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Na contramão de boa parte das projeções de economistas, o primeiro semestre foi recheado de surpresas – com o adiamento da recessão global e um verdadeiro rali de papéis mais ligados à inteligência artificial (IA). Não à toa, fundos de ações alocados nas chamadas big techs lideraram os ganhos ao longo do semestre.
Caso do Arbor Global Equities BRL e do Empiricus Tech Select, que obtiveram retornos de 32,17% e de 28,52%, respectivamente, no primeiro semestre.
Já do lado local, a primeira metade do ano foi bastante positiva para casas com posição em ações de empresas de menor valor de mercado, como Marcopolo (POMO4), que terminou o período com uma alta de mais de 89%.
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Valid (VLID3) e Oceanpact (OPCT3) também avançaram mais de 60% no acumulado do ano até junho e foram alguns dos destaques de produtos como o Organon FIA, que terminou o período em primeiro lugar entre os retornos de fundos de ações, no valor de 35,54%.
Papéis como Eletromidia (ELMD3) e Hospital Mater Dei (MATD3) também ofereceram bons ganhos de até 59% para fundos como o Equitas Selection FIA, que avançou 26,07% entre janeiro e junho deste ano.
O InfoMoney levou em conta dados extraídos da plataforma TC/Economatica em sete de julho. Foram considerados veículos não exclusivos, com gestão ativa, patrimônio líquido médio superior a R$ 100 milhões em 12 meses e mais de 99 cotistas no fim de junho. Fundos monoações não foram contabilizados. Confira a lista abaixo:
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Fundos de ações com melhor retorno no 1º semestre de 2023 | Retorno entre janeiro e junho (%) |
Organon FIC FIA | 35,54 |
Alaska Black FIC FIA Bdr Nivel I | 34,93 |
Franklin Clearb Acoes Eua Gro FIA Ie | 33,52 |
Arbor Global Eq Brl FIC FIA Bdr Nivel I | 32,17 |
Empiricus Tech Select FIA Bdr Nivel I | 28,52 |
Equitas Selection Fc FIA | 26,07 |
Guepardo Fc FIA | 25,00 |
Tarpon Gt Fc FIA | 24,75 |
Axa Wf Fr Dig Econ Adv Fc FIA Ie | 24,04 |
Opportunity Logica II FIC FIA | 23,38 |
Fonte: TC/Economatica
Big techs: ainda há potencial de valorização?
Embora papéis como Microsoft, Meta, Google, Amazon e TSMC (fabricante de semicondutores) tenham registrado altas de até 117,5% ao longo do primeiro semestre e liderado os ganhos do fundo da Arbor Capital no período, a gestora defende que tais empresas ainda não “corrigiram tudo o que têm para corrigir”.
Quem explica é o sócio e cofundador da casa, João Vitor Valladares. O executivo observa que a única companhia que está na máxima de preço é a Microsoft, embora as outras estejam perto. Além disso, ele chama atenção para os múltiplos que chegam a 20 vezes do preço sobre o lucro pelos quais estão sendo negociadas companhias como a Alphabet e a Meta.
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“É um múltiplo de empresas que são dominantes no mercado, mas que está, por enquanto, inferior ao de companhias brasileiras que não possuem a mesma dominância”, argumenta Valladares.
“Bolha” e fluxo
Ao ser questionado se vê uma espécie de bolha nas ações mais ligadas à IA, o gestor diz que, ao calcular o valution (preço) dos papéis, é possível perceber que eles não estão “caros”.
“São empresas muito grandes e que têm um espaço relevante dentro das Bolsas americanas, mas isso não tem nada a ver com bolha”, destaca o profissional.
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Companhias como Apple, Microsoft, Alphabet e Amazon também foram destaque de performance em fundos da Empiricus Gestão. Após uma alta relevante no primeiro semestre, a gestora defende que o segundo semestre exigirá uma seleção mais certeira dos ativos (stock picking), porque várias ações já subiram muito.
