Publicidade
A forte liquidação de criptoativos na segunda-feira (5) voltou a colocar à prova a tese de que o Bitcoin (BTC) é o equivalente a um “ouro digital”, e que por isso pertence a uma carteira de ativos visando proteção contra a volatilidade do mercado de ações. O teste, no entanto, não deu certo mais uma vez, na visão de críticos da moeda.
À medida que as ações afundavam na segunda-feira e os carry trades se desfaziam, o Bitcoin se comportou mais como ações do que como ouro, chegando a cair 17%, para menos de US$ 50.000, antes de recuperar parte das perdas. A sua correlação com o metal precioso ficou negativa em julho, mostram dados compilados pela Bloomberg.
“Não é realista pensar que os investidores institucionais estão alocando capital para o Bitcoin pelo mesmo motivo que o ouro”, disse o analista da eToro Josh Gilbert. “Esses dois ativos não desempenham o mesmo papel nas carteiras de investimento.”
Em vez disso, alguns observadores afirmam que a forte queda do Bitcoin apoia a a tese de que as criptomoedas são uma classe de ativos que têm sintonia com perigos iminentes – como o Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos) esperar tempo demais para reduzir as taxas de juros e mergulhar a economia numa recessão.
“Se os investidores entram em pânico ou procuram desalavancagem, as criptomoedas costumam ser o primeiro ativo da lista [de venda]”, disse Gilbert.
As comparações entre o Bitcoin e o ouro têm, em parte, suas raízes no conceito de escassez. Assim como há uma oferta limitada de ouro na Terra, a blockchain do Bitcoin foi projetada para retardar automaticamente a criação de novos tokens por meio de um processo conhecido como halving, que ocorre a cada quatro anos. No final das contas, haverá 21 milhões de Bitcoins em circulação.
Continua depois da publicidade
Alguns analistas estão mais relutantes em desistir da tese do Bitcoin como ouro – ou pelo menos da ideia de que um dia isso poderá se tornar realidade.
“Muitos investidores veem o Bitcoin como uma aposta de risco em seu futuro como ouro digital”, escreveu Alex Thorn, chefe de pesquisa da Galaxy Research, em nota na segunda-feira. “Ao contrário do ouro, o Bitcoin ainda não é amplamente detido por governos soberanos, bancos centrais ou investidores institucionais.”
Mesmo depois de cair 13% desde o início de julho, o Bitcoin continua a ser um dos ativos com melhor desempenho neste ano, subindo 26% desde janeiro, ultrapassando facilmente o ouro. Mas a recuperação foi impulsionada, mais do que qualquer outro evento, pelo lançamento de ETFs de Bitcoin à vista nos EUA no início de janeiro.
Continua depois da publicidade
Como proteção contra a inflação, a criptomoeda teve um mau desempenho, subindo durante uma época de ampla subida de preços, mas caindo no momento em que começavam a surgir provas de que os juros elevados nos EUA estavam finalmente fazendo efeito.
© 2024 Bloomberg L.P.