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Apesar do pessimismo inicial do mercado, a temporada de balanços nos Estados Unidos começou bem, principalmente por causa dos resultados positivos dos grandes bancos do país, que superaram as estimativas dos analistas de Wall Sreet – o Morgan Stanley (MSBR34) que o diga.
Esse resultado respingou nas ações da maioria das instituições financeiras, empurrando também o Índice de BDRs (BDRX), indicador do desempenho médio das cotações dos BDRs não patrocinados, que no início desta semana subia quase 1% no acumulado de cinco dias, ante queda de 0,12% do Ibovespa.
Mas será que vale investir nesses gigantes do mercado financeiro americano agora?
De acordo com analistas, embora o resultado tenha agradado ao mercado, os bancos americanos podem enfrentar reduções nas margens de lucro por causa do corte de juros nos Estados Unidos em novembro, dado quase como certo pelo mercado, e isso deve ser levado em consideração na hora da alocação.
Os bancos ganham dinheiro com a diferença entre as taxas que cobram nos empréstimos e os juros que pagam aos depositantes, o famoso spread bancário. Quando os juros caem, o retorno com essas operações de crédito diminui, reduzindo também a margem.
“A queda de juros nos EUA tende a afetar os bancos americanos de várias maneiras, com uma redução nas margens de lucro como o principal impacto negativo. No entanto, a queda pode ser parcialmente compensada por um aumento na demanda por crédito, incentivos econômicos e outras formas de receita”, disse Bruno Rocio, CFP, assessor de investimentos da Raro Investimentos.
O peso do câmbio
Outro ponto que deve ser levado em consideração na hora de fazer investimentos em bancos gringos ou outras empresas no exterior, segundo Bernard Faust, sócio da One Investimentos, é o câmbio. Empurrado por dados da economia dos EUA, otimimismo com eleições e dúvidas sobre a política fiscal no Brasil, o dólar chegou a alcançar R$ 5,73 no início desta semana, preço que não era visto desde o início de agosto.
“Temos um dólar em um patamar bem elevado, principalmente depois das últimas semanas, período em que a gente entrou numa perspectiva mais agressiva frente ao descontrole fiscal, então a gente fica bem receoso em mandar dinheiro para fora no momento. O bom é mandar dinheiro para fora quando as coisas estão boas”, disse Faust.
Diversificação e dividendos
Apesar da possibilidade de queda nas margens de lucro e no câmbio, a exposição a BDRs de bancos americanos, principalmente quando a questão cambial for resolvida, pode ser uma boa alternativa, especialmente para investidores que buscam diversificação geográfica, segundo Faust. “É uma forma de se beneficiar de uma possível desvalorização do real ou valorização do dólar”.
Os bancões da terra do Tio Sam também são um bom veículo para investidores em busca de proventos. “São dividendos bem consistentes no mercado americano e a gente tem uma trajetória histórica bem favorável”, disse Faust. Rocio, da Raro, também falou que os ativos são “opções sólidas” para renda passiva, mas acha que REITs (os fundos imobiliários dos EUA) oferecem rendimentos mais altos e mais estáveis com dividendos.
Perfil de investidor
Para Rocio, os BDRs de bancos americanos são mais indicados para investidores com um horizonte de médio a longo prazo e um perfil mais agressivo. Embora os grandes bancos sejam estáveis, falou, os BDRs estão sujeitos a riscos globais, incluindo crises financeiras, flutuações nas taxas de juros e volatilidade nos mercados cambiais.
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“Investidores com uma maior tolerância ao risco podem estar dispostos a suportar esses desafios para ter acesso a possíveis retornos superiores e exposição ao mercado financeiro dos EUA”.
Veja os BDRs dos bancos americanos, preços e valorização dos últimos 30 dias: