Big techs e papel que disparou 90% puxam ganhos de fundos de ações; veja ranking e novas apostas

Segundo especialistas, investidor deve ficar de olho em um segmento de tecnologia que ficou para trás

Bruna Furlani

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Na contramão de boa parte das projeções de economistas, o primeiro semestre foi recheado de surpresas – com o adiamento da recessão global e um verdadeiro rali de papéis mais ligados à inteligência artificial (IA). Não à toa, fundos de ações alocados nas chamadas big techs lideraram os ganhos ao longo do semestre.

Caso do Arbor Global Equities BRL e do Empiricus Tech Select, que obtiveram retornos de 32,17% e de 28,52%, respectivamente, no primeiro semestre.

Já do lado local, a primeira metade do ano foi bastante positiva para casas com posição em ações de empresas de menor valor de mercado, como Marcopolo (POMO4), que terminou o período com uma alta de mais de 89%.

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Valid (VLID3) e Oceanpact (OPCT3) também avançaram mais de 60% no acumulado do ano até junho e foram alguns dos destaques de produtos como o Organon FIA, que terminou o período em primeiro lugar entre os retornos de fundos de ações, no valor de 35,54%.

Papéis como Eletromidia (ELMD3) e Hospital Mater Dei (MATD3) também ofereceram bons ganhos de até 59% para fundos como o Equitas Selection FIA, que avançou 26,07% entre janeiro e junho deste ano.

InfoMoney levou em conta dados extraídos da plataforma TC/Economatica em sete de julho. Foram considerados veículos não exclusivos, com gestão ativa, patrimônio líquido médio superior a R$ 100 milhões em 12 meses e mais de 99 cotistas no fim de junho. Fundos monoações não foram contabilizados. Confira a lista abaixo:

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Fundos de ações com melhor retorno no 1º semestre de 2023  Retorno entre janeiro e junho (%)
Organon FIC FIA 35,54
Alaska Black FIC FIA Bdr Nivel I 34,93
Franklin Clearb Acoes Eua Gro FIA Ie 33,52
Arbor Global Eq Brl FIC FIA Bdr Nivel I 32,17
Empiricus Tech Select FIA Bdr Nivel I 28,52
Equitas Selection Fc FIA 26,07
Guepardo Fc FIA 25,00
Tarpon Gt Fc FIA 24,75
Axa Wf Fr Dig Econ Adv Fc FIA Ie 24,04
Opportunity Logica II FIC FIA 23,38

Fonte: TC/Economatica 

Big techs: ainda há potencial de valorização?

Embora papéis como Microsoft, Meta, Google, Amazon e TSMC (fabricante de semicondutores) tenham registrado altas de até 117,5% ao longo do primeiro semestre e liderado os ganhos do fundo da Arbor Capital no período, a gestora defende que tais empresas ainda não “corrigiram tudo o que têm para corrigir”.

Quem explica é o sócio e cofundador da casa, João Vitor Valladares. O executivo observa que a única companhia que está na máxima de preço é a Microsoft, embora as outras estejam perto. Além disso, ele chama atenção para os múltiplos que chegam a 20 vezes do preço sobre o lucro pelos quais estão sendo negociadas companhias como a Alphabet e a Meta.

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“É um múltiplo de empresas que são dominantes no mercado, mas que está, por enquanto, inferior ao de companhias brasileiras que não possuem a mesma dominância”, argumenta Valladares.

“Bolha” e fluxo

Ao ser questionado se vê uma espécie de bolha nas ações mais ligadas à IA, o gestor diz que, ao calcular o valution (preço) dos papéis, é possível perceber que eles não estão “caros”.

“São empresas muito grandes e que têm um espaço relevante dentro das Bolsas americanas, mas isso não tem nada a ver com bolha”, destaca o profissional.

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Companhias como Apple, Microsoft, Alphabet e Amazon também foram destaque de performance em fundos da Empiricus Gestão. Após uma alta relevante no primeiro semestre, a gestora defende que o segundo semestre exigirá uma seleção mais certeira dos ativos (stock picking), porque várias ações já subiram muito.

