BC interfere no câmbio quando há disfunções, diz Felipe Tâmega, da Absolute

O BC anunciou nesta semana um leilão de até US$ 1,5 bi no mercado à vista de câmbio

Equipe InfoMoney

Publicidade

O Banco Central têm feito intervenções apenas quando há disfunções no câmbio, algo que faz sentido e segue as políticas usuais da instituição, disse o economista-chefe da Absolute Investimentos, Felipe Tâmega, na sexta-feira (30), em entrevista ao InfoMoney durante a  Expert XP 2024.

“Eu acho que o Banco Central tem se pautado muito na ideia de que as intervenções são apenas em momentos de iliquidez muito grande, de disfunções do mercado cambial, como falta de liquidez, saídas muitos grandes ou coisas pontuais de taxas”.

Na quinta-feira (29), autarquia federal anunciou a realização de um leilão de até US$ 1,5 bilhão no mercado à vista de câmbio. Foi a segunda intervenção realizada pela instituição no segmento desde que Luiz Inácio Lula da Silva assumiu a Presidência, no início de 2023.

Continua depois da publicidade

Segundo Tâmega, a interferência desta semana aconteceu porque existia um fluxo do rebalanceamento do índice MSCI, que mede o desempenho de companhias de grande e médio porte com presença global e em países desenvolvidos.

Como algumas empresas entrando no índice têm ações lá fora, houve um fluxo de rebalancamento, com a venda de papéis aqui dentro e a compra de papéis no exterior, com volume estimado de cerca de R$ 1,5 bilhão.

“Então foi de fato uma interveção para fazer frente a essa saída atipica”, disse. “Do ponto de vista técnico, me parece fazer sentido e estar alinhado com a política de câmbio usual que o Banco Central faz”, completou.

Continua depois da publicidade

No início deste mês, o dólar chegou a flertar com os R$ 5,80, um patamar que não era visto desde 2020. Segundo o economista, os membros do BC até chegaram a discutir se valeria a pena agir de alguma forma, mas optaram por nada fazer, o que, na visão dele, foi o melhor caminho.

“Particularmente acho que foi acertada a decisão porque ali eram os fundamentos se deteriorando, e acho que não fazia sentido do ponto de vista do modus operandi tradicional do Banco Central intervir naquele momento”