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O ano de 2024 promete ser um ponto de virada para Bitcoin (BTC) e Ethereum (ETH).
Com o avanço de produtos regulados de criptomoedas nos Estados Unidos, os dois ativos devem se afastar de seu passado “antissistema”, ligado a nerds e anarcocapitalistas, para enfim caírem no colo de Wall Street, o que pode atrair capital e elevar os preços das moedas acima de suas máximas históricas, segundo analistas.
Também jogam a favor dos dois criptoativos o possível fim do ciclo de aperto monetário nos EUA a partir de 2024, que normalmente eleva o apetite por risco, e as atualizações tecnológicas das blockchains do BTC e do Ether, que prometem gerar mais escassez e atrair novos usuários.
No lado macroeconômico, talvez o principal “personagem” do ano seja o tão aguardado ETF (fundo de índice) com exposição direta ao Bitcoin dos EUA. Há meses, gestoras como BlackRock, Ark Invest e VanEck tentam convencer a Comissão de Valores Mobiliários do país, a SEC, a liberar o produto, sem sucesso. Receio de fraude e manipulação do mercado foram alguns dos argumentos usados até agora pelo regulador.
Mas as coisas podem mudar no início de 2024. Analistas acreditam que o xerife do mercado de capitais pode enfim dar aval para o primeiro lote de ETFs de BTC em janeiro. Estima-se que os veículos de investimento possam servir de chamariz para capital institucional e de varejo, atraindo até US$ 100 bilhões em pouco tempo, segundo levantamento da Bloomberg Intelligence.
“A aprovação de um ETF pela SEC pode ser um ponto crucial para a evolução do mercado. A entrada de investidores institucionais por meio desse produto vai proporcionar uma maior legitimidade ao Bitcoin como uma classe de ativos. Isso resultaria em uma significativa entrada de capital no mercado, impactando positivamente os preços.”, disse Theodoro Fleury, gestor da QR Asset Management.
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Além do ETF de Bitcoin, algumas gestoras também enviaram para o regulador pedidos de fundos de índices com exposição direta ao Ethereum. O produto, segundo Fleury, também tem força para atrair capital institucional e elevar o preço da criptomoeda.
Juros
Outro ponto que deve nortear o mercado cripto é a política monetária dos EUA. Em meio a avanços no combate à inflação, membros do Federal Reserve (Fed, o banco central do país) sinalizaram corte de juros de 75 pontos base em 2024 – hoje, o patamar é de 5,25% a 5,50% ao ano. O Goldman Sachs estima que a redução deve começar no terceiro trimestre.
Em teoria, taxas de juros mais altas tendem a levar investidores para os títulos do governo dos EUA – os famosos Treasuries -, que ficam mais atrativos. Por outro lado, as quedas aumentam o apetite por risco e chamam atenção para criptoativos, ações e demais produtos financeiros de renda variável.
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“Com cortes de juros mais baixos você começa a ter apetite maior de investidores tanto de varejo como institucionais, e a tendência é que busquem mais risco para trazer rentabilidade melhor para carteira, e isso beneficia todo o mercado de criptoativos”, disse Luiz Pedro, sócio e analista de criptoativos da Nord Research.
Halving e atualizações
No lado da tecnologia, o grande destaque do BTC será o halving, evento que ocorre a cada quatro anos e corta pela metade a emissão de unidades de BTC paga aos mineradores. Previsto para abril de 2024, o evento vai reduzir a emissão de novos BTC dos atuais 6,25 tokens por bloco para 3,125 moedas emitidas, tornando o ativo ainda mais escasso.
“A redução da emissão é muito relevante, uma vez que a maior parte das vendas de Bitcoin provém dos mineradores, que precisam vender BTC para cobrir seus custos operacionais; com a pressão de venda dos mineradores sendo reduzida pela metade, a oferta líquida do ativo disponível no mercado deve ser afetada”, disse Alter Yuri, analista de research da Hashdex.
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Esse será o quatro halving do BTC. Historicamente, os 12 a 18 meses anteriores à atualização são marcados por desempenhos de preço positivos. Se esses ciclos anteriores forem um bom preditor para o próximo evento, disse Alter, é possível o BTC possa superar sua máxima história de US$ 69 mil, registrada em novembro de 2021, assim como foi em todos os ciclos anteriores.
No caso do Ethereum, do ponto de vista tecnológico, o mercado espera que 2024 seja marcado por atualizações que diminuam o custo de transação na rede e facilitem o desenvolvimento de mais projetos cripto dentro do ecossistema.
“Existe expectativa muito grande para uma nova atualização que vai facilitar as tecnológicas de segunda camada, que são blockchains acessórias ao Ethereum que podem tornar ela mais escalável – ou seja, processar mais transações por segundo de forma mais barata e mais rápida”, disse Luiz Pedro, da Nord Research.
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Preço-alvo
Esse cenário de ETFs em Wall Street, juros baixos “na gringa”, halving e atualizações vem gerando previsões bastante otimistas sobre o preço do Bitcoin em 2024. O analista técnico e fundador da Enfoque Fausto Botelho, por exemplo, acredita que o Bitcoin tem tudo para bater em US$ 200 mil até abril, uma alta de 375% em relação aos US$ 42 mil registrado pela moeda no final do ano.
De acordo com Botelho, o Bitcoin está em um canal de alta e, mais recentemente, fez o famoso movimento Ombro-Cabeça-Ombro, um padrão que indica reversão de tendência principal. “O Bitcoin, quando rompeu os US$ 30 mil (recentemente), reafirmou a tendência de alta, por definição, portanto, estamos em um bull market”, falou.
Previsões semelhantes – inclusive de Botelho – foram feitas nos últimos anos com esse mesmo preço-alvo para 2022. A empresa de estratégia de mercado e research FSInsight, por exemplo, apontou que o BTC poderia chegar a US$ 200 mil no ano passado. A previsão, no entanto, não se concretizou e os preços caíram por causa da queda de projetos importantes, como Voyager, Terra, Celsius e FTX.
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No caso do Ethereum, segundo o analista, a expectativa para 2024 é que o preço chegue próximo dos US$ 5 mil – o dobro do valor do ETH no final de 2023 -, mas isso se o cenário macro previsto pelo mercado realmente ganhar vida.