Um dos impulsos pode vir de fundos hedge. O responsável por produtos e risco da casa, Marcos Neves, observa que houve uma zeragem ou redução recente de posições vendidas (que apostam na queda) das Bolsas americanas, o que tende a trazer fluxo para alguns papéis.
O profissional também destaca que os dados de atividade apontam que os Estados Unidos devem passar por alguma recessão, mas que diminuiu a probabilidade de que isso ocorra nos próximos meses. Também cresceu a expectativa de que não haja um solavanco da economia, ou um grande choque, pondera.
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Ações de cibersegurança ainda podem subir
Uma das apostas da casa para o segundo semestre está em papéis mais ligados à cibersegurança. O analista de investimentos da Empiricus Gestão João Pedro Rodrigues explica que o setor é o que está mais descontado frente aos demais que trabalham com tecnologia.
A explicação, diz, é que foco tende a ficar primeiro nas companhias que criam a estrutura para desenvolver a IA. Na sequência, investidores costumam pensar nas tecnologias de manutenção e de aperfeiçoamento como, por exemplo, segurança.
Para entrar nesse novo mercado, a casa conta que pretende iniciar a posição via um ETF (fundo de índice) — o papel não foi revelado. Atualmente, há algumas opções disponíveis no mercado de ETFs e de BDRs de ETFs, como o iShares Cybersecurity and Tech ETF (BIHA39) e o Global X Cybersecurity ETF (BBUG39).
Empresas menos conhecidas no radar
Para além de ações americanas, fundos com posição em companhias locais, que são menos acompanhadas por casas de análise, terminaram o primeiro semestre com desempenho positivo. É o caso do Tarpon GT FIA, que avançou 24,75% no acumulado do período.
A alta foi impulsionada especialmente por alguns destaques como Lavvi (LAVV3), Wilson Sons Holding Brasil (PORT3), além de Fras-le (FRAS3).
Mesmo após subir mais de 34% no acumulado até o fechamento de ontem (13), o sócio da Tarpon e gestor do Tarpon GT, Rafael Maisonnave, diz que a Fras-le deve voltar a surpreender no balanço do segundo trimestre.
Segundo ele, a empresa tem conseguido ganhar participação de mercado, com o posicionamento de marca adotado e as aquisições feitas. Também há uma forte expectativa com a receita. O executivo lembra que a companhia divulga a receita dela mensalmente e é que é possível perceber um aumento nas vendas entre abril e maio deste ano. “A ação continua descontada sem motivo”, resume o gestor.
Outra companhia que deve apresentar resultados melhores é a Wilson Sons, cujo resultado foi afetado negativamente por uma perda de volume com um problema em um porto. No entanto, afirma Maisonnave já conseguiu dar a volta por cima e recuperar os números, e tende ainda a ser beneficiada com a normalização dos fretes do pós-pandemia.
Reforma tributária
Apesar de manter boa parte das alocações em empresas de cunho mais industrial, mirando um possível impacto reduzido da reforma tributária, o gestor do Tarpon GT destaca que tem adotado uma postura bastante cautelosa na gestão da carteira. A nova tributação, diz, não está clara nem mesmo para as próprias empresas.
“Se o incentivo fiscal for relevante, a gente deve colocar um ponto de atenção. Desfazer toda a estrutura criada ao longo de anos vai exigir um planejamento muito bom. Se fizer mal, os impactos são grandes”, pondera Maisonnave.
Leia mais:
O texto da reforma tributária foi aprovado na Câmara neste mês, mas ainda precisa ser analisado pelo Senado. A depender de mudanças feitas pelos senadores, a proposta precisará voltar para a apreciação dos deputados.
Em entrevista à RedeTV nesta semana, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que, com o passar do tempo, a alíquota do Imposto sobre Valor Agregado (IVA), que será implementada com a reforma tributária, atingirá um ponto de equilíbrio.
Segundo Haddad, a tendência é que ela fique em patamar inferior a 25% por causa da eficiência do sistema, tanto por ampliação da base de incidência tributária como pela redução da evasão fiscal. Na ocasião, o ministro também voltou a defender um enxugamento das exceções do texto.