BDRs “apimentam” retornos e fundos de ações avançam até 37% no 1º semestre

Fundos de BDR foram destaque no ano até junho; veja também as ações americanas fora do radar que ajudaram a impulsionar os ganhos dos produtos

Bruna Furlani

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O rali registrado nas ações de empresas de tecnologia nos Estados Unidos levou índices americanos a novos recordes e incrementou os retornos de fundos posicionados nesses papéis ao longo do primeiro semestre, compensando a maré negativa que abalou o mercado acionário local.

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Enquanto o Ibovespa amargou perdas de 7,66% no primeiro semestre, fundos alocados em BDRs, ou seja, em recibos de ações estrangeiras negociadas na B3, apresentaram alta de até 34,39% entre janeiro e junho, ao passo que fundos posicionados em companhias americanas foram além e avançaram até 37,35% no mesmo período. Foi o caso do Access USA Companies FIA, produto que terminou o primeiro semestre na liderança entre os fundos de ações com maior alta.

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Os dados fazem parte de levantamento feito pela Economatica a pedido do InfoMoney. O estudo considerou veículos não exclusivos, com gestão ativa, patrimônio líquido médio superior a R$ 100 milhões em 12 meses e mais de 99 cotistas no fim do mês de junho. Fundos monoação (que investem em um único papel) ficaram de fora da pesquisa.

Confira a tabela abaixo com os fundos de ações com melhor retorno no ano até junho:

Fundos de ações com melhor retornoRetornos no ano (%)
Access Usa Companies FIA Ie37,35
Empiricus Tech Select FIA Bdr Nivel I34,39
Western Asset FIA Bdr Nivel I34,25
BB Acoes Globais Instit Bdr Nivel I FIA30,18
Bram Port FIA Global Equities Ie27,24
Fonte: Economatica. Obs.: Os retornos levam em conta dados até 28 de junho

Quem correu por fora

Christian Fay, gestor de renda variável da BNP Paribas Asset Management EUA, explica que entre os destaques que avançaram mais de 25% em dólar estão papéis menos badalados, como os da Taiwan Semiconductor Manufacturing Co., conhecida como TSMC (TSMC34), maior fabricante de microprocessadores do mundo; da First Solar (FSLR34), líder americana em tecnologia solar, e da fabricante de cosméticos Elf Beauty Inc (ELF).

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Papéis da Pure Storage Inc (P2ST34), empresa de hardwares que trabalha com o armazenamento de dados, engordam a lista, juntamente com as ações da Arista Networks (A1NE34) e outras. O executivo explica que há uma forte demanda no mercado por serviços de armazenamento e segurança de dados e que a Pure Storage é conhecida por ser um dos maiores provedores nesse setor, o que a coloca em destaque.

Consenso de 18 casas de análise nos Estados Unidos também está otimista com a ação, e projeta um preço-alvo médio em 12 meses de US$ 70,18, segundo informações da Nasdaq. Na véspera (17), os papéis encerraram o dia cotados em US$ 60,63.

As “sete magníficas”

A casa avalia também que os ganhos vistos em algumas das “sete magníficas”, tais como Alphabet (GOGL34), Amazon (AMZO34), Apple (AAPL34), Meta (M1TA34), Microsoft (MSFT34), Nvidia (NVDC34) e Tesla (TSLA34), trouxeram algumas cotações para perto dos preços-alvos da gestora. É o caso das ações da Apple, Nvidia e Tesla, explica Fay.

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O executivo, porém, defende que há outros papéis de companhias sólidas ainda longe do preço-alvo, como os da Amazon. Segundo ele, a empresa tem se destacado por meio dos serviços de computação em nuvem (AWS) e é muito forte nas regiões em que atua. “Eles são melhores do que qualquer um no que fazem. Todo mundo usa a Amazon. Todos gostam do Amazon Prime”, resume.

A Amazon também é uma das apostas dentro do BB Ações Globais Institucional BDR Nível I FIA, da BB Asset. O produto fechou o primeiro semestre com ganhos de 30,18% e ficou entre os cinco fundos de ações com melhor desempenho no período, impulsionado pelas ações da empresa, além dos papéis de Nvidia e Microsoft.

Maurício Schuck, head de fundos de ações da BB Asset, ressalta que companhias como a Nvidia são a “base de tudo” de vários clientes por desenvolverem placas gráficas e de processamento de alta performance. Após alta de quase 182% no ano até a última quarta-feira (17), Schuck diz não ver uma eventual perda de fôlego como algo negativo. “Pode ter uma queda expressiva, mas veríamos isso como oportunidade. Isso pode ser uma janela de entrada. É difícil ver outro player entrando para concorrer com a Nvidia globalmente”.

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A ação deu sinais de esgotamento na última quarta-feira (17), quando a Nvidia perdeu US$ 205 bilhões em capitalização, com um tombo de 6,62% na ação. As sete magníficas também sofreram e viram seu valor de mercado derreter US$ 1,11 trilhão no acumulado das últimas cinco sessões, conforme dados da Dow Jones Market Data.

Segundo especialistas, potenciais aumentos de tarifas e restrições podem ter pesado contra os papéis, além de um guidance mais baixo para o terceiro trimestre da ASML, companhia que projeta e fabrica máquinas que produzem microchips de computador.

Na visão de Schuck, uma eventual vitória de Trump implicaria em um cenário de maior inflação nos Estados Unidos, diante da tentativa de maior blindagem do país de importações da China e de um aumento do nearshoring (transferência de atividades comerciais para países geograficamente mais próximos à nação de origem da empresa), o que poderia encarecer os custos de produção para as empresas.

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Eleições e corte de juros: receita para volatilidade

O combo eleições e um eventual corte de juros por parte do Federal Reserve (Fed, banco central americano) são citados pelo profissional da BNP Paribas Asset Management EUA como fatores que poderão incrementar a volatilidade nos mercados acionários americanos no curto prazo.

Embora defenda que agentes financeiros tendem a ver a eleição de Trump como positiva para os ativos, Fay diz que há alguns setores que poderão sofrer mais do que outros se o resultado for de fato favorável para os republicanos. Seriam os casos, por exemplo, de companhias mais ligadas à energia verde, clima e veículos elétricos.

“Há uma percepção de que ele [Trump] poderá ir contra [esses setores], ainda que ele não vá. Isso vai depender bastante se o Senado e a Câmara irão para o lado republicano também”, observa o executivo, ao pontuar possíveis efeitos de uma eventual “onda vermelha” (cor utilizada pelos republicanos) em várias esferas de poder nos Estados Unidos.