Volta das criptos? Bitcoin quebra “maldição” e ensaia melhor setembro em 11 anos

Mês historicamente ruim para a Bolsa americana, setembro também costuma ser péssimo para o Bitcoin (BTC). Na esteira da volta das férias de verão nos Estados Unidos e preocupação com as contas domésticas no início do ano fiscal, o mercado de ações e criptos normalmente passam por volatilidade. Mas em 2024 foi diferente – com destaque para o ativo digital.

A criptomoeda caminha para fechar setembro com alta perto de 9%, o melhor resultado desde 2013, segundo dados da plataforma Coinglass, seguindo o S&P 500 e o Dow Jones, que bateram novos recordes no mês. Além disso, o BTC foi o ativo que mais valorizou em 2024, segundo levantamento de Charlie Bilello, estrategista-chefe de mercado da Creative Planning, em uma comparação entre 21 classes de títulos.

O bom desempenho da cripto, segundo especialistas, pode ser creditado principalmente à flexibilização global nos juros, que tende a atrair mais dinheiro para ativos de risco. Neste mês, o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) e o Banco Central Europeu (BCE) reduziram a taxa básica, enquanto o Banco do Japão a manteve inalterada.

“A correlação do Bitcoin com a política monetária continua a ser mais alta com relação ao Fed”, disse Sean McNulty, diretor e trading do provedor de liquidez Arbelos Markets, para a Bloomberg. “Outros bancos centrais flexibilizando certamente também ajudam.”

Com mais dinheiro disponível no mercado, os fundos globais de criptomoedas administrados por gigantes como BlackRock, Fidelity e ProShares registraram três semanas consecutivas de captação líquida, totalizando US$ 1,2 bilhão, segundo relatório publicado pela CoinShares nesta segunda-feira (30).

“Acreditamos ser uma reação às expectativas contínuas de política monetária moderada nos EUA e ao momentum positivo de preços associado, com o total de ativos sob gestão (AuM, na sigla em inglês) aumentando em 6,2% na semana passada”, disse James Butterfill, head de research da empresa.

Por volta das 11h desta segunda, o Bitcoin era negociado a US$ 64.113, com queda de 2,50% nas últimas 24 horas, segundo dados do CoinGecko. O Ethereum (ETH) caía menos de 1% no dia, para US$ 2.635, mas acumula no mês alta próxima de 5%. As demais altcoins operam mistas.

Confira o desempenho das principais criptomoedas em setembro:

O que esperar de outubro?

Nos meses de setembro dos últimos 11 anos, o Bitcoin caiu em oito deles. Em outubro, por outro lado, o desempenho foi o oposto e a cripto subiu nove vezes no mesmo período. O mês das crianças é até apelidado de “uptober“, termo do mercado cripto para descrever os movimentos de alta, segundo Julio Andreoni, especialista cripto do Bitybank.

“O mercado de criptomoedas mostrou sinais positivos na semana passada, com o FOMO (sigla em inglês para a expressão que indica o medo de ficar de fora) retornando entre os investidores de varejo. Começaremos outubro, apelidado de ‘uptober‘” por causa da rentabilidade alta, disse.

Além da questão da política monetária, que deve continuar influenciando o setor, os players também aguardam o desfecho da corrida eleitoral presidencial dos EUA. Ambos candidatos já demonstraram estar mais abertos aos ativos digitais. Donald Trump disse que deseja “transformar os EUA em uma superpotência de Bitcoin” e Kamala Harris, em evento na semana passada, falou que o país deve manter o “domínio em blockchain“.