Um dos impulsos pode vir de fundos hedge. O responsável por produtos e risco da casa, Marcos Neves, observa que houve uma zeragem ou redução recente de posições vendidas (que apostam na queda) das Bolsas americanas, o que tende a trazer fluxo para alguns papéis.

O profissional também destaca que os dados de atividade apontam que os Estados Unidos devem passar por alguma recessão, mas que diminuiu a probabilidade de que isso ocorra nos próximos meses. Também cresceu a expectativa de que não haja um solavanco da economia, ou um grande choque, pondera.

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Ações de cibersegurança ainda podem subir

Uma das apostas da casa para o segundo semestre está em papéis mais ligados à cibersegurança. O analista de investimentos da Empiricus Gestão João Pedro Rodrigues explica que o setor é o que está mais descontado frente aos demais que trabalham com tecnologia.

A explicação, diz, é que foco tende a ficar primeiro nas companhias que criam a estrutura para desenvolver a IA. Na sequência, investidores costumam pensar nas tecnologias de manutenção e de aperfeiçoamento como, por exemplo, segurança.

Para entrar nesse novo mercado, a casa conta que pretende iniciar a posição via um ETF (fundo de índice) — o papel não foi revelado. Atualmente, há algumas opções disponíveis no mercado de ETFs e de BDRs de ETFs, como o iShares Cybersecurity and Tech ETF (BIHA39) e o Global X Cybersecurity ETF (BBUG39).

Empresas menos conhecidas no radar

Para além de ações americanas, fundos com posição em companhias locais, que são menos acompanhadas por casas de análise, terminaram o primeiro semestre com desempenho positivo. É o caso do Tarpon GT FIA, que avançou 24,75% no acumulado do período.

A alta foi impulsionada especialmente por alguns destaques como Lavvi (LAVV3), Wilson Sons Holding Brasil (PORT3), além de Fras-le (FRAS3).

Mesmo após subir mais de 34% no acumulado até o fechamento de ontem (13), o sócio da Tarpon e gestor do Tarpon GT, Rafael Maisonnave, diz que a Fras-le deve voltar a surpreender no balanço do segundo trimestre.

Segundo ele, a empresa tem conseguido ganhar participação de mercado, com o posicionamento de marca adotado e as aquisições feitas. Também há uma forte expectativa com a receita. O executivo lembra que a companhia divulga a receita dela mensalmente e é que é possível perceber um aumento nas vendas entre abril e maio deste ano. “A ação continua descontada sem motivo”, resume o gestor.

Outra companhia que deve apresentar resultados melhores é a Wilson Sons, cujo resultado foi afetado negativamente por uma perda de volume com um problema em um porto. No entanto, afirma Maisonnave já conseguiu dar a volta por cima e recuperar os números, e tende ainda a ser beneficiada com a normalização dos fretes do pós-pandemia.

Reforma tributária

Apesar de manter boa parte das alocações em empresas de cunho mais industrial, mirando um possível impacto reduzido da reforma tributária, o gestor do Tarpon GT destaca que tem adotado uma postura bastante cautelosa na gestão da carteira. A nova tributação, diz, não está clara nem mesmo para as próprias empresas.

“Se o incentivo fiscal for relevante, a gente deve colocar um ponto de atenção. Desfazer toda a estrutura criada ao longo de anos vai exigir um planejamento muito bom. Se fizer mal, os impactos são grandes”, pondera Maisonnave.

Leia mais:

O texto da reforma tributária foi aprovado na Câmara neste mês, mas ainda precisa ser analisado pelo Senado. A depender de mudanças feitas pelos senadores, a proposta precisará voltar para a apreciação dos deputados.

Em entrevista à RedeTV nesta semana, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que, com o passar do tempo, a alíquota do Imposto sobre Valor Agregado (IVA), que será implementada com a reforma tributária, atingirá um ponto de equilíbrio.

Segundo Haddad, a tendência é que ela fique em patamar inferior a 25% por causa da eficiência do sistema, tanto por ampliação da base de incidência tributária como pela redução da evasão fiscal. Na ocasião, o ministro também voltou a defender um enxugamento das exceções do texto.

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