano e o começo de 2024. Em análise técnica, o analista Fernando Pereira, da corretora Bitget, disse que padrões gráficos indicam possível alta para cerca de US$ 50 mil em janeiro. Esse valor é o nível de resistência – ou seja, a partir dele pode ser que a cripto recue, visto que grandes investidores tendem a realizar lucro nesse patamar.

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Um dos principais catalisadores da tese é o halving, mudança quadrienal na blockchain do ativo digital que corta pela metade a emissão do BTC e diminui sua taxa de inflação. O próximo evento, previsto para abril do próximo ano, reduzirá a emissão de quais 6,25 BTC a cada 10 minutos (a remuneração dos mineradores) para 3,125 unidades.

“Apesar de já ter subido tudo isso, o Bitcoin ainda precisa subir cerca de 50% para chegar no valor do último topo (US$ 69 mil), e só isso já seria um bom motivo (para investir), mas ano que vem tem o halving, que reduz a quantidade de novos Bitcoins no mercado pela metade num momento de retomada econômica pelo mundo e adoção crescente, como nunca antes vista, da moeda”, disse Mendes.

Eventos regulatórios e macroeconômicos também são apontados como possíveis catalisadores de alta para o BTC. Um deles é o fato de os EUA estarem próximos de aprovar o primeiro ETF (fundo de índice) com exposição direta à criptomoeda. O outro é a expectativa que o país reduza as taxas de juros no ano que vem, abrindo espaço para investimentos de risco.

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“Olhando para o futuro, os desenvolvimentos políticos e regulamentares globais poderão ter um grande impacto na adoção e procura contínuas desse ativo (Bitcoin)”, escreveu a gestora Grayscale em relatório divulgado na semana passada.